[...] A essência do enunciado [Wesen der Aussage] está no logos presentificador e indicador [aufweisenden und aufzeigenden]. O enunciado é um tipo de falar muito especial – diferente da fala no sentido do ordenar, do exigir, do pedir, do louvar, do propor, do repreender.
O logos enunciativo diz como uma coisa é e como se comporta. Por conseguinte, a lógica [Logik] trata deste enunciar. Tal enunciar é pronunciado, anunciado e repetido por outros. Os enunciados pronunciados são depositados em frases. Estas podem também [37] ser escritas e conservadas naquilo que está escrito. O logos é então, em certo sentido, algo que, tal como as árvores, os montes, as florestas, etc., sempre há, algo que está presente [vorhanden], que é susceptível de ser encontrado.
Os enunciados podem assim ser captados imediatamente e compreendidos na reflexão. Pode-se dizer que aspecto tem um tal enunciado enquanto enunciado. Em tal definição, crescem um determinado conhecimento do enunciado, a descoberta da sua boa execução e um ser versado, por exemplo, em argumentar e contra-argumentar: numa contenda, permanecer, no modo de dizer, à altura do outro.
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O enunciado é primeiramente tomado como algo presente [Vorhandenes], como uma coisa susceptível de ser encontrada [vorfindliches Ding]. Ele depara-se-nos primeiro numa frase pronunciada, por exemplo: “O céu está encoberto.” A frase, enquanto articulação de palavras, pode ser decomposta nas seguintes palavras: “céu”, “encoberto”, “está” – palavras a que correspondem determinadas representações. [tr. Pacheco e Quadrado; GA38:1-2]