(gr. epagoge; lat. inductio; in. Induction; fr. Induction; al. Induktion; it. Induzioné).
"A indução é o procedimento que leva do particular ao universal": com esta definição de Aristóteles (Top., I, 12, 105 a 11) concordaram todos os filósofos. O próprio Aristóteles vê na indução um dos dois caminhos pelos quais conseguimos formar nossas crenças; a outra é a dedução (silogismo) (An. pr., II, 23, 68 b 30). Além disso, atribuiu a Sócrates o mérito de haver descoberto os "raciocínios indutivos" (Met., XIII, 4,1078 b 28). Entre a indução e o silogismo, Aristóteles estabelece todavia uma grande diferença de valor. No silogismo dedutivo ("Todos os homens são animais; todos os animais são mortais; logo, todos os homens são mortais") o termo médio (animal) constitui a substância ou a razão de ser da conexão necessária entre os dois extremos: os homens são mortais porque São substancialmente animais. No raciocínio indutivo, entretanto ("O homem, o cavalo e o mulo «fio duradouros; o homem, o cavalo e o mulo são animais sem fel; logo, os animais sem fel são duradouros"), o termo médio (ser sem fel) aparece na conclusão, o que significa que ele não é um porquê substancial, mas um simples feto (An. pr., II, 23, 68 b 15). Portanto, a indução não tem valor necessário ou demonstrativo, conquanto seja mais clara que o silogismo; seu âmbito de validade é o mesmo do fato, ou seja, da totalidade dos casos em que sua validade foi efetivamente constatada. Pode, portanto, ser usada ‘ para fins de exercício, em dialética, ou com objetivos persuasivos em retórica (Rhet., I, 2, 1356 b 13), mas não constitui ciência porque a ciência é necessariamente demonstrativa (An. post., I, 2, 71 b 19). Na filosofia pós-aristotélica, os epicuristas julgaram que a indução era o único procedimento de inferência legítima, enquanto os estoicos negaram esse valor. Em De signis, de Filodemo, encontramos um relato preciso da polêmica que esse assunto provocou entre as duas escolas. Os estoicos diziam que não basta constatar que os homens que estão ao nosso redor são mortais para dizer que em qualquer lugar os homens são mortais; seria necessário estabelecer que os homens são mortais exatamente enquanto homens, para conferir necessidade a essa inferência (De signis, III, 35; IV, 10; De Lacy, Philodemus on Metbods of lnference, 1941, p. 31). O problema da indução já se apresentava nessa dificuldade proposta pelos estoicos. A eles os epicuristas objetavam que, desde que nada se oponha à conclusão, a generalização indutiva é válida (Ibid., VI, 1-14; XK, 25-36; De Lacy, pp. 34, 66). Sexto Empírico só fazia reexpor de forma mais radical a crítica dos estoicos, partindo da distinção entre indução completa e indução incompleta. "Uma vez que, partindo do particular, desejam confirmar o universal por meio da indução, farão isso percorrendo todos os particulares ou apenas alguns. Se alguns somente, a indução será incerta, sendo possível que ao universal se oponha algum dos particulares omitidos na indução. Se todos, estarão empreendendo um trabalho impossível, porque os particulares são infinitos e ilimitados" (Pirr. hyp., II, 204). Fora Aristóteles quem afirmara que a indução era feita a partir de todos os casos particulares possíveis (An. pr., II, 23, 68 b 29), enquanto os epicuristas haviam afirmado o valor da indução incompleta. Bacon, portanto, só fez retomar a alternativa epicurista quando declarou pueril a indução completa ou per enumerationem simplicem. "Esta indução pode ser derrubada por qualquer instância contrária; além disso, considera sempre as mesmas coisas e não atinge seu fim. Para as ciências, entretanto, é necessária uma forma de indução que escolha bem as experiências e conclua necessariamente, após as devidas exclusões e eliminações" (Nov. Org., Distrib. Op.). Esta forma de indução, que Bacon (embora com dúvidas) atribui a Platão (Ibid., 105), deve inverter a ordem da demonstração. Bacon diz — "Até agora era costume passar de chofre dos dados do sentido e das coisas particulares para as coisas gerais, como a polos fixos da disputa, inferindo depois todas as outras coisas destas, através das coisas intermédias. Esse é um atalho, excessivamente íngreme, pelo qual nunca se encontra a natureza, mas apenas questões. Ao contrário, os axiomas devem ser inferidos por graus sucessivos, chegando só no fim aos axiomas generalíssimos, que não são simples noções mas fatos bem determinados, sendo tais que a natureza os reconhece realmente como seus e inerentes à essência das coisas" (Ibid., Distrib. Op.). Em outros termos, para Bacon a certeza da indução consiste no fato de que, por fim, a indução redunda na determinação da forma da coisa natural, entendendo-se por forma "a diferença verdadeira, a natureza naturante ou fonte de emanação" que explique o processo latente e o esquematismo oculto dos corpos (Ibid., II, 1). Nesse sentido, a forma não passa da "substância" aristotélica: princípio ou razão de ser da coisa. Aristóteles achava que essa substância podia ser apreendida pelo procedimento silogístico, intuitivo-demonstrativo; Bacon acha que ela pode ser apreendida pelo procedimento indutivo que selecione e organize as experiências. Portanto, a verdadeira diferença entre Bacon e Aristóteles é que, para Bacon, a nova disciplina do procedimento indutivo por ele proposta (disciplina que consiste na formação de tábuas que selecionem e classifiquem as experiências e na instituição de experiências de verificação) permite atingir com certeza a substância, de que, segundo Aristóteles, a indução só pode aproximar-se de maneira incerta ou imprecisa e cuja necessidade só pode ser atingida pelo processo dedutivo. Graças a essa interpretação do procedimento empirista nos termos da metafísica aristotélica, Bacon pôde atribuir à indução incompleta a mesma "necessidade" que Aristóteles atribuía ao procedimento silogístico. Desse ponto de vista, o problema da indução, nos termos formulados pela crítica dos estoicos e de Sexto Empírico, nem sequer se apresentava. Por outro lado, o cartesianismo não estava interessado em propor o problema da indução, vendo nela a mesma função preparatória e subordinada que Aristóteles lhe atribuíra. A Lógica de Port-Royal diz: "A indução apenas nunca é um meio certo para se chegar à ciência perfeita porque a consideração das coisas particulares é apenas uma oportunidade para o nosso espírito prestar atenção às suas ideias naturais, segundo as quais julga sobre a verdade das coisas em geral. O que é verdade porque, p. ex., eu nunca teria tomado em consideração a natureza do triângulo, se não houvesse visto um triângulo que me deu ensejo de pensar no assunto; todavia não foi o exame particular desses triângulos que me levou a concluir de modo geral e certo que a área de todos os triângulos é igual à área do retângulo construído sobre sua base dividida por dois (visto que este exame é impossível), mas apenas a consideração do que está incluído na ideia de triângulo, que encontro no meu espírito" (Arnauld, Log., III, 19, § 9). Portanto, foi só depois que as ciências começaram a usar amplamente o procedimento indutivo, como aconteceu na segunda metade do séc. XVII, que o problema da indução como problema da validade do procedimento indutivo e do direito de usá-lo voltou a apresentar-se, sendo claramente exposto pela dúvida cética de Hume: "Todas as inferências extraídas da experiência supõem, como fundamento, que o futuro se assemelhará ao passado e que poderes semelhantes estarão unidos a qualidades sensíveis semelhantes. Se houvesse alguma suspeita de que o curso da natureza pudesse mudar e de que o passado não servisse de regra para o futuro, toda a experiência se tornaria inútil e não poderia dar origem a nenhuma inferência ou conclusão. É impossível, portanto, que argumentos extraídos da experiência possam provar a semelhança entre o passado e o futuro, visto que todos os argumentos desse tipo fundam-se na suposição dessa semelhança. Mesmo se admitindo que o curso das coisas sempre regular foi, só isso, sem nenhum argumento ou inferência nova, não prova que no futuro continuará assim" (Inq. Conc. Underst., IV, 2).
Foi nesses termos que se propôs com frequência o problema da indução no mundo moderno. Foram-lhe dadas três soluções fundamentais: 1) objetivista; 2) subjetivista; 3) pragmática. Esta última marca a passagem da concepção necessitarista (pressuposta pelas outras duas) para a concepção probabilista da indução.
1) A solução objetivista consiste em considerar a existência de uma uniformidade da natureza que admite a generalização das experiências uniformes. Esta solução é muito antiga, tendo sido sustentada por Filodemo em sua polêmica contra os estoicos: "Do fato de todos os homens que conhecemos serem semelhantes também no que se refere à mortalidade, inferimos que todos os homens, universalmente, estão sujeitos à morte, visto que nada se opõe a essa inferência ou nos mostra que os homens não são suscetíveis de morrer. Recorrendo a essa semelhança, declaramos que, com relação à mortalidade, os homens que não conhecemos pessoalmente são semelhantes aos que conhecemos por experiência". (De signis, XVI, 16-29; De Lacy, Ibid., pp. 58 ss.). Neste trecho, obviamente o direito à inferência indutiva fundamenta-se na uniformidade revelada pelas semelhanças. De modo análogo, no fim da escolástica, Duns Scot e Ockham baseavam a indução no princípio de causalidade. Duns Scot dizia: "Das coisas conhecidas por experiência digo que, embora não se tenha sempre experiência de todas as coisas particulares, mas apenas na maioria das vezes, quem experimenta sabe infalivelmente que assim é, sempre e em todos os casos, com base na seguinte proposição existente na alma: tudo o que deriva na maioria das vezes de uma causa não livre é o efeito natural dessa causa" (Op. Ox., I, d. 3, q. 4, n. 9); nesse trecho, efeito natural significa efeito uniforme porque necessário. Para Ockham, o fundamento da indução era o princípio: "Causas da mesma natureza (ratio) têm efeitos da mesma natureza" (In Sent., Prol, q. 2 G), e essa mesma solução era proposta no séc. XIX por Stuart Mill. O fundamento da indução é o princípio das uniformidades das leis naturais, e esse princípio é o mesmo de causalidade. Este, por sua vez, não podendo ser reduzido a um instinto infalível do gênero humano ou a uma intuição imediata, só pode ser produto de indução. "Chegamos a essa lei geral" — diz Stuart Mill — "através da generalização das muitas leis de generalidade inferior. Nunca teríamos chegado à noção de causação (no significado filosófico do termo) como condição de todos os fenômenos, se muitos casos de causação ou, em outras palavras, muitas uniformidades parciais de sucessão não se tivessem tornado familiares antes. A mais óbvia das uniformidades particulares sugere e torna evidente a uniformidade geral, e a uniformidade geral, uma vez estabelecida, permite-nos demonstrar as outras uniformidades particulares das quais resulta" (Logic, III, 21 § 2). A uniformidade da natureza, portanto, é uma simples indução per enumerationem simplicem. O círculo vicioso é evidente, e nele incide qualquer solução análoga para esse problema.
2) A segunda solução do problema da indução é subjetivista ou crítica, encontrando-se no kantismo. Foi proposta pelo próprio Kant como resposta à dúvida de Hume sobre a possibilidade da generalização científica; consiste em admitir a uniformidade da estrutura categorial do intelecto e, por isso, da forma geral da natureza que dele depende. Kant diz: "Toda percepção possível, portanto tudo aquilo que pode chegar à consciência empírica — isto é, todos os fenômenos "da natureza quanto à sua unificação —, estão submetidas às categorias, das quais depende a natureza, considerada simplesmente como natureza em geral, assim como ao princípio originário de sua necessária conformidade a leis (qual natura formaliter spectata). Mas nem a faculdade pura do intelecto chega a prescrever, apenas mediante categorias, mais leis além daquelas sobre as quais repousa uma natureza em geral como regularidade dos fenômenos no espaço e no tempo." Portanto, as leis particulares devem ser extraídas da experiência (Crít. da R. Pura, § 26). Isso significa que, em sua conformidade às leis, em . sua uniformidade, a natureza depende das categorias, ou seja, da estrutura uniforme do intelecto, e que, portanto, a uniformidade ou leis que podem ser encontradas na experiência estão garantidas pela uniformidade da forma comum (intelecto-natureza). Esta doutrina é simetricamente oposta à da uniformidade natural, mas seu significado é o mesmo. Em Lachelier encontra-se uma transcrição em termos espiritualistas da mesma tese fundamental (Fundamento da Indução, 1871): a possibilidade da indução apoia-se na organização finalista do universo, ou seja, no fato de que a ordem da natureza é estabelecida pelo espírito (Fondement de l’induction, Paris, 1907, p. 12). A este tipo de solução reduzem-se todas as justificativas espiritualistas ou idealistas.
3) A justificação pragmática foi proposta na filosofia contemporânea quando se reconheceu a impossibilidade de uma justificação teorética, mas não se chegou a negar a legitimidade do problema, ou seja, da procura de justificação. A justificação foi buscada na interpretação probabilista da indução A mais simples expressão da regra da indução probabilista talvez seja a de Kneale: "Depois de observarmos certo número de coisas a e de descobrirmos que a frequência das coisas beta entre elas é ƒ concluímos que P (alfa, beta) = ƒ ou seja, que a probabilidade de uma coisa a ser beta deve ser ƒ’’ (Probability and Induction, Oxford, 1949, p. 230). Expressões mais complicadas que a própria regra são encontradas em Lewis (Analysis of Knowledge, 1946, p. 272) e em Reichenbach (Theory of Probability, 1949, p. 446; cf. Experience and Prediction, Chicago, 1938, pp. 339 ss.). Mas todos equivalem a dizer que, quando determinado caráter recorre em certa proporção das amostras examinadas, pode-se supor que essa proporção vale para todos os outros exemplos do caso, salvo prova em contrário. Quando a proporção é igual a cem por cento das amostras examinadas, quando o caráter em questão ocorre em todas, tem-se a generalização uniforme ou completa. É o que acontece quando se afirma que "todos os homens são mortais" porque o fato de ser mortal esteve constantemente unido ao fato de ser homem. Por outro lado, quando o valor numérico dessa proporção é tomado como medida da possibilidade de que o caráter em questão reapareça em novo exemplo, tem-se um juízo de probabilidade . Obviamente, a generalização completa e o juízo de probabilidade são aspectos da generalização estatística. Em vista disso, a justificação da indução, do ponto de vista pragmático, pode ser feita asseverando-se: d) que a indução é o único meio de obter previsões; b) que ela é o único meio suscetível de autocorreção.
a) Kneale diz: "A indução primária é uma diretriz racional não por ser certo que ela leve ao sucesso, mas porque é a única maneira de tentarmos fazer aquilo de que necessitamos: previsões exatas" (Op. cit., p. 235). Contra esse argumento, que é aceito por muitos (cf., p. ex., Reichenbach, op. cit., p. 475), Black observa que, se a indução é o único meio de obter previsões, o sucesso dessas mesmas previsões não a confirma, assim como o seu insucesso não a refuta (Problems of Analysis, 1954, pp. 174 ss.). E Black observa que esse argumento, assim como o outro análogo, de que a indução é o único método para verificar os outros métodos de previsão, tem a pretensão de justificar dedutivamente a indução, de justificá-la com base em argumentos que, como seus próprios proponentes reconhecem (Reichenbach, op. cit., p. 479; J. O. Wisdom, Foundations of lnference in Natural Science, 1953, P- 229), têm caráter analítico ou tautológico. Os argumentos genuinamente práticos — observa ainda Black — não são dedutivos. Na vida quotidiana, numa situação que exige decisão, os indícios indicam com certo grau de segurança a ação que será mais adequada, mas ela não é dedutível daquela indicação e tampouco a conduta contrária implica contradição (Problems of Analysis, p. 185). Portanto, esse tipo de argumentação não tem valor como justificativa do procedimento indutivo.
b) O segundo argumento fundamental para a justificação prática da indução é sua capacidade de autocorreção. Peirce foi o primeiro a falar nesse caráter, discernindo nele a própria essência da indução (Coll. Pap., 2729). E Reichenbach disse: "O procedimento indutivo tem o caráter de um método de tentativa e erro projetado de tal forma que, nas séries que tenham um limite de frequências, ele leva automaticamente ao sucesso num número finito de etapas. Pode ser denominado um método autocorretivo ou assintótico" (Op. cit., p. 446, § 87; cf. Kneale, op. cit., p. 235). Contra esse argumento Black observou que o termo autocorretivo não é exato, visto ser verdadeiro que a indução inclui a possibilidade constante de revisão, mas, para dizer que as revisões são correções, seria necessário que elas fossem progressivas, ou seja, dirigidas para uma única direção e na direção apropriada. Mas é exatamente essa segurança que falta (Problems of Analysis, p. 170). Pode-se admitir, com Black, que nem esse argumento é realmente uma "justificação" da indução no sentido universal ou dedutivo da palavra "justificação", mas que a possibilidade de autocorreção é caráter do procedimento indutivo, assim como de todo procedimento científico, é coisa que não se pode pôr em dúvida; ademais, é o caráter a que o próprio Black recorre para caracterizar o método científico (Op. cit., p. 23). A revisão, que a indução possibilita e à qual, aliás, todo o seu procedimento está intrinsecamente subordinado, é correção no sentido preciso do termo, ou seja, eliminação dos erros revelados pelo próprio procedimento. Uma modificação que não fosse revisão ou correção nesse sentido não seria exigida e realizada pela indução. Com tudo isso, o estado atual do problema da indução parece bem expresso pela conclusão de Black, de que não só é impossível justificar a indução, mas também que seu problema carece de sentido, se por justificação se entende a demonstração da validade infalível do procedimento indutivo. "Insistir em que deve haver uma conclusão seria como dizer que, se um bom jogador de xadrez conhece os movimentos a serem feitos numa partida de xadrez, ele também deve ser capaz de conhecer os movimentos a serem feitos num tabuleiro com uma só peça. Mas este não é um problema de xadrez e nada há que o jogador de xadrez possa resolver. O problema daquilo que devemos inferir quando sabemos apenas que alguns A são B não é um problema indutivo genuíno e não há modo de resolvê-lo a não ser reconhecendo que seria inoportuno tentá-lo" (Op. cit., pp. 188-89; cf. Language and Philosophy, 1952, cap. II). Em outros termos, o problema da indução em geral, assim como o problema de inferir o futuro do passado ou os casos não observados dos casos observados, não têm sentido por falta de dados. Se esses dados forem fornecidos, não haverá mais problema de indução, mas problemas pertencentes aos domínios de cada ciência. Deve-se acrescentar, todavia, que a eliminação do problema da indução em sua forma clássica não exime o filósofo de analisar os procedimentos indutivos empregados por cada ciência, de confrontar tais procedimentos e de fazer as generalizações que possam surgir desse confronto. Está claro, porém, que essa ordem de investigação, não empreendida até hoje, nunca levará à justificação da indução, que, se fosse alcançada, teria como efeito imediato a eliminação de todos os riscos dos procedimentos indutivos e a redução destes procedimentos à certeza e à necessidade dos procedimentos dedutivos. Na realidade, os procedimentos científicos e, em geral, os comportamentos e as diretrizes racionais do homem consistem em limitar o risco, em torná-lo calculável, não em eliminá-lo. Portanto, os problemas filosóficos não podem ser colocados de forma que sua solução significaria a eliminação do risco. O caráter quimérico de semelhante impostação faz ver, melhor que qualquer outra coisa, a ilegitimidade do problema da justificação da indução. [Abbagnano]