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ação

Definition:
ação, poiein, praxis, ergon distinção do agir e fazer, ergon 1-2, poiein; poderes ativos associados com o logos pelos estoicos, gênesis 16; como princípio «material», hyle 7; virtude como meio de, meson; em Plotino uma degeneração da contemplação, noûs 19, physis 5; atividade e experiência em Aristóteles, pathos 9; como assunto principal da moralidade, praxis, proairesis [FEPeters]




Encontramos, de uma ou de outra forma, a ação ou atividade em todo ente por nós observado. A essência da ação parece consistir, à primeira vista, em que alguma coisa é produzida, chamada a existir. Examinando mais detidamente a questão, apuramos dois tipos de ação. O primeiro é a ação transeunte, que passa para o outro lado, ou exterior (lat. actio), pela qual o agente opera sobre outro ente (o artista desbasta, p. ex., o mármore para o converter em estátua). O segundo é a ação-imanente, que permanece dentro, ou interior (lat.: operatio), pela qual o agente se desdobra a si mesmo (p. ex., o crescimento da planta). Com frequência ambos os tipos se entrelaçam mutuamente, sobretudo quando a ação exterior se radica na interior (p. ex., o pensar e o querer do escultor, que animam cada golpe do cinzel). Como a ação procede do ente, seu grau de perfeição corresponde ao grau ontológico deste; é o que diz o axioma: "Agere sequitur esse" (ao ser segue-se o operar). De modo geral, quanto mais elevado um ente é, tanto mais interior se mostra sua ação característica. O ser in-orgânico ou sem-vida desvanece-se inteiramente no exterior, pelo que só pode atuar sobre outras coisas. Com o vegetal começa o ente que se mantém-em-si-mesmo e, com ele, a ação interna ou intrínseca, que se identifica com a vida. Todavia a planta perde-se ainda totalmente no corpo, cuja exterioridade é superada, em primeiro lugar, pela consciência sensorial (ainda ligada ao corpo e por isso muito embotada), e, principalmente, pela vida espiritual, intrinsecamente independente do corpo. A ação espiritual abarca todo o reino do ser e eleva-se até Deus, ao passo que as espécies inferiores de ação não ultrapassam um âmbito limitado do corpóreo.

A descrição anterior propôs-se ser unicamente provisória. O produzir (causar) ou fazer passar da potência ao ato pertence apenas à ação criatural e de maneira nenhuma constitui a genuína essência da ação. Esta consiste em que o ente se "efetua" a si mesmo e desse modo existe em sua plena realidade. Só em seu pensar e querer possui o homem a realidade de si mesmo integralmente desdobrada, ao passo que, sem essa atividade, dormita ainda. A produção só acresce à efetuação, quando esta não é dada com a substância de um ¦ente, mas deve ser produzida como ulterior determinação acidental. Em ¦contraste com todas as criaturas, situa-se a auto-possessão pensante e querente de Deus como efetuação pura sem qualquer espécie de produção e, portanto, como "ato puro" (actus purus) nem a ação extrínseca de Deus (a criação) significa produção nele próprio. O sentido da ação é justamente elevar o ente à posse completa ¦de seu ser e, por fim, do Ser absoluto. Por isso a ação só pode coincidir com a substância daquele que é o próprio Ser absoluto; pelo contrário, no ente finito, a ação deve ser determinação acidental, pela qual este se esforça em se possuir a si mesmo e em aproximar-se do Ser absoluto: "Omnia appetunt Deum", todos os três aspiram a Deus.

Em seu âmago, a ação faz parte dos transcendentais. Não se podem certamente dissolver todas as coisas em ação pura, suspensa no ar, como faz o dinamismo. Todavia a essência do ser aperfeiçoa-se na ação, de sorte que o ser só em sua efetuação é integralmente ele mesmo, é plenamente ser. Apesar disso, a ação não aparece como transcendental propriamente dito, mas sim oculto no vero e no bom (verdade e valor), os quais representam a conexão essencial do ser com o pensar e o querer, e, por conseguinte, com a ação. — Lotz. [Brugger]



(gr. praxis; lat. Actio; in. Action; fr. Action; al. Tat, Handlung; it. Azioné).

1. Termo de significado generalíssimo que denota qualquer operação, considerada sob o aspecto do termo a partir do qual a operação tem início ou iniciativa. Nesse significado, a extensão do termo é coberta pela categoria aristotélica do fazer (poiein), cujo oposto é a categoria da paixão ou da afeição. Fala-se, assim, da ação do ácido sobre os metais ou do "princípio de ação e de reação" ou da ação do DDT sobre os insetos; ou então fala-se da ação livre ou voluntária ou responsável, isto é, própria do homem e qualificada por condições determinadas. Produzir, causar, agir, criar, destruir, iniciar, continuar, terminar, etc. são significados que inscrevem-se nesse significado genérico de ação.

2. Aristóteles foi o primeiro a tentar destacar desse significado genérico um significado específico pelo qual o termo pudesse referir-se somente às operações humanas. Assim, começou excluindo da extensão da palavra as operações que se realizam de modo, necessário, isto é, de um modo que não pode Ser diferente do que é. Tais operações são objeto das ciências teoréticas, matemática, física e filosofia pura. Essas ciências referem-se a realidades, fatos ou eventos que não podem ser diferentes do que são. Fora delas está o domínio do possível, isto é, do que pode ser de um modo ou de outro; mas nem todo o domínio do possível pertence à ação. Dele é preciso, com efeito, distinguir o da produção, que é o domínio das artes e que tem caráter próprio e finalidade nos objetos produzidos (Et. Nic, VI, 3-4, 1.149 ss.). Tomás de Aquino distingue ação transitiva (transiens), que passa de quem opera sobre a matéria externa, como queimar, serrar, etc, e ação imanente (immanens), que permanece no próprio agente, como sentir, entender, querer (S. Th., II, I, q. 3, a 2; q. 111, a. 2). Mas a chamada ação transitiva nada mais é do que o fazer ou produzir, de que fala Aristóteles (ibid., II, I, q. 57, a. 4). Nessas observações de Tomás de Aquino, assim como nas de Aristóteles, está presente a tendência a reconhecer a superioridade da ação chamada imanente, que se consuma no interior do sujeito operante: ação que, de resto, outra coisa não é senão a atividade espiritual ou o pensamento ou a vida contemplativa. Tomás de Aquino diz, com efeito, que só a ação imanente é "a perfeição e o ato do agente", enquanto a ação transitiva é a perfeição do termo que sofre a ação (ibid., II, I, q. 3, a 2). Por outro lado, Tomás de Aquino distingue, na ação voluntária, a ação comandada, que é a ordenada pela vontade, p. ex., caminhar ou falar, e a ação elícita da vontade, que é o próprio querer. O fim último da ação não é o ato elícito da vontade, mas o comandado: já que o primeiro apetecível é o fim a que tende a vontade, não a própria vontade (ibid., II, I, q. 1, a. 1 ad 2a). Esses conceitos permaneceram durante muito tempo inalterados e são pressupostos também pela chamada filosofia da ação; esta, se tende a exaltar a ação como um caminho para entrar em comunicação mais direta com a realidade ou o Absoluto, ou na posse mais segura destes, não se preocupa muito em fornecer um esquema conceituai da ação que lhe determine as constantes. Essa tentativa, porém, foi feita por ciências particulares, em vista das suas exigências, especialmente pela sociologia. Assim, p. ex., Talcott Parsons determinou o esquema da ação. Esta implicaria: 1) um agente ou um ator; 2) um fim ou estado futuro de coisas em relação ao qual se orienta o processo da ação; 3) uma situação inicial que difira em um ou mais importantes aspectos do fim a que tende a ação; 4) certo complexo de relações recíprocas entre os elementos precedentes. "Dentro da área de controle do ator", diz Parsons, "os meios empregados não podem, em geral, ser considerados como escolhidos ao acaso ou dependentes exclusivamente das condições da ação, mas devem de algum modo estar sujeitos à influência de determinado fator seletivo independente, cujo conhecimento é necessário à compreensão do andamento concreto da ação". Esse fator é a orientação normativa que, embora possa ser diferentemente orientada, não falta em nenhum tipo de ação efetiva (The Structure of Social Action, 1949, pp. 44-45). Esse esquema analítico proposto por Parsons sem dúvida corresponde muito bem às exigências da análise sociológica; mas pode ser assumido também em filosofia como base para a compreensão da ação nos vários campos de que a filosofia se ocupa, isto é, no campo moral, jurídico, político, etc. [Abbagnano]



Em linhas gerais, ação é o ato do agente e tende a algo determinado. A ação é uma moção (como o é também a paixão, passio). Ação e paixão (pathos, em grego) são a mesma moção e não duas, mas que diferem entre si, não quanto ao sujeito em moção, mas quanto à razão (ratio) de cada uma, pois são espécies do gênero moção (motus). Vide moção.

a) Operação de um ser, produzida por ele mesmo, e não por uma causa exterior, pela qual algo é ou tende a ser modificado. Esta modificação pode referir-se tanto a um objeto externo ao agente, como ao próprio agente. Neste sentido, opõe-se à paixão. “Tudo quanto se faz ou sucede de novo é geralmente chamado pelos filósofos uma paixão em relação ao sujeito ao qual sucede e uma Ação em relação a quem a realiza” (Descartes). Produzida por ele mesmo não implica que este ser seja um indivíduo e a operação voluntária, mas só tende a excluir uma “causa exterior” como agente da operação. Se definimos o ato como um “movimento” e a ação como uma operação, como tal tem exatamente um caráter mais concreto do que «movimento», como ação o tem em comparação a ato. «Operação» deve tomar-se no sentido mais lato, abrangendo de um lado operações puramente mentais e por isso individuais, enquanto por outro se aplica a processos físicos, cujos agentes carecem de vida anímica.

b) Em sentido mais restrito designa a execução de uma volição.

c) Na Ética, há certa dificuldade para determinar a operação de Deus e a operação do homem na realização de uma Ação moral.

d) Nas ciências naturais, fala-se da ação de um ácido, da Ação do sol sobre os organismos, etc.

e) Não obstante, através da história do termo ação, observa-se uma tendência progressiva à limitação do termo a «operações voluntárias», o que é reivindicado pela Psicologia. Dois fatos, entretanto, trabalharam em direção contrária. Em primeiro lugar, o fato de que a ideia de Ação evidentemente remonta a estados primitivos da humanidade, em que não se distinguiam as ações físicas, como os efeitos produzidos pelo sol ou pelo fogo, de as ações que estavam, por experiência, ligadas a um esforço pessoal e à determinação voluntária. A confusão destas duas espécies de ações, e de suas características peculiares, encontra a sua expressão significativa na interpretação animista da natureza. Essa confusão «ideológica; entre as duas espécies de atividade foi desfeita pelo desenvolvimento posterior do pensamento, conservando-se, porém, até os nossos dias, a confusão «filológica» correspondente. Contudo, é mister mencionar também que o pensamento humano, embora certo da necessidade de uma distinção clara entre «ações voluntárias» e «ações (processos, efeitos) físicas», não obstante, tratou sempre de estabelecer um nexo entre ambos os modos de operações, ou de reduzir um deles ao outro, ou ambos a uma base comum, que é a chave da sua natureza metafísica impenetrável.

A meio caminho desse elevado empreendimento, surge a questão de como é relacionada a ação com as outras grandes modalidades do ser. Aqui Aristóteles, na sua tábua de categorias, coloca a ação (poiein) entre os acidentes, ao lado de paskein (passividade), com que se acha em oposição e ao mesmo tempo em relação, porquanto o procedimento ativo de um ser pressupõe um sujeito que recebe esse movimento ou alteração de modo passivo. (latim: actio-passio).

Por mais heterogêneos que sejam o agente e o sujeito passivo, «actio» e «passio» não deixam de ser uma e a mesma coisa, que só tem dois nomes diferentes, conforme é referido a um ou outro dos dois sujeitos, como dissemos.

Há, contudo, dois empecilhos para o emprego exclusivo da palavra ação no sentido psicológico de “ação voluntária”. O primeiro foi a confusão animista. O segundo reside no fato de que a palavra ato, quase sinônima de ação, e usada como tradução do termo escolástico “actus”, significa não só o momento da atividade como também o da «realização atual», em oposição a “potência”, a mera possibilidade. A concepção aristotélica de Deus resulta, pois, na terminologia escolástica, como «actus purus», excluindo nele toda potencialidade, mas implicando, também, o momento da «atividade suprema». Mas o ato (energeia), que se opõe à potência, não é a categoria poiein (ação). A confusão desses dois momentos culminou em fórmulas como: «O que não age não é». Essa confusão metafísica introduzia a ambiguidade na palavra ação.

Muito usada hoje na Psicologia, que lhe impôs um sentido que, se não a identifica com “ação voluntária”, pelo menos a relaciona com a vontade, e deduz dos diferentes graus dessa relação os pontos de vista para uma divisão prática como segue:

A) ações voluntárias que 1) são efetuadas pela vontade, ou 2) poderiam sê-lo (ações espontâneas) ;

B) ações não voluntárias, que são efetuadas em completa independência da vontade (ações reflexas, automáticas);

C) ações anti-voluntárias, que ocorrem contra a vontade a despeito de uma resolução da vontade em contrário.

Uma ação moral é um acontecimento devido à intervenção de uma vontade, que não experimenta nenhuma determinação de fora nem da própria natureza do sujeito moral. Pelo contrário, é próprio do reino da física, que os seus processos (ação de um ácido) sejam determinados exatamente pela natureza do agente. A diferença aludida volta a importar na conhecida distinção entre “actus humani”, ações cônscias e voluntárias, “ações hominis”, ações efetuadas por um homem e determinadas, quididativamente, pela natureza humana, mas que são, senão inconscientes, pelo menos involuntárias.

O reconhecimento do processo cognoscitivo, como «atividade mental», depende da aceitação de outros princípios preliminares. A negação do elemento ativo no processo intelectivo conduz até a introduzir uma oposição entre «intelectivo» e “ativo”. Reid, p. ex.: distingue entre «faculdades intelectivas e ativas». Mas, independentemente dessa formulação extrema de princípios opostos, a humanidade, falando antes pelos poetas do que pelos filósofos, sentiu sempre que o elemento de atividade foi distribuído no mundo de maneira desigual, atribuindo-se, geralmente, à região do intelecto uma atividade menos intensa do que a outras manifestações da vida. Farto da teoria, Fausto proclama o princípio oposto: “No começo foi a Ação”. E quando em outra parte defende a primazia do logos, da palavra, do pensamento, acha necessário lembrar, que também o logos é ativo, tratando, destarte, de justificar a contemplação (grego teoria), ora com reputação de inativa, senão de preguiçosa.

Refutam essa implicação as palavras de J. Lagneau: “A certeza è uma região profunda, onde o pensamento somente se pode manter com esforço”. Se bem que, de um outro ponto de vista, formula Descartes o princípio: «Não é preciso mais Ação para o movimento que para o repouso».

Resumimos, no seguinte, uma exposição de Maurice Blondel, idealizador de uma «filosofia da ação», na qual reencontramos também a problemática abordada.

Para compreender e hierarquizar a palavra «ação», é bom usar a distinção tradicional entre poien, praxein e theorein (fazer, agir e contemplar).

A ação pode consistir em modelar uma matéria exterior ao agente, em encarnar uma ideia, em fazer cooperar, por uma criação artificial, diversas potências físicas ou ideais.

I) A ação pode consistir na formação do próprio agente, esculpindo seus membros e seus hábitos, dando vida à intenção moral no organismo e espiritualizando, assim, a própria vida animal, e, por meio desta, a vida social.

II) A ação pode consistir na realização do pensamento, no que há nele de mais universal e eterno: a contemplação no sentido estrito, que é ação por excelência. — No primeiro sentido, ação parece opor-se a ideia; ela luta para dominar uma matéria mais ou menos rebelde, mas, por fim, ela deve tirar proveito dessa luta, e enriquecer-se pela colaboração dos seus meios de expressão. No segundo sentido, ação parece opor-se a «intenção:», que periga ser atraiçoada e deteriorada, mas que, ao contrário, deve ser precisada, fecundada, completada. No terceiro caso, a «ação contemplativa» parece opor-se aos procedimentos e ao «processo discursivo:- da meditação ou da prática; mas, na realidade, exprime a unidade perfeita do ser e do conhecimento, que preparam os conflitos provisórios e subalternos de todas as potências externas, internas, superiores, finalmente reconciliados, hierarquizados. Não é justo inferir desses conflitos transitórios uma heterogeneidade radical e peremptória de pensamento e ação. A ação deve constituir a síntese da espontaneidade e da reflexão, da realidade e do conhecimento, da pessoa moral e da ordem universal, da vida interior do espírito e dos mananciais superiores donde ela se alimenta.

Diferencia Blondel por este procedimento sua própria filosofia de todo “ativismo” pragmatista, como foi defendido por James, Schiller e Dewey. O pragmatismo ativista sacrifica a verdade à utilidade prática; o ativismo de Blondel faz da verdade uma visão direta do dinamismo em que consiste todo ser. Assim Blondel propugna por uma “lógica da ação”, que não nega a “lógica da ideia”, mas que a compreende em seu seio como um modo inferior e subordinado de conhecimento, pois a «lógica da ideia» não pode chegar, em sua opinião, à compreensão da essencial inteligibilidade da ação (Ferrater Mora).

III) Ante a teoria das modais, de Suarez, compreende-se da seguinte maneira:

A ação é transeunte ou imanente. É transeunte (também chamada intransitiva) a que tem seu efeito fora do agente, e imanente a que o tem no próprio agente.

A ação, para Suarez, é um modo. É a razão formal da causalidade, da dependência real do efeito quanto à causa.

Entre as inúmeras perguntas que ele faz sobre a ação, interessa-nos, sobretudo, saber se a ação radica ou no agente ou no paciente.

A ação é algo intermédio entre a causa e o efeito (aliquid medium inter illas). Não é o efeito produzido, nem a causa que produz, nem a síntese de ambos, é a dependência real entre o efeito e a causa, que radica no efeito.

A causa agente pode existir sem a ação que dela dimana, pode obrar ou cessar de obrar na ação, o que permite nitidamente distinguir a causa de sua ação, e também do efeito, porque este é o término daquele, e um mesmo efeito pode ser alcançado por meio de ações diferentes. Pela ação, o efeito se constitui dependente de sua causa.

A ação é, a parte rei, uma dependência real, afirma Suarez, mas é uma dependência da causa eficiente; é a dependência real do término para com seu princípio agente. A dependência é dependência de quem depende; portanto é do término que provém do agente, e como é um modo não pode depender de si mesma. Por isso, a Ação não pode existir sozinha, porque não há dependência sem algo que dependa. O modo é recebido no paciente, e, neste caso, a Ação é recebida no paciente, sendo deste o modo de dependência ao agente.

No tocante às ações transeuntes, tudo é claro. Não quanto às ações imanentes (as que se dão no agente).

No primeiro caso, a ação é o fieri; emana do agente, mas nele não permanece.

Resta agora ver a ação imanente para Suarez. Para muitos tomistas, não há aqui propriamente ação, pois esta induz o paciente e, nas imanentes, não há paixão (de pathos, no sentido de passus, sofrido).

Mas Suarez argumenta que os atos imanentes são verdadeiras qualidades, e que se produzem por suas potências (são intensistas, diríamos). São atos imanentes, por exemplo, o ser bom, mau, sapiente, etc. Mas há, nesses atos imanentes, dependência das qualidades às potências que os produzem, alega Suarez. O término pode permanecer no sujeito, e a ação tende ao seu término. A ação imanente pode ser distinguida como ato de produzir e como produto. No primeiro caso, tem razão de produção, é a ação propriamente tal; como término é a qualidade produzida. A ação cognoscitiva é uma ação imanente. E, no conhecimento, engendram-se as species intentionales, que se formam com certa semelhança com o objeto conhecido, são representações dos entes reais. Essas espécies aderem-se à inteligência por meio do modo de inerência. [MFSDIC]


A ação, única atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, corresponde à condição humana da pluralidade, ao fato de que homens, e não o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condição humana têm alguma relação com a política; mas esta pluralidade é especificamente a condição — não apenas a conditio sine qua non, mas a conditio per quam — de toda vida política. Assim, o idioma dos romanos — talvez o povo mais político que conhecemos — empregava como sinônimas as expressões «viver» e «estar entre os homens» (inter nomines esse), ou «morrer» e «deixar de estar entre os homens» (inter homines esse desinere). Mas, em sua forma mais elementar, a condição humana da ação está implícita até mesmo na Gênese («macho e fêmea Ele os criou), se entendermos que esta versão da criação do homem diverge, em princípio, da outra segundo a qual Deus originalmente criou o Homem (adam) — a ele, e não a eles, de sorte que a pluralidade dos seres humanos vem a ser o resultado da multiplicação. A ação seria um luxo desnecessário, uma caprichosa interferência com as leis gerais do comportamento, se os homens não passassem de repetições interminavelmente reproduzíveis do mesmo modelo, todas dotadas da mesma natureza e essência, tão previsíveis quanto a natureza e a essência de qualquer outra coisa. A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir. [ArendtCH]

Submitted on 04.01.2010 16:19
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