vegetal

Category: Termos chaves da Filosofia
Submitter: Murilo Cardoso de Castro

vegetal

É um organismo pluricelular e diferenciado que vive principalmente da utilização de energias (luz e calor) e de corpos inorgânicos, e que na realização da vida orgânica (desenvolvimento germinal, crescimento, reprodução) só dá mostras de irritabilidade, isto é, de atividade vital sem consciência sensitiva. — A planta como organismo é uma totalidade no ser e no operar com finalidade imanente fundada num fator natural autônomo (princípio vital, alma vegetativa). A irritabilidade constitui o modo peculiar por que todo organismo reage a influências (excitações) exteriores, pelo qual os efeitos imediatos da excitação são utilizados de maneira adequada a conservar a vida (teleologicamente). Exemplo: a luz produz diretamente aquecimento e processos químicos no protoplasma;, estes efeitos provocam (excitam) a p!anta a dispor de determinada forma as folhas e os cloroplastídios; o crescimento, a frutificação, etc, processos teleológicos endereçados à conservação da vida, têm aí sua origem primordial. — Irritabilidade pura, isto é, automática, significa que nada obriga a aceitar qualidades psíquicas (conscientes), p. ex., sentir, perceber, querer, pois cada reação da planta, — especialmente visível nos movimentos externos — encontra fundamento suficiente na natureza, na intensidade e direção da excitação, bem como também na estrutura mecânica dos órgãos receptores das excitações e na dos órgãos executores dos movimentos. Isto aplica-se tanto aos movimentos comuns a todas as plantas como aos especiais e particulares, p. ex., aos da "sensitiva" ("mimosa pudica"), aos das plantas carnívoras, etc.

No que diz respeito à formação dos órgãos, a configuração ou forma vegetal exige o desenvolvimento de superfícies exteriores assimiladoras, isto é, estende amplamente pelo meio ambiente os órgãos que estão ao serviço do metabolismo e da reprodução (ramos, folhas, flores e raízes). A folha ocupa o primeiro lugar na organização vegetal (o vegetal é, segundo Goethe, um conjunto de folhas). Pelo que, em oposição ao processo formativo dos órgãos dos animais (animal), que tende a desenvolver superfícies internas absorventes (o animal é uma configuração fechada), damos ao vegetal o nome de configuração aberta. Éste caráter manifesta-se também na formação de órgãos no vegetal, a qual não acaba no estádio embrionário, senão que prossegue ainda durante longo tempo e, a bem dizer, nunca cessa completamente. O vegetal vive só enquanto cresce e produz novos órgãos. Contrariamente ao que se verifica no animal, o vegetal possui, outrossim, em seus pontos vegetativos tecido embrionário capaz de proporcionar continuamente material orgânico. Singularmente característica do vegetal, enquanto configuração aberta, é também a carência de órgãos centrais para conduzir as excitações (p. ex., como o sistema nervoso dos animais) e levar a cabo o metabolismo. Finalmente, embora no vegetal as células individuais se encontrem frouxamente unidas entre si pelos plasmodesmas, cada célula está separada das restantes por meio de fortes paredes celulares e conserva por vezes grande independência. Todos estes rasgos fazem do vegetal o grau ínfimo de individualidade orgânica. — Frank-Haas. [Brugger]

Submitted on:  Mon, 11-May-2009, 20:43