Search
Who is Online
28 user(s) are online (28 user(s) are browsing Léxico Filosofia)

Members: 0
Guests: 28

more...
Novos Termos
Termos Populares
Home Léxico Filosofia  Léxico Filosofia C  C certeza certeza
Léxico Filosofia

 Browse by letter 
 | 0  | 1  | 2  | 3  | 4  | 5  | 6  | 7  | 8  | 9  |  A  |  B  |  C  |  D  |  E  |  F  |  G  |  H  |  I  |  J  |  K  |  L  |  M  |  N  |  O  |  P  |  Q  |  R  |  S  |  T  |  U  |  V  |  W  |  X  |  Y  |  Z  |

certeza

Definition:
(gr. bebaiotes; lat. certitudo; in. Certitude, Certainty; fr. Certitude; al. Gewissheit; it. Certezzà).

Essa palavra tem dois significados fundamentais: 1) segurança subjetiva da verdade de um conhecimento; 2) garantia que um conhecimento oferece da sua verdade. Esses dois significados ainda se mantêm e para eles o inglês tem duas palavras diferentes: certitude, que se refere ao primeiro, e certainty, ao segundo. Os dois significados nem sempre constituem alternativas excludentes, mas frequentemente são complementares. Todavia, no pensamento clássico prevalece o segundo significado, o objetivo, e a garantia a que se faz alusão é a solidez ou a estabilidade do conhecimento verdadeiro. Segundo esse conceito, que Platão expressou do modo mais claro, a estabilidade do conhecimento depende da estabilidade do seu objeto, de sorte que só podem ser estavelmente conhecidas (isto é, com certeza) as coisas estáveis, ao passo que as coisas instáveis, isto é, mutáveis, só podem ser objeto de conhecimento provável (Tim., 29 b-c; Fil, 59 b). Nesse sentido, a certeza é apenas um atributo da verdade: é o caráter estável, ou seja, não sujeito a desmentidos, da própria verdade. No mesmo sentido a certeza foi entendida por Aristóteles (Mel, IV, 1008 a 16; 1011 b 13; etc.) e por Sexto Empírico: este último associa a certeza à verdade e à ciência (Pirr. hyp., I, 191; II. 214; Adv. math., VII, 151, etc).

A noção subjetiva da certeza e os problemas a ela inerentes nasceram com a importância atribuída pelo Cristianismo à fé, quando foi reconhecida a possibilidade da segurança subjetiva do saber, não garantida por um critério objetivo de verdade. Mas, obviamente, o reconhecimento dessa possibilidade não levava a negar, mas a reconhecer a outra possibilidade, de garantia objetiva. Por isso, os dois conceitos de certeza são sempre esclarecidos juntos e de modo complementar, na tradição filosófica. Tomás de Aquino distingue dois modos de considerar a certeza. O primeiro consiste em considerar a causa dela e, sob esse aspecto, a fé é mais certa do que a sabedoria, do que a ciência e do que o intelecto, porque se fundamenta na verdade divina, ao passo que essas três coisas se baseiam na razão humana. No segundo modo, a certeza pode ser considerada sob o aspecto do objeto (subiectum) e, assim sendo, é mais certo o objeto que mais se adapta ao intelecto humano e é menos certa a fé (S. Th., II, 2, q. 4, a. 8). Obviamente, a certeza considerada na sua causa é a certeza subjetiva, isto é, a segurança subjetiva da verdade da crença, enquanto a certeza considerada no seu objeto é a certeza objetiva; e, de fato, Tomás de Aquino atribui a primeira certeza à ação da vontade, não à da razão ilbid, II, 2, q. 2, a. 1, ad 3S). Com Descartes, a filosofia moderna identificou verdade com certeza: a primeira regra cartesiana, "só aceitar por verdadeiro o que se reconhece evidentemente como tal", estabelece essa identidade, cujo ato ou manifestação é o próprio cogito, na medida em que faz da certeza que o eu tem da própria existência o próprio princípio da verdade. Essa identidade também é evidente em Locke, que faz a distinção entre a "certeza da verdade", que existe quando as palavras são unidas de tal modo que representem exatamente a concordância ou a discordância das ideias que exprimem, e a "certeza do conhecimento", que consiste em procurar essa concordância ou discordância na proposição que a exprime (Ensaio, IV, 6, 3 ) Aqui, como elemento da verdade, inclui-se a relação com a expressão linguística, mas a certeza é identificada com a verdade. "Chamamos de conhecer", diz Locke "o estar certo da verdade de uma proposição" (ibid., IV, 6, 3). Esses reparos foram aceitos por Leibniz (Nouv. ess., IV, 3), que, no entanto, ainda distinguia da "certeza absoluta", que provavelmente compreende as duas espécies de certeza reconhecidas por Locke, a certeza moral, à qual se pode chegar pelas provas da verdade da religião (Théod., Discours, § 5). Contra a identidade entre verdadeiro e certo, estabelecida por Descartes (que Spinoza ratificava com o seu teorema "quem tem uma ideia verdadeira sabe pelo mesmo de tê-la" (Et., II, 43), e analogamente à distinção feita por Leibniz entre certeza absoluta e certeza moral, ergue-se a doutrina de Vico, que faz a distinção entre o verdadeiro, identificado com o fato (porquanto se pode conhecer de verdade só o que se faz e cuja causa, portanto, se conhece), e o certo, fundado na tradição e na autoridade e que, não sendo susceptível de demonstração necessária, está no nível do provável. "Os homens que não sabem a verdade das coisas esforçam-se por ater-se ao certo, porque, se não podem satisfazer o intelecto com a ciência, pelo menos que a vontade repouse na consciência." (Scienza nuova, 1744, dign. 9). Segundo Vico, a filosofia não pode fundar-se, como pretendem os cartesianos, tão-somente no verdadeiro, mas também deve utilizar o certo, que é constituído pelo conjunto dos conhecimentos fornecidos por aqueles que Vico chama de "filólogos", isto é, historiadores, críticos e gramáticos que se ocuparam dos costumes, das leis e das línguas dos povos (Ibid., dig. 10). Mas, em geral, a identificação entre certeza e verdade firmou-se na filosofia moderna. Kant chamou de certeza a crença objetivamente suficiente, isto é, suficientemente garantida como verdadeira (Crít. R. Pura, Canôn da razão pura, seç. 3). Distinguiu, além disso, a certeza empírica, que pode ser originária, isto é, vinculada à própria experiência histórica, ou derivada de uma experiência alheia; e a certeza racional, que se distingue da empírica pela "consciência da necessidade" e, portanto, pode ser chamada de apodítica (Logik, Intr., § IX) . O próprio Hegel aceitou a identificação de certeza e conhecimento e ilustrou os dois aspectos, subjetivo e objetivo, da certeza sensível da seguinte maneira: "Na certeza sensível, um momento é posto como aquilo que, simples e imediatamente, é, assim como a essência: esse é o objeto. O outro momento é posto como o inessencial e mediato, que não é em si, mas mediante outra coisa: esse é o eu, um saber que sabe o objeto só porque o objeto é um saber que pode ser ou também não ser" (Phänomen. des Geistes, I, A, I). Analogamente, os dois significados foram distinguidos e aceitos por Husserl, que considerou o fenômeno da certeza como originário, vinculado à própria atitude da crença, e por isso chamou-o Urdoxa ou Urglaube (Ideen, I, § 104). A exemplo de Leibniz, falou-se também em "certeza moral" (Olle-Laprune, La certitude morale, 1880), para indicar uma certeza não garantida por um critério objetivo ou racional, como é a certeza da fé: mas a identificação estabelecida pela filosofia cartesiana entre certeza e verdade não foi mais abandonada. Heidegger reafirmou-a dizendo: "A certeza se funda na verdade, ou seja, pertencendo-lhe cooriginariamente". E distinguiu os dois significados que correspondem ao significado e ao objetivo de certeza: "o estar certo como modo de ser do ser-aí" (isto é, do homem) e a certeza do "ente do qual ser-aí está certo", que é derivada da primeira (Sein und Zeit, § 52). [Abbagnano]


Designa um conhecimento completo, tanto no que concerne à realização psicológica do ato como ao valor lógico. Podemos defini-la como firme assentimento fundado na evidência do objeto. (Para simplificar a expressão, define-se aqui a certeza, não como propriedade do juízo, mas concretamente como o próprio juízo certo). — No aspecto psicológico, certeza é um juízo que se completa no assentimento (afirmação), e precisamente no assentimento "firme", ou seja, com exclusão de toda e qualquer dúvida, em oposição à mera opinião, assentimento que exclui, não toda dúvida, mas só a dúvida provisória. A certeza está normalmente unida a uma tranquilização do sentimento; contudo a essência da certeza não suprime um sentimento de inquietação, que talvez continue subsistindo. A certeza, em sentido psicológico, recebe igualmente o nome de convicção, principalmente quando considerada não apenas como ato transitório, senão como atitude intelectual permanente. — Só existe certeza plenamente válida, quando a convicção subjetiva encontra sua fundamentação lógica na evidência do objeto (certeza objetiva); só deste modo é garantida a verdade da proposição correspondente. — Se a proposição exprime um objeto imediatamente claro, temos a certeza imediata; quando estriba numa evidência obtida por demonstração, temos a certeza mediata. — Se a convicção carece da fundamentação objetiva requerida, temos a certeza puramente subjetiva.

Além das classes ou modos de certeza correspondentes à diversidade do objeto, distinguem-se vários outros modos de certeza, consoante a peculiaridade da fundamentação, consoante o grau de consciência com que esta se compreende e, ainda, consoante a dependência ou independência a respeito da vontade. Quando distinguimos entre certeza teórica ou especulativa e certeza prática, pode isto ser entendido do objeto dado, no sentido de a primeira significar a certeza de um enunciado referente à esfera do ser, e a segunda, a certeza de uma lei que prescreve um dever. Mais frequentemente, certeza teórica é sinônimo de certeza teoricamente (logicamente) válida, ao passo que certeza prática designa um grau elevado de probabilidade do enunciado, grau suficiente para a vida, e por vezes também uma convicção que tem apenas o valor de um postulado. Segundo a diversidade da evidência em que estriba a certeza logicamente válida, pode esta ser absoluta e condicionada (hipotética). A certeza absoluta denomina-se também certeza Metafísica. A certeza condicionada é certeza física ou certeza moral, consoante se apoia numa evidência física ou moral. Certeza moral, em sentido amplo, é uma certeza prática, na qual basta que se exclua a probabilidade do contrário. Por vezes chama-se relativamente certa uma convicção baseada em motivos que bastam a um espírito ainda não desenvolvido para dar um assentimento racional firme, mas insuficientes para um espírito plenamente desenvolvido, independente em seu pensar; recorde-se, p. ex., a autoridade dos pais, fundamento de certeza para o filho menor. — Segundo o grau de consciencialidade, a certeza divide-se em certeza natural e cientifica (reflexa); na certeza natural (espontânea) os motivos não são metodicamente examinados, por isso geralmente são menos apreciados, ao passo que a certeza científica inclui mais elevada consciencialidade da fundamentação. — Relação da certeza com a vontade: A apreensão ("visão") do objeto, que corresponde imediatamente à evidência, não depende de modo imediato da vontade livre, mas, ao sumo, mediatamente, pela direção voluntária da atenção. Pelo contrário, o assentimento e sua firmeza dependem muitas vezes da vontade livre, não apenas em sua posição ou não-posição, mas, não raro, também no sim ou não dado ao próprio objeto (certeza livre); isto se aplica principalmente à fé. — De Vries. [Brugger]




A certeza tem quase sempre um matiz subjectivo; não pode confundir-se, portanto, com os diversos sentidos da crença, nem tão-pouco com a evidência. Os escolásticos definiam a certeza como um “estado firme da mente” e distinguiam entre diversos tipos de certeza, especialmente entre certeza subjectiva e certeza objetiva. 1: a certeza subjectiva tem, por assim dizer, dois graus; a meramente subjectiva, isto é, que não se funda numa certeza objetiva, e a propriamente subjectiva, que se funda nela. 2: a certeza objetiva não se relaciona quer com o assentimento firme do espírito, quer com o próprio fundamento desse assentimento. A certeza é então a base objetiva de todo o assentimento firme, e pode considerar-se ou como uma evidência objetiva ou como a segurança derivada da autoridade de um testemunho. Neste ponto, o problema da certeza roça até coincidir com o problema da evidência.

Na época moderna, não se desmentiu no substancial a anterior concepção, mas procurou-se desenvolver o aspecto essencial da certeza. A definição habitual de certeza foi, além disso, a mais ampla; segundo ela, a certeza é um ato do espírito pelo qual se reconhece sem reservas a verdade ou falsidade de uma coisa ou, melhor, de uma situação objetiva. A evolução última do termo impediu que o situemos facilmente entre os diversos tipos de adesão. Por isso alguns autores tentaram reduzir a certeza à certeza moral, que seria uma certeza de tipo evidente devido à impossibilidade de afirmar ou demonstrar algo contrário à vida. [Ferrater]

Submitted on 18.01.2010 18:09
This entry has been seen individually 4806 times.

Bookmark to Fark  Bookmark to Reddit  Bookmark to Blinklist  Bookmark to Technorati  Bookmark to Newsvine  Bookmark to Mister Wong  Bookmark to del.icio.us  Bookmark to Digg  Bookmark to Google  Share with friends at Facebook  Twitter  Bookmark to Linkarena  Bookmark to Oneview  Bookmark to Stumbleupon Bookmark to StudiVZ

Powered by XOOPS © 2001-2012 The XOOPS Project