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ontologia

Definition:
ciência do ser em si; opõe-se à antropologia, que é a ciência do homem. — Platão (no livro VII de A república), Spinoza, Hegel, e, atualmente, Heidegger, desenvolveram o problema ontológico, que foi inicialmente (para Platão) o da luz que nos descobre os objetos do mundo, em seguida (para Spinoza) o de Deus, depois (para Hegel) o do fato da existência que se realiza em todo homem. A ontologia, que analisa a luz que faz "ser" todas as coisas e o próprio espírito humano (Platão), distingue-se igualmente da moral, que estuda o que "deve ser" e que se apresenta como uma teoria da ação (e não como uma teoria do ser). A ontologia, que é a procura do absoluto, é evidentemente o objetivo último de toda filosofia. [Larousse]


Este vocábulo foi criado em meados do século XVII (surgindo quase ao mesmo tempo que os nomes, a ele afins, de "philosophia entis" e "ontosophia"). Etimologicamente significa "ciência do ente". De acordo com isto, poderia coincidir com a "filosofia primeira" de Aristóteles, denominada, mais tarde, "metafísica" (pura ou geral). De fato, ela constitui só a primeira parte desta, a saber, a doutrina do ente enquanto tal e do que lhe pertence essencial e imediatamente; diante dela, situa-se a doutrina do Ser supremo ou divino. Como já era do conhecimento de Aristóteles e dos filósofos medievais, a doutrina do ser e de Deus constituem uma só ciência, dado que o problema de Deus não é mais do que o problema do ser plenamente desenvolvido e o problema do ser não é senão o problema implícito de Deus. Todavia, como o ser e Deus se diferenciam entre si como pólos opostos, podemos considerar preponderantemente o primeiro, chegando, por essa forma, à ontologia, cuja mais íntima conexão com a doutrina de Deus importa manter sempre intacta.

Desde que a ontologia, principalmente por interferência de Wolff, se tornou ramo científico dotado de existência própria, aquela conexão foi grandemente afrouxada. Kant suprimiu a ciência de Deus e, com ela, a ontologia; reputando incognoscível o ser, a consciência representava a seus olhos a última realidade, à qual tudo o mais deve ser reduzido. Contra Kant, surgiu, em nossos dias, oriunda do neokantismo e da filosofia existencial ( filosofia da existência), uma nova ontologia, que volta a admitir o ser como realidade última. Contudo, N. Hartmann em sua ontologia cerra as portas à doutrina de Deus, e o ser, que interessa a Heidegger como fundamento do ente, continua até agora envolvido em completa obscuridade. — A ontologia reclama hoje uma valorização destas novas tentativas de interpretação e uma troca de ideias com aqueles que nelas se empenham; exige outrossim que, lançando à margem o lastro racionalista e kantiano, se volte novamente ao trilho aberto pela grandiosa tradição filosófica.

Uma exegese mais profunda do nome de ontologia põe em relação o ente com o espírito (logos); este manifesta-se como sendo o local onde se revela o ente enquanto tal ou em seu ser. Desta maneira, o espírito apresenta-se como arquétipo do ser, no qual este é inteiramente ele próprio, está inteiramente consigo. Sendo assim, quanto mais um ente se aproxima do espírito ou maior é sua espiritualidade, tanto mais elevado se encontra na escala do ser. Recentemente, pro-pugna-se com frequência esta desligadura do ser em relação ao espírito, e o alheamento recíproco do ser e do espírito é arvorado em bitola do nível ontológico (Sartre). Por esta forma, pretende-se constituir uma ontologia fundamentalmente distinta, a qual, em rigor de expressão, não merece mais o nome de ontologia; esta equivale a uma estreita restrição à pura finidade e, com isso, em última instancia, tal ontologia redunda impossível. — Partindo desta ordem de ideias, poderíamos, com a filosofia existencial ( filosofia da existência), estabelecer uma diferença entre os termos ôntico e ontológico, que na escolástica são geralmente tidos por sinônimos. Ôntico significa então o ente em seu ser, o ente ainda não descoberto pelo espírito (intelligibile in potentia); ontológico, o ente que em seu ser foi elucidado pelo espírito e que, por essa forma, se tornou uma só coisa com ele (intelligibile in actu). — No que se refere à estrutura da ontologia, nos pormenores, ser. — Lötz. [Brugger]


A partir do momento em que Aristóteles falou de uma filosofia primeira que incluiu nela quer o estudo do ente enquanto ente, quer o de um ente principal ao qual se subordinam os demais entes, abriu-se a possibilidade de distinguir entre aquilo a que depois se chamou ontologia e aquilo que, com mais frequência, se entendeu por metafísica. Só nos começos do século dezassete surgiu o termo ontologia. Note-se que os autores que usaram ontologia eliminaram o caráter primeiro desta ciência perante qualquer estudo especial. Por isso, se pôde continuar a identificar a ontologia com a metafísica, foi com uma metafísica geral e não com a metafísica especial. Com o nome ontologia designava-se o estudo de todas as questões que afetam o conhecimento dos gêneros supremos das coisas. A sobreposição da ontologia à metafísica geral representaria já, portanto, um primeiro passo para aquele mencionado processo de divergência nos significados dos vocábulos metafísica e ontologia. Com efeito, tudo o que se referisse ao mais além do ser visível e diretamente experimentável ficaria como objeto da metafísica especial, que seria, efetivamente, uma trans-física. A metafísica geral ou ontologia ocupar-se-ia, em contrapartida, só de formalidades, embora de um formalismo diferente do lógico.

Entende-se a ontologia de maneiras diferentes: por um lado, concebe-se como ciência do ser em si, do ser último ou irredutível, de um primeiro ente em que todos os de mais consistem, isto é, do qual dependem todos os entes. Neste caso, a ontologia é verdadeiramente metafísica, isto é, ciência da realidade e da existência no sentido próprio do vocábulo. Por outro lado, a ontologia parece ter como missão a determinação daquilo em que os entes consistem e ainda daquilo em que consiste o ser em si. Nesse caso é uma ciência das essências e não das existências; é, como ultimamente se frisou, teoria dos objetos. Alguns autores assinalaram que esta divisão entre a ontologia enquanto metafísica e a ontologia enquanto ontologia pura (ou teoria formal dos objetos) é extremamente útil na filosofia e que o único inconveniente que apresenta é de caráter terminológico. Com efeito, argumentam esses críticos, convém usar o vocábulo ontologia só para designar a ontologia como ciência de puras formalidades e abandoná-lo inteiramente quando se trata da metafísica. A invenção do termo ontologia expressou já por si mesma a necessidade dessa distinção. Outros autores pensavam que a divisão é deplorável, pois quebra a unidade da investigação do ser.

Como disciplina especial da filosofia, a ontologia foi cultivada durante os séculos dezoito e dezanove não só por autores que seguiram a tradição escolástica, mas também por outros autores e tendências. Igual diversidade existe no século vinte.

Para Husserl, que considera a nossa disciplina como ciência de essências, a ontologia pode ser formal ou material. A ontologia formal trata das essências formais, isto é, daquelas essências que convêm a todas as demais essências. A ontologia material trata das essências materiais e, por conseguinte, constitui um conjunto de ontologias às quais se dá o nome de ontologias regionais. A subordinação do material ao formal faz, segundo Husserl, que a ontologia formal implique ao mesmo tempo as formas de todas as ontologias possíveis. A ontologia formal seria o fundamento de todas as ciências; a matéria seria o fundamento das ciências e fatos, mas como qualquer fato participa de uma essência, qualquer ontologia material estaria por sua vez fundada na ontologia formal.

Para Heidegger, há uma ontologia fundamental que é precisamente a metafísica da existência. A missão da ontologia seria, neste caso, a descoberta da constituição do ser da existência. O nome fundamental procede de que, por ela, se averigua aquilo que constitui o fundamento da existência, isto é, a sua finitude. Mas a descoberta da existência como tema da ontologia fundamental não é, para Heidegger, mais que um primeiro passo da metafísica da existência e não toda a metafísica da existência. A ontologia é, na realidade, única e exclusivamente, aquela indagação que se ocupa do ser enquanto ser, mas não como uma mera entidade formal, nem como uma existência, mas como aquilo que torna possíveis as existências. A identificação da ontologia com a metafísica geral tem de encontrar, nesta averiguação do ser como transcendente, a superação das limitações a que conduz a redução da ontologia a uma teoria dos objetos, a um sistema de categorias.

Outros autores sustentaram que a justificação da ontologia consiste não na pretensão de resolver todos os problemas, mas no conhecimento daquilo que metafisicamente é insolúvel. Por isso, distinguem entre a antiga ontologia sintética e construtiva, própria dos escolásticos e dos racionalistas, que pretende ser uma lógica e uma passagem contínua da essência à existência, e a ontologia analítica e crítica, que procura situar no seu lugar o racional e o irracional, o inteligível e o trans-inteligível, para além de todo o racionalismo irracionalista, realismo ou idealismo.

O uso do termo ontologia não se limita, como por vezes se supõe, a certos grupos de filosofias “racionalismo moderno, neo-escolasticismo, fenomenologia, filosofia da existência, etc). Foi também usado por filósofos de outras tendências. [Ferrater]




Na Metafísica, IV, 1, Aristóteles empregava estas palavras: "Há uma ciência que estuda o Ser enquanto ser, e seus atributos essenciais. Ela não se confunde com nenhuma das outras ciências chamadas particulares, pois nenhuma delas considera o Ser em geral, enquanto ser, mas, recortando uma certa parte do ser, somente desta parte estudam o atributo essencial; como por exemplo, procedem as ciências matemáticas.

Mas já que procuramos os primeiros princípios e as causas mais elevadas, é evidente que existe necessariamente alguma realidade à qual tais princípios e causas pertencem, em virtude de sua própria natureza. Se, pois, os filósofos, que buscavam os seres, procurassem esses mesmos princípios, resultaria daí necessariamente que os elementos do Ser são elementos deste, não enquanto acidente, mas enquanto ser. Eis por que devemos estudar as causas primeiras do Ser enquanto ser."

Estas palavras de Aristóteles sobre a filosofia primeira (prote philosophia, a philosophia prima dos escolásticos) são ainda o melhor e mais claro enunciado sobre a ciência em que ora penetramos, a Ontologia ou Metafísica Geral, assim também chamada, porque estuda o ser enquanto ser, isto é, tomando-o na sua maior universalidade.

Essa compreensão da Ontologia, no entanto, foi modificada por filósofos modernos, que se colocaram sob a égide de Kant. Para este, conhecemos os fenômenos, e sabemos da existência do númeno, mas deste não temos nenhuma experiência sensível, isto é, não o intuímos pela intuição sensível, mas apenas mediante uma dialética, que Kant chamou de transcendental.

A Ontologia seria, então, a ciência do númeno. A ela caberia o papel especial de estudar o que permanece atrás dos fenômenos, de explicá-los, enquanto os fenômenos caberiam às ciências particulares.

A Ontologia, portanto, toma o ser concretamente, em toda a sua densidade, embora examine-o pelos métodos que lhe são próprios, realizando a aphairesis (abstração) do físico e do transfísico (como o exemplo já dado do exame da rotundidade independentizado ontologicamente apenas do objeto rotundo). Não é da verdadeira metafísica, como já vimos, realizar essa separação, de funcionalidade noética, e considerá-la, depois, como física, o que leva aos perigos do abstratismo, que é a forma viciosa da abstração, e que consiste no considerar ônticamente o que é separado apenas ontologicamente.

Impõe-se que se faça aqui tais explicações para evitar a caricatura que se costuma fazer da Ontologia, o que leva a muitos a passar por ela de largo, em vez de se embrenharem em seu estudo, de magna importância para a boa visualização filosófica.

Desta forma, a Ontologia procura penetrar na intimidade do ser, na sua realidade mais íntima, na sua exuberância concreta, desassociando-o, pela atividade noética, mas jamais esquecendo (e assim procede a boa metafísica) de devolver à sua concreção o que, por aphairesis, foi separado.

O termo Ontologia foi cunhado propriamente por Johannes Clauberg e popularizado por Wolf. Consequentemente se pode dizer que a próte philosophia de Aristóteles, a philosophia prima dos escolásticos, a Ontologia, ou a Metafísica Geral, e em algumas vezes a Metafísica, referem-se à mesma ciência do ser enquanto ser, que é a Ontologia.

No modo de considerar a Ontologia, houve, entre os escolásticos, uma dualidade de posição. Os que seguem a linha tomista, consideram-na como o coroamento da filosofia, e deve ser precedida pela lógica, pela cosmologia, pela psicologia e pela filosofia matemática. Outros, porém, consideram-na como ciência fundamental, gestada na Gnoseologia, subdividindo-a em metafísica geral e numa metafísica especial, referindo-se esta à metafísica do homem, Antropologia filosófica, e à metafísica do mundo material, à Cosmologia. [MFS]

Submitted on 27.06.2009 21:15
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