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Léxico Filosofia

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jogo

Definition:
(gr. paidia; lat. Jocus; in. Play, Game; fr. Jeu; al. Spiel; it. Giocó)

Atividade ou operação que se exerce ou se executa por si mesma, e não pela finalidade à qual tende ou pelo resultado que produz. Por este caráter Aristóteles aproximou o jogo à felicidade e à virtude, pois essas atividades também são escolhidas por si mesmas e não são "necessárias", como as que constituem o trabalho (Et. Nic, X, 6, 1176 b 6). Esse conceito permaneceu substancialmente inalterado. O próprio Kant não faz outra coisa senão reproduzi-lo ao dizer que o jogo é "uma ocupação por si só agradável e não necessita de outro objetivo", contrapondo-o ao trabalho, que é "uma ocupação por si desagradável (penosa) que atrai apenas pelo resultado que promete (p. ex., a remuneração)" (Crít. do Juízo, § 43). Mas Kant foi também o primeiro a empregar filosoficamente o conceito de jogo assim entendido, ligando-o estreitamente à atividade estética. Ele escreveu: "Todo jogo variado e livre das sensações (que não vise a um objetivo) produz prazer porque favorece a sensação de saúde, haja ou não em nosso juízo racional prazer pelo objeto ou mesmo fruição" (Ibid., § 54). Os jogo podem ser divididos em jogo de sorte, que exige um interesse, jogo musical, que supõe apenas a variação das sensações, e jogo de pensamentos, que é o jogo propriamente estético (Ibid., § 54). Kant ressaltou a função biológica do jogo, que serve para manter desperta e reforçar a energia vital na competição com as demais energias do mundo. Diz.- "Dois jogadores pensam estar jogando um com o outro; na realidade, é a natureza que joga com ambos; e a razão pode convencer-se quando refletimos em como os meios escolhidos dificilmente se adaptam ao objetivo" (Antr., § 86). Essas observações foram frequentemente difundidas e ampliadas pelo pensamento moderno. Schiller diz: "O animal trabalha se o móbil de sua atividade é a falta de alguma coisa; e brinca se o móbil é a plenitude de sua força, se é estimulado à atividade pela exuberância de vida" (Über die aesthetische Erziehung des Menschen, 27). O ivertimento não é estranho nem à natureza inanimada: a superabundância de raízes, ramos, folhas, flores e frutos de uma árvore, em comparação com o que é necessário para a conservação da própria árvore e de sua espécie, é o divertimento da natureza vegetal. "Da pressão da necessidade ou da seriedade física, através da pressão da exuberância, ou seja, do jogo físico, a natureza passa ao jogo estético e, antes de elevar-se, acima dos vínculos das finalidades, à sublime liberdade do belo, aproxima-se pelo menos um pouco dessa independência no livre movimento, que é fim e meio para si mesmo" (Ibid., 27). O conceito, já expresso por Kant, de que o jogo tem a função biológica de adestrar para as atividades vitais, que garantem a conservação do organismo, torna-se lugar-comum na filosofia e na pedagogia do séc. XIX. Para a formação desse lugar-comum contribuiu muito aquela espécie de metafísica do jogo de inspiração romântica, mais precisamente em Schelling, que Froebel usou como base para a sua teoria da educação. Para Froebel, o jogo está para a criança assim como o trabalho está para o homem e a criação está para Deus: é a manifestação necessária da atividade da criança assim como o trabalho é para o homem e a criação, para Deus (Die Menschenerziehung, 1826, § 23). Portanto o jogo infantil não é um passatempo: as disposições futuras do homem, tanto com relação às coisas quanto com relação aos outros homens, formam-se na primeira infância, através do jogo E Froebel propõe que toda a educação da primeira infância se desenvolva através do jogo, do qual deu minuciosa regulamentação. Mesmo sem levar em conta os pressupostos metafísicos da doutrina de Froebel, a pedagogia moderna e contemporânea atribuiu ao jogo um caráter privilegiado de condição ou instrumento da formação humana básica, enquanto a psicologia e a antropologia lhe atribuíram função biológica e social, ou seja, utilidade para a conservação do homem e da sua adaptação à sociedade, ao mesmo tempo em que a estética reconheceu nele analogia com a atividade artística. As análises de Groos sobre o jogo basearam-se nesses conceitos (Die Spiele der Menschen, 1889; Die Spiele der Tiere, 1896). Groos também utilizou esse conceito de jogo para definir a atividade estética (Einleitung in die Aesthetik, 1892), mas a definição de jogo continuava sendo a de Aristóteles: a atividade que tem em vista apenas o prazer pela atividade (Spiele der Menschen, p. 7). Desse ponto de vista, o jogo foi frequentemente considerado uma espécie de tendência inata ou de instinto vital, que é outra maneira de expressar a função que cumpre de adestrar o homem ou, em geral, o organismo vivo, para as atividades que garantam sua conservação no mundo. Ao reconhecimento da função biológica, educativa e estética do jogo acresceu nos últimos tempos o reconhecimento da função social. Tanto o jogo como atividade direta quanto o jogo como espetáculo constituem hoje duas das principais maneiras de emprego do tempo livre para grandes massas de trabalhadores, exercendo, portanto, a função de corrigir e equilibrar as atividades sociais, o que ainda precisa ser mais bem estudado.

Como já se disse, a importância crescente atribuída à atividade lúdica e a multiplicidade de funções a ela atribuídas em vários campos não modificaram seu conceito, que continuou sendo substancialmente o mesmo formulado por Aristóteles: atividade que tem fim em si mesma e que é procurada e exercida pelo prazer intrínseco, e não pelo efeito ou pelo resultado que dela deriva. Contudo, mesmo esse conceito hoje deve sofrer algumas retificações. Em primeiro lugar, deve ser retificada a contraposição, que ele implica, entre atividade lúdica e trabalho. Essa contraposição nem sempre se verifica e nunca é tão radical. Muitos trabalhos podem ser (ou tornar-se) interessantes, e, se isso acontece, passam a ser fins em si mesmos e adquirem, no todo ou em parte, um caráter lúdico. É certamente difícil supor que todas as infinitas formas que o trabalho assumiu ou assumirá possam vir a tornar-se interessantes e lúdicas, mas o fato de algumas deles serem ou poderem vir a ser elimina em princípio essa contraposição, definindo o ludismo como uma possibilidade em algumas atividades humanas, mais que como expressão da natureza de um grupo de atividades. Em muitos autores, porém, essa contraposição persiste, especialmente no que se refere ao trabalho alienado da sociedade industrial, e o jogo é considerado "expansividade livre" ou "atividade improdutiva e inútil", porque anula as características repressivas e exploradoras do trabalho e do ócio e "simplesmente brinca com a realidade". Desse ponto de vista, o próprio trabalho deveria tornar-se lúdico, ou seja, subordinar-se ao livre desenvolvimento das potencialidades do homem e da natureza (Marcuse, Eros and Civilization, 1954, cap. IX).

Na realidade, hoje não se pode aceitar sem restrições a definição tradicional de jogo, que evidencia o seu caráter de absoluta espontaneidade e liberdade, contrapondo-o, pois, ao caráter coativo do trabalho que é determinado pelo fim ou pelo resultado que deve atingir. Esse caráter de espontaneidade não pode ser entendido em sentido absoluto: de fato, todos os jogos têm restrições ou regras que delimitam suas possibilidades. Mesmo em jogo simples e individuais existem tais restrições: não se pode, p. ex., lidar do mesmo modo com um cubo e com uma bola. Nos jogo coletivos, as regras definem e regulamentam, sendo impossível ignorá-las. Na cultura contemporânea, quando se lança mão do conceito de jogo, como por vezes fazem filósofos e economistas, está se acentuando exatamente esse caráter de ser guiado por regras cabíveis, escolhidas e estabelecidas para possibilitar a realização do jogo e a alternativa entre sucesso e malogro. Wittgenstein alude a isso quando fala em "jogo linguísticos", ou seja, linguagens diferentes, cada uma das quais é regida por regras próprias (Philosophical Investigations, I, § 81). Assim, também considera a linguagem matemática como jogo e entende que jogar é "agir de acordo com certas regras" (Remarks on the Foundations of Mathematics, IV, 1). Em economia , a chamada "teoria dos jogo" considera que o jogo é uma atividade limitada por regras, graças às quais o jogador pode escolher, entre as várias estratégias possíveis, a que lhe assegure mais vantagens (Neumann-Morgenstern, Theory of Games and Economic Behavior, 1944). Nestes empregos, o significado dessa palavra compreende: 1) limitação das escolhas, impostas à atividade do jogador pelas regras; 2) caráter não rigorosamente determinante dessas regras, que possibilitam escolher entre várias táticas e, eventualmente, determinar a melhor tática caso por caso (que assegure sucesso ou o melhor resultado do jogo). Obviamente essas características não eliminam as tradicionais, já expressas por Aristóteles, mas a elas se somam, corrigem-nas e às vezes as sobrepujam, como acontece no caso da teoria da linguagem como jogo e da teoria dos jogo na economia política. Recorreu-se a conceito análogo de jogo na elaboração de uma teoria do comportamento individual que permitisse explicar as alterações psíquicas como "brigas" de jogo: confusão entre antigas e novas normas para as interações sociais, recusa em participar de um jogo comandado por outros, não-aceitação da importância do jogo (T. S. Szasz, The Myth of Mental Illness, 1961). [Abbagnano]


A atividade sem fim útil. — Em matéria de pedagogia, o jogo foi revalorizado: no plano da observação psicológica, o jogo foi considerado como um dos métodos essenciais de análise do caráter (a personalidade se exprime mais livremente no jogo que no trabalho); o jogo foi reabilitado principalmente no sentido em que não é mais tido por uma ausência de atividade, e sim por uma "atividade de lazer", gratuita mas não útil, exprimindo possibilidades da pessoa que não encontra realização no trabalho cotidiano. Como descanso, o jogo é necessário a toda atividade intensiva e pode mesmo curar certas perturbações psicológicas, tais como a irritabilidade ou a emotividade excessivas, resultantes de uma "super-solicitação" prolongada. Da mesma maneira, a atividade propriamente dita da criança (trabalho escolar, por ex.) tende a tomar em certos casos a forma de um "jogo dirigido", de maneira a excitar a atenção da criança. (V. lazer.) [Larousse]

Submitted on 16.09.2010 14:14
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