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universidades

Definition:
Como instituições, as universidades são uma criação medieval. A palavra universitas, significando “instituição autônoma”, aplicava-se regularmente às guildas e até as Comunas, e é indicativo do caráter original das universidades que elas tenham adotado primeiro esse nome e depois apropriado-se dele. As primeiras universidades foram, com efeito, guildas, comunidades de mestres responsáveis pela concessão de graus e admissão de homens em profissões, ou comunidades de estudantes. Gradualmente, a totalidade do que seria agora chamado universidade — o studium, como era denominado — passou a estar sob controle externo; mas o impulso inicial foi independente.

Os primeiros sinais de que a educação superior estava ficando institucionalizada aparecem no século XII. C.H. Haskins observou que “em 1100 a escola seguia o professor; por volta de 1200, o professor seguia a escola”. Em Paris, a fama de Abelardo, Hugo de Saint-Victor e outros tinha atraído um crescente número de estudantes, e quando eram mais do que a escola da catedral poderia comportar, escolas rivais foram criadas na Rive Gauche. Os mestres reuniam-se numa tentativa de controle da qualidade e tipo de ensino, e nisso se defrontaram com o primeiro adversário, o chanceler da catedral de Notre-Dame, tradicional concedente da licença para lecionar. Essa luta refletiu-se nas relações entre estudantes universitários e culminou nos motins do Carnaval do ano letivo de 1228-29, quando a universidade acabou sendo fechada por dois anos.

Os professores saíram desse episódio com muito maior controle sobre a licença; um importante passo tinha sido dado ao alijarem os bispos da noção de que detinham o monopólio do controle sobre a educação. Mas seguiu-se uma outra controvérsia que dominaria o século XIII (e impeliria a universidade para uma base constitucional mais sólida), com a chegada a Paris dos frades mendicantes, e suas tentativas para isentar os estudantes do curso “básico” de artes. A razão disso era, pelo menos em parte, a desconfiança dos frades em relação a um curso de artes de orientação aristotélica; e assim, a controvérsia em torno da estrutura das universidades foi paralela à controvérsia sobre a absorção de Aristóteles no sistema cristão.

A estrutura parisiense tornou-se rapidamente o modelo para outras universidades do norte da Europa. Uma importante variante foi Oxford e, pouco depois, Cambridge; aí, a fundação de colégios residenciais onde tinha lugar a instrução encorajou o desenvolvimento do sistema preceptorial que se mantém até hoje (a maioria dos colégios europeus eram, basicamente, pensionatos).

Em Bolonha, a organização era muito diferente. A reputação de Bolonha como um centro de direito (Irnério, Graciano, Acúrcio etc.) cresceu ao mesmo tempo que a de Paris em relação à teologia, e atraiu estudantes mais velhos, leigos e, em sua maioria, mais ricos, que estavam menos inclinados a aceitar o controle dos mestres. O clima político conturbado da Itália, com seus conflitos urbanos endêmicos, colocava também os cidadãos estrangeiros em desvantagem e, antes de 1200, aí se desenvolveram associações de estudantes por áreas de estudo e, dentro de cada uma delas, por nações, que usaram seu poder coletivo de barganha para obter um extenso controle sobre seus empregados, os professores. Os estatutos dessas “universidades estudantis” indicam que os estudantes exerciam o controle do programa de ensino, multando aqueles que não lecionassem de acordo com o desejado, ou com um mínimo requerido de ouvintes, e exigindo um juramento de obediência dos doutores, assim como dos fornecedores de livros e até mesmo dos senhorios.

Numerosas pressões levaram a que esse sistema não durasse muito. Em seu crescimento e no estabelecimento de suas constituições e direitos, Paris e Bolonha tinham-se beneficiado consideravelmente com o apoio papal e imperial. O imperador, empenhado em proteger o desenvolvimento do direito romano, concedera importantes privilégios em Authentica Habita (1155), enquanto que o papa, que tradicionalmente se via como guardião da educação, apoiou a autonomia de ambas universidades (e, em especial, a regulamentação dos graus). Quando o número de universidades recrudesceu e a influência constitucional de Paris e Bolonha se espalhou, o sistema foi gradual mas fundamentalmente transformado. Foi então a vez das forças locais. Na Itália, as universidades fundadas por Comunas tinham professores na folha de pagamentos destas; Bolonha em breve seguiu esse exemplo. O “poder estudantil”, privado de boa parte de sua raison d’être, declinou e, em muitos lugares, subsistiu apenas como uma formalidade. Também em outras cidades e países as universidades foram fundadas através da iniciativa local, quase sempre da Coroa, e organizadas como ramos da administração local. De cerca de 70 Universidades existentes por volta de 1500, somente as mais antigas e mais poderosas retinham considerável independência. O sistema universitário já estava largamente “domado”, 200 anos após sua criação.

As universidades passaram a desempenhar um papel crucial na vida intelectual, política e social da Europa. Sua influência política é evidente no modo como o crescimento da Universidade de Paris e o da cidade como capital, no século XIII, estão estreitamente correlacionados; no modo como as universidades eram assiduamente consultadas sobre opiniões jurídicas durante o Grande Cisma; e no modo como a Universidade de Praga atuou como centro do nascente movimento boêmio de reforma no tempo de Huss. Isso era natural, uma vez que as universidades dominavam muitos campos profissionais. O treinamento administrativo era preponderantemente vocacional: um grau em artes era preliminar para a obtenção de um grau superior em teologia, direito ou medicina, e o syllabus refletia isso. Por exemplo, havia um predomínio de lógica em Paris, onde o curso de artes era mais frequentemente um preliminar para a teologia, ao passo que em Bolonha, a “filosofia” um preliminar para a medicina, consistia principalmente em textos médicos de Aristóteles. A influência intelectual da universidade estendia-se, é claro, além do ensino formal; o mito de que as universidades se colocaram em oposição ao movimento humanista do início da Renascença, por exemplo, está sendo demolido na medida em que os historiadores se dão conta de quantos humanistas receberam treinamento universitário, quantos lecionaram nelas e como seus interesses se insinuaram e gradualmente alteraram o âmbito dos cursos oferecidos e o modo como as matérias tradicionais eram ensinadas.

Os maiores contrastes com o sistema moderno relacionam-se com o caráter das universidades medievais como corporações para treinamento profissional. Um grau era, pelo menos no início, uma licença para ensinar, e esse fato reflete-se na espécie de treinamento que as universidades forneciam — com o debate público e o ensino de aprendizes desempenhando papéis proeminentes — e na extensão dos cursos de graduação (16 anos para um doutorado em teologia, além do grau preliminar em artes). Isso significava que comparativamente poucos estudantes levavam seus estudos até a fase final de graduação. Uma consequência era a grande flexibilidade no tocante à frequência e a grande mobilidade entre universidades. Quando a importância da graduação como qualificação profissional aumentou, essa mobilidade foi mantida pela intensa competição entre universidades. A velha tradição do estudante errante recebeu assim um novo estímulo. O conceito de comunidade de saber combinou-se com as tradições locais de cerimonial e ritual universitários para criar um poderoso mito acerca das tradições e liberdades acadêmicas, o que forneceu uma certa compensação para o controle e a orientação profissional cada vez mais rígidos das universidades. Ver educação; Roberto de Sorbon [DIM]

Submitted on 26.10.2009 20:00
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