ideia contemporânea de ser

Category: Termos chaves da Filosofia
Submitter: Murilo Cardoso de Castro

ideia contemporânea de ser

Na filosofia contemporânea, muitas têm sido as tentativas para conseguir alcançar uma Ontologia. Por exemplo, para Heidegger, há cinco espécies de ser:

1) o ser de nós mesmos - a existência (Existenz);

2) o ser das coisas que vemos, como as montanhas, os utensílios, etc;

3) o ser dos entes vivos;

4) o ser dos entes matemáticos, que sub-sistem, sem ser propriamente. Sem existir, sem subsistência de per se, o 2 é desdobrado em dois, pois ele considera que o ser dos instrumentos, que utilizamos, é um ser irredutível ao das montanhas que vemos. Todos esses seres são irredutíveis uns aos outros.

Essa divisão é explicada da seguinte forma: o homem utiliza instrumentos: primeira fase. Só se torna espectador deles, como cientista, estudioso, posteriormente. Não compreendemos essa irredutibilidade senão como resultado de uma atitude, de uma perspectiva.

Vejamos, agora Sartre: para ele, há duas categorias de ser:

1) o serem si;

2) o ser para si.

Jaspers já nos mostrou que, por ser o homem incapaz de ter uma visão total das coisas, a ideia de ser lhe é recusada, pois só conhece espécies de ser, o que torna impossível unificar a ideia de ser.

Tanto o materialismo de um lado, como o idealismo de outro, que tentaram nos dar uma visão unificada do ser, malograram. O que temos certeza é de uma multiplicidade de seres, diz ele.

Se recordamos Parmênides, notaremos desde logo que este, transforma o ser em sujeito universal de nossos juízos. É uma esfera perfeita. Os seres seriam apenas símbolos desse ser. Com Sócrates e Platão, o ser muda de lugar. De sujeito passa a ser atributo, o que leva ao problema da realidade das ideias. negativas, que mais adiante estudaremos.

Para Sócrates é o atributo, o que afirmamos como sendo.

O ser, para Platão, era escalar, pois quanto mais perfeita é uma coisa, mais é. O ser é assim atributo e perfeição.

Para Kant não é nem perfeição, nem atributo, mas sim verbo. Diz Kant que quando afirmamos que uma coisa é, não, ajuntamos nenhum atributo, nenhum predicado. O ser é apenas uma posição (Setzung), verbo.

Nada nos diz que na natureza as coisas sejam ordenadas segundo o esquema sujeito-predicado. Portanto, na proposição apenas, nada temos ainda do ser. Nada nos diz na natureza que, na realidade, alguma coisa corresponde a esse sujeito ser, a esse predicado ser, ou a esse verbo ser. Daí muitos considerarem o ser como uma ideia artificial, como Wahl.

No "Sofista", Platão nos disse que ser é dynamis, potência.

Para Wahl o ser é relação. Temos o sentimento do ser quando algo nos resiste. Essa resistência é uma realidade que se nos opõe.

Já não temos uma ideia do ser, mas um sentir do ser. A aceitação de um devir na natureza nega a estabilidade de um ser. (Opinião de Nietzsche, Bergson, Protágoras).

Platão, no entanto, ao aceitar o devir do ser (existir) admitia, atrás dele, algo estável, algo que sub-está. O ser, na filosofia, foi muitas vezes confundido com substância, que seria o sujeito acompanhado de seus atributos. Mostra-nos Bradley que, na realidade, não há distinção entre sujeito e atributos, que coincidem na coisa.

Sintetizemos – Ser:

como sujeito - qualitativo - extensivamente considerado.

como atributo - qualitativo - intensivamente considerado.

como verbo, relação, conexão - inerência, ação

O ser é o sujeito de todos os atributos e o atributo de todos os sujeitos, cuja consistência é ativa (ato, em seus graus, e em sua hibridez com a potência).

Todas essas posições encontrarão, nos próximos artigos, argumentos a seu favor, e refutações das mais variadas espécies, vindas de múltiplas direções. Antes, porém, torna-se necessário investigar certos aspectos que sobre eles se fundamentarão as análises mais exigentes. [MFS]

Submitted on:  Thu, 11-Jun-2009, 19:01