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Léxico Filosofia

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observação

Definition:
(in. Observation; fr. Observation; al. Beobachtung).

Verificação ou constatação de um fato, quer se trate de uma verificação espontânea ou ocasional, quer se trate de uma verificação metódica ou planejada. A observação foi algumas vezes restringida ao primeiro significado; neste caso, contrapõe-se a experiência ou experimentação como verificação deliberada ou metódica (cf. C. Bernard, Introduction à l’étude de la medicine expérimentale, 1865,1, cap. 1). Outras vezes foi restringida ao segundo significado, caso em que se contrapõe a experiência ingênua, primitiva, comum ou ocasional (nesse sentido, este termo é empregado habitualmente na linguagem científica contemporânea). Em vista disso, é possível estudar ambos os significados, distinguindo: 1) observação natural, em que as condições da observação não são planejadas ou planejáveis; e 2) observação experimental (ou experimentação), que é a observação planejada, caracterizada pela aferição das variáveis. Neste segundo tipo de observação, pode-se agir sobre a variável independente e estudar o comportamento correspondente da variável dependente, ou seja, da função vinculada.

Qualquer observação, seja natural ou experimental, apresenta a divisão entre sistema observante e sistema observado. A validade desta divisão foi posta à prova (e reconfirmada) pela física quântica, a propósito das relações de indeterminação , ou seja, da ação que o sistema observante exerce sobre o sistema observado. Bohr e Heisenberg mostraram que, ao mesmo tempo que o limite entre sistema observante e sistema observado não é rígido — no sentido de serem possíveis descrições diferentes de um mesmo fenômeno em que esse limite mude (cf. Bohr, "Wirkumsquantum und Naturbeschreibung", em Naturwissenschaften, 1929 [26], pp. 484-85) —, se ele faltar, também faltará o caráter físico do sistema. Pode-se evitar calcular a ação perturbadora do sistema observante incluindo-o no cálculo. Mas como mesmo assim resta a indeterminação a respeito da observação do sistema observante, seria preciso incluir no sistema observado nossos olhos também. Neste caso — nota Heisenberg — "só se poderia tratar quantitativamente a cadeia de causas e efeitos quando se considerasse o universo inteiro como parte do sistema observado, mas então a física desapareceria, ficando apenas um esquema matemático. A subdivisão do mundo em sistema observante e sistema observado impede assim a nítida formulação da lei causal" (Die physikalischen Prinzipien der Quantentheorie, 1930, IV, § 1). Como observa o próprio Heisenberg, por "sistema observante" não se deve entender necessariamente o observador humano, visto que por este se pode entender também uma chapa fotográfica ou um aparelho qualquer. Portanto, a divisão entre sistema observante e sistema observado, que a física julga indispensável para dar significado físico (não puramente matemático) a seus enunciados, não equivale à distinção filosófica tradicional entre objeto e sujeito, à qual, por outro lado, também se opõe a afirmada mobilidade do limite de demarcação entre os dois sistemas. [Abbagnano]


A percepção atenta. — A observação é a pesquisa das características diferenciadoras de uma coisa e, nessa qualidade, o primeiro momento de qualquer conhecimento científico. (Segundo Bacon e S. Mill, seu segundo momento é a "hipótese", pela qual passamos da observação dos "fatos" à enunciação da "lei"; o terceiro momento é o da "verificação".) Diferencia-se a observação natural, que consiste simplesmente em perceber-se as coisas (a observação dos fatos naturais contrapõe-se à experimentação), da observação científica, que consiste em ler-se instrumentos de mensura (termômetro, barômetro etc.) e que implica num certo interesse e em certos conhecimentos: a observação nunca é passiva, e só notamos as coisas ou as características em função de nossas disposições mentais e de nossos conhecimentos. Devido a isso, existe mais uma simples diferença de grau do que uma diferença de natureza entre a observação natural e a observação científica. [Larousse]


No sentido estrito, uma experiência é um processo pelo qual se busca pôr em evidência, fazendo variar as circunstâncias de maneira controlada, o modo de intervenção de uma ou outra variável, em princípio isolável. No final, uma experiência sempre conduz a observações cujos resultados são expressos em proposições empíricas a que se poderia chamar proposições observacionais. Existe uma filosofia, o empirismo estrito, para a qual estas proposições exprimem diretamente um dado. Este dado é um conteúdo de percepção; é considerado como instância última da verdade científica. O ponto de vista reducionista, tratado acima, está vinculado a esta filosofia empirista: o alcance dos processos redutores está, de fato, em converter finalmente toda a linguagem científica em proposições observacionais. Conforme esta maneira de ver, a significação das proposições empíricas lhes advém inteiramente daquilo que é fornecido pela percepção, passando das proposições empíricas às proposições teóricas, afinal introduzidas somente por comodidade da linguagem.

Ao que tudo indica, esta concepção deve ser criticada. Na realidade, as proposições observacionais não exprimem diretamente o dado observado, mas sim a maneira como este dado perceptivo é interpretado. Ora, toda interpretação é inevitavelmente relativa a um quadro conceptual de interpretação, ou seja, a uma teoria. Não há outro meio para exprimir, numa proposição, um conteúdo dado na experiência, senão utilizando, desde o início, um instrumento interpretativo que é necessariamente de ordem teórica. A este propósito, Feyerabend forneceu uma demonstração lógica que parece muito convincente ("Problems of empiricism", in Robert G. Colodny (editor), Beyond the edge of certainty, Englewood Cliffs, N. J., Prentice Hall, 1965, pp. 145-260). Consideremos um fenômeno P, isto é, um acontecimento do mundo percebido por nós. E consideremos, por outro lado, uma proposição S exprimindo este fenômeno. Do ponto de vista empirista estrito, supõe-se que a significação desta proposição é adequadamente e apenas determinada pelo fenômeno P. Será preciso indagar como é possível à proposição S ser adequada ao fenômeno que ela exprime e de que modo se pode conhecer esta adequação. Se nos situarmos num ponto de vista estritamente empirista, naturalmente poderemos pensar em compreender esta adequação em termos somente fenomenais. Será preciso, portanto, invocar um segundo fenômeno R, indicando que a proposição S é adequada ao fenômeno P. Como nos assegurarmos, porém, de que este fenômeno R é pertinente, que é adequado à situação, isto é, que é efetivamente capaz de nos mostrar que a proposição S é adequada ao fenômeno P? Se quisermos permanecer fiéis ao ponto de vista empirista estrito, será necessário invocar um terceiro fenômeno T, exprimindo a pertinência de R. Percebe-se que estaremos, assim, envolvidos em um "regressus ad infinitum".

Feyerabend daí conclui que a teoria estritamente empirista das proposições observacionais deve ser abandonada e propõe substituí-la pelo que denomina uma teoria pragmática da observação. Sem dúvida, as proposições observacionais devem ser distintas das proposições teóricas. Mas, se esta distinção existe, não é porque elas constituem a expressão adequada de um conteúdo perceptivo, mas sim, em razão das circunstâncias de sua produção. O que diferencia as proposições observacionais das proposições teóricas é a natureza particular do contexto operatório no qual são elaboradas. A hipótese de base da epistemologia de Feyerabend é que existe um mundo real objetivo que contém o observador e cuja natureza é tal que, entre nossas sensações e os eventos do mundo, existe um elevado grau de correlação. Sensações e percepções são simplesmente indicadores: têm um papel, portanto, inteiramente análogo ao dos instrumentos físicos. Assim como o resultado fornecido por um instrumento deve ser interpretado, assim também nossas sensações e percepções devem ser interpretadas. Portanto, as proposições observacionais que lhes correspondem são, na realidade, interpretações. Mas, toda interpretação pressupõe critérios. Entre os critérios que se escolherá para as proposições observacionais, será particularmente adotado o seguinte: a interpretação adotada deve tornar impossível a manutenção indefinida de uma proposição de fato. Vale dizer que nenhuma proposição observacional pode ser considerada como uma proposição última, irreformável. Segundo a teoria pragmática da observação, não há núcleo observacional irredutível.

Mas, assim sendo, encontramo-nos diante de um círculo. Poderíamos chamá-lo círculo metodológico das ciências empírico-formais. Com relação ao domínio estudado e submetido à observação, a teoria se apresenta como um a priori. Não é o resultado de uma indução; é uma estrutura lógica que se apresenta provisoriamente como válida e que deve ser posta à prova. Ademais, esta estrutura é comandada por princípios extremamente gerais (como os princípios de conservação ou os princípios variacionais nas teorias físicas), cuja validade é aceita em nome de uma espécie de crença racional na inteligibilidade do mundo. Quanto ao seu conteúdo, estes princípios mesmos exprimem uma pré-compreensão do domínio estudado, que é fundada sobre uma familiaridade com ele, ao mesmo tempo em que ultrapassa o que dele já é conhecido. Por isto, eles nos conduzem a um momento de doação, a um encontro prévio entre o sujeito científico e o mundo. Por outro lado, a escolha de um certo formalismo impõe, ipso facto, um determinado modo de acesso ao objeto, por intermédio de regras de correspondência que indicam como podemos associar uma interpretação teórica às proposições de observação e que nos permitem igualmente, partindo de ideias teóricas, elaborar planos de experiência. Assim, o objeto é alcançado através de um instrumento de interpretação.

Estamos, pois, às voltas com um círculo: a construção das teorias pressupõe uma pré-compreensão do objeto e, portanto, uma doação original, ao passo que, por outro lado, o objeto só nos é dado pela mediação de uma interpretação. Este círculo tem, sem dúvida, um caráter histórico. De fato, passa-se de uma teoria mais elementar a uma teoria mais elaborada. No fundo, porém, não se sai jamais da linguagem e a linguagem tem sempre um caráter teórico. Contudo, a passagem da pré-compreensão à teoria formalizada não é inútil. À pré-compreensão, a formalização acrescenta a inteligibilidade da operação; a pré-compreensão recebe, assim, uma articulação e uma clareza que por si mesma não tinha.

Num sentido, podemos dizer que o processo empírico-formal é uma decifração de signos. Se a observação desempenha apenas o papel de um indicador, a teoria deve ser comparada a um ressoador. Não dispomos de outro meio de conhecer a realidade senão reinventando-a. Mas, naturalmente não podemos saber, de antemão, se o instrumento de interpretação que propomos é conveniente. Em suma, a teoria representa tão somente um mundo possível. Trata-se, porém, de saber o que se passa com o mundo real. Para tanto, é preciso fazer intervir o momento empírico, isto é, a colocação à prova. Entretanto, só podemos observar uma pequenina parte do imenso oceano dos fatos, só tocamos alguns pontos do contínuo real. Tentamos precisamente saber se existe ressonância entre a realidade e nosso aparato conceptual. Se constatamos tal ressonância, temos o direito de pensar na possibilidade de que nossa teoria seja correta, pelo menos para um certo domínio. Mas, evidentemente, isto jamais passa de uma presunção. De todo modo, a teoria não é uma imagem do mundo, mas apenas uma reconstrução conjectural da realidade. [Ladrière]

Submitted on 21.10.2010 12:00
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