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Léxico Filosofia

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sujeito-objeto

Definition:
Objekt, Gegenstand, Subjekt. VIDE Objetivierung, Vergegenständlichung

Na própria presença [Dasein] e para ela, esta constituição de ser é, desde sempre e de alguma maneira, reconhecida. No entanto, para ser também conhecida, o conhecer explícito nessa tarefa toma a si mesmo, enquanto conhecimento do mundo, como relação exemplar entre “alma” e mundo. Por isso, conhecer o mundo (noein), dizer e discutir o “mundo” (logos) funcionam como modo primário de ser-no-mundo, embora este último não seja concebido como tal. Porque, no entanto, esta estrutura de ser permanece ontologicamente inacessível, ela é experimentada onticamente como “relação” de um ente (mundo) com outro ente (alma). Ademais, porque ser é, numa primeira aproximação, compreendido apoiando-se ontologicamente no ente como ente intramundano, tenta-se compreender esta relação entre os entes mencionados com base nestes entes e no sentido de seu ser, isto é, como ser simplesmente dado. Embora experienciado e reconhecido pré-fenomenologicamente, o ser-no-mundo se torna invisível por via de uma interpretação ontologicamente inadequada. Agora só se conhece a constituição da presença [Dasein] e, na verdade, como algo evidente por si mesmo, na pregnância de uma interpretação inadequada. Desse modo, esta interpretação torna-se o ponto de partida “evidente” para os problemas da epistemologia ou “metafísica do conhecimento”. Pois, o que é mais evidente do que um “SUJEITO” referir-se a um “OBJETO” e vice-versa? Esta correlação de sujeito-objeto é um pressuposto necessário. Mas tudo isso, embora inatacável em sua facticidade, ou melhor, justamente por isso, permanece um pressuposto fatal, quando se deixa obscura a sua necessidade e, sobretudo, o seu sentido ontológico. STMSC: §12

Se ser-no-mundo é uma constituição fundamental da presença [Dasein] em que ela se move não apenas em geral mas, sobretudo, no modo da cotidianidade, então a presença [Dasein] já deve ter sido sempre experimentada onticamente. Permanecer totalmente velada seria incompreensível, principalmente porque a presença [Dasein] dispõe de uma compreensão ontológica de si mesma, por mais indeterminada que seja. Mas logo que “o fenômeno do conhecimento do mundo” se apreende em si mesmo, sempre recai numa interpretação formal e “externa”. Um indicador disso é a suposição, hoje tão corrente, do conhecimento como uma “relação de SUJEITO e OBJETO”, que se mostra tão “verdadeira” quanto vazia. SUJEITO e OBJETO não coincidem, porém a com presença [Dasein] e mundo {CH: na verdade não! Tão pouco que, já na composição, o que recusa é fatal}. STMSC: §13

Mesmo que se lograsse determinar ontológica e primariamente o ser-em a partir do ser-no-mundo que conhece, isso implicaria, como primeira tarefa indispensável, uma caracterização fenomenal do conhecimento enquanto caracterização do ser-em e para o mundo. Ao se refletir sobre esta relação de ser, dá-se, logo de início, um ente, chamado natureza, como aquilo que primeiro se conhece. Neste ente não se encontra conhecimento. Quando “há” conhecimento, este pertence unicamente ao ente que conhece. Entretanto, o conhecimento também não é simplesmente dado nesse ente, a coisa homem. De todo modo, não pode ser constatado externamente como, por exemplo, propriedades de nosso corpo. Não lhe pertencendo como uma qualidade externa, o conhecimento deve estar “dentro”. Assim, quanto mais univocamente se admite, em princípio, que o conhecimento está propriamente “dentro” e que nada possui do modo de ser de um ente físico e psíquico, tanto mais se acredita proceder sem pressuposições, na questão sobre a essência do conhecimento e sobre o esclarecimento da relação entre SUJEITO e OBJETO. Pois, só então é que poderá surgir o problema ou a seguinte questão: Como este SUJEITO que conhece sai de sua “esfera” interna e chega a uma “outra” esfera, a “externa”? Como o conhecimento pode ter um OBJETO? Como se deve pensar o OBJETO em si mesmo de modo que o SUJEITO chegue por fim a conhecê-lo, sem precisar arriscar o salto numa outra esfera? Nesse ponto de partida com suas múltiplas variações, abre-se mão constantemente de questionar o modo de ser do SUJEITO que conhece, embora, sempre, ao se tratar de seu conhecimento, esse modo de ser esteja implícito. Sem dúvida, se nos assegura que o interior ou a “esfera interna” do SUJEITO não é, decerto, pensada como uma “caixa” ou um “casulo”. Mas reina um grande silêncio sobre o que significa positivamente o “interior” da imanência em que o conhecimento está, de início, trancado, e como o caráter ontológico deste “estar dentro” do conhecimento se funda no modo de ser do SUJEITO. Como quer que se interprete esta esfera interna, ao se questionar como o conhecimento dela “sai” e a “transcende”, logo aparece que se considera o conhecimento problemático, sem que antes se tenha esclarecido como é e o que é em si mesmo este conhecimento que impõe a tarefa de um tal enigma. STMSC: §13

Em que direção deve-se olhar para que se possa caracterizar fenomenalmente o ser-em como tal? A resposta encontra-se, quando se recorda o que, na indicação do fenômeno, já foi confiado a visão fenomenológica: o ser-em difere da interioridade de algo simplesmente dado “em” um outro; o ser-em não é propriedade de um SUJEITO simplesmente dado, separada ou apenas provocada pelo ser simplesmente dado do “mundo”; ao contrário, o ser-em é um modo de ser essencial do próprio SUJEITO. Que mais se apresentaria neste fenômeno do que um commercium simplesmente dado entre um SUJEITO simplesmente dado e um OBJETO simplesmente dado? Esta interpretação aproximar-se-ia dos dados fenomenais se dissesse: a presença [Dasein] é o ser deste “entre”. Mesmo assim, a orientação pelo “entre” continuaria provocando mal-entendidos, pois impediria de se ver a indeterminação ontológica do ponto de partida de um ente em meio ao qual “é e está” este entre como tal. Nesse caso, o entre já estaria sendo concebido como resultado da conveniência entre duas coisas simplesmente dadas. O seu ponto de partida prévio já explode o fenômeno e seria insensato tentar recompô-lo novamente a partir de seus fragmentos. Não é apenas que falte a “argamassa”. Também o “esquema”, segundo o qual a integração pode realizar-se, foi explodido ou jamais se desvendou. Do ponto de vista ontológico, é decisivo evitar previamente a fragmentação do fenômeno, o que significa assegurar o seu teor fenomenal positivo. Que sejam necessárias muitas circunstâncias para que isso se cumpra ontologicamente, isso foi, ontologicamente desvirtuado em tais proporções no modo tradicional de tratar o “problema do conhecimento” que chegou a se distorcer, a ponto de se tornar invisível. STMSC: §28

2. Enunciado também diz predicação. De um “SUJEITO” enuncia-se um “predicado”, o predicado determina o SUJEITO. O que se enuncia neste significado de enunciado não e o predicado, mas o “próprio martelo”. O que se enuncia, isto é, o que determina o martelo e o “pesado demais”. O que se enuncia, no segundo significado, o determinado como tal, sofreu uma restrição em seu conteúdo, se comparado com o que se constatou no primeiro. Toda predicação só e o que e como um mostrar a partir de si mesmo e por si mesmo. O segundo significado funda-se no primeiro. Os integrantes da articulação predicativa, sujeito-predicado, surgem num mostrar a partir de si mesmo e por si mesmo. O determinar não descobre, mas, como modo de um mostrar a partir de si mesmo e por si mesmo, restringe a visão inicial ao que se mostra como tal – o martelo. Restringindo a visão, mostra-se, expressamente, o que se revela em sua determinação. Face ao já revelado – o martelo pesado demais – a determinação da, inicialmente, um passo atrás; a “posição do SUJEITO” concentra o ente no “martelo que esta aí” a fim de deixar e fazer ver, no processo de desconcentração, o que se revela em sua determinação possível. Posição do SUJEITO, posição do OBJETO são em sua composição inteiramente “apofânticas” no sentido rigoroso do termo. STMSC: §33

Não discutiremos em maiores detalhes a teoria do “juízo”, hoje predominantemente orientada pelo fenômeno da “validade”. Basta uma indicação da problematicidade variada do fenômeno da “validade” que, desde Lotze, apresenta-se como fenômeno originário”, ou seja, um fenômeno que já não e mais passível de uma analise ulterior. Este deve-se somente a sua falta de clareza ontológica. A “problemática” concentrada em torno dessa palavra idolatrada não e menos obscura. Validade indica, por um lado, a “forma” da realidade, atribuída ao conteúdo do juízo enquanto o que permanece inalterado frente ao processo “psíquico” de julgamento, esse em contínua transformação. No estado da questão do ser, caracterizado na introdução desse tratado, não se poderá esperar que a “validade” se distinga, enquanto “ser ideal”, por uma clareza ontológica especial. Por outro lado, validade também significa que o sentido do juízo de valor vale para o seu “OBJETO”, assumindo assim o significado de “validade objetiva” e objetividade em geral. O sentido “válido” dos entes e válido em si, mesmo “independente do tempo”, vale ainda também no sentido de ter valor para todos os que julgam racionalmente. Validade significa agora constringência, “validade universal”. Se ainda se defende uma epistemologia “crítica”, para a qual o SUJEITO propriamente “não sai de si” para alcançar o OBJETO, então, nesse caso, a validade como objetividade, a validade do OBJETO, funda-se na existência válida do sentido verdadeiro (!). Os três significados explicitados de “valer”, como modo de ser do ideal, como objetividade e como constringência, não são apenas em si desprovidos de transparências, mas confundem-se constantemente entre si. Por precaução metodológica não se pode escolher conceitos tão bruxuleantes para guia de interpretação. Não restringimos previamente o conceito de sentido ao significado de “conteúdo do juízo”, mas o entendemos como fenômeno existencial já caracterizado, onde se torna visível o aparelhamento formal do que se pode abrir no compreender e articular na interpretação. STMSC: §33

Por ocasião da primeira indicação do ser-no-mundo como constituição fundamental da presença [Dasein] e na caracterização de seus momentos constitutivos não se considerou fenomenalmente o seu modo de ser na análise da constituição de ser. Sem dúvida, os modos básicos possíveis de ser-em, ocupação e preocupação, foram descritos. Entretanto, não se discutiu a questão do modo de ser cotidiano dessas modalidades. Mostrou-se também que o ser-em difere inteiramente de um contrapor-se observador ou atuante, isto é, que não se trata do simplesmente dar-se em conjunto de um SUJEITO e um OBJETO. Não obstante, manteve-se a aparência de que o ser-no-mundo constitui uma armação rígida dentro da qual se desenrolam as possíveis atitudes da presença [Dasein] com seu mundo, sem que se altere ou mesmo se toque na estrutura ontológica do próprio “aparelhamento”. Esse pretenso “aparelhamento”, no entanto, também constitui o modo de ser da presença [Dasein]. No fenômeno da decadência, documenta-se um modo existencial de ser-no-mundo. STMSC: §38

Essa estrutura, porém, diz respeito ao todo da constituição da presença [Dasein]. Esse anteceder-a-si-mesma não significa uma espécie de tendência isolada num “SUJEITO” sem mundo, mas caracteriza o ser-no-mundo. Pertence a esse ser-no-mundo, contudo, que, entregando-se à responsabilidade de si mesmo, já se tenha lançado em um mundo. É na angústia que o abandono da presença [Dasein] a si mesma se mostra em sua concreção originária. Apreendido em sua plenitude, o anteceder-a-si-mesma da presença [Dasein] diz: anteceder-a-si-mesma-no-já-ser-em-um-mundo. Vendo-se fenomenalmente essa estrutura em sua unidade de essência, evidencia-se também o que foi anteriormente exposto na análise da mundanidade. Lá se obteve que a totalidade referencial da significância que, como tal, constitui a mundanidade, ancora-se num em-virtude-de (Worum-willen). O acoplamento da totalidade referencial, das múltiplas remissões do “para-quê” ao que está em jogo na presença [Dasein] não significa a fusão de um “mundo” simplesmente dado de objetos com um SUJEITO. Ao contrário, é a expressão fenomenal da constituição da presença [Dasein] em seu todo originário, cuja totalidade foi agora explicitada como um anteceder-a-simesma no já ser em... Em outras palavras: existir é sempre fático. Existencialidade determina-se essencialmente pela facticidade. STMSC: §41

Do ponto de vista ontológico, porém, mesmo que se abrisse mão do primado ôntico do SUJEITO isolado e da experiência interior, manter-se-ia a posição de Descartes. O que Kant prova – admitindo-se que a prova e a sua base sejam corretas – é o ser simplesmente dado necessariamente em conjunto de um ente que se transforma e um que permanece. Essa equiparação de dois seres simplesmente dados ainda não diz o simplesmente dar-se em conjunto de SUJEITO e OBJETO. E mesmo que isso se provasse, permaneceria encoberto o que, do ponto de vista ontológico, é decisivo: a constituição fundamental do “SUJEITO”, da presença [Dasein], como ser-no-mundo. O simplesmente dar-se em conjunto do físico e do psíquico é, do ponto de vista ôntico e ontológico, inteiramente distinto do fenômeno do ser-no-mundo. STMSC: §43

Antes de uma orientação “perspectivista”, ainda existe a possibilidade de se apresentar a problemática da realidade com a seguinte tese: todo SUJEITO é o que é somente para um OBJETO e vice-versa. Nesse princípio formal, porém, os membros da correlação assim como a própria correlação permanecem ontologicamente indeterminados. No fundo, porém, o todo da correlação é pensado, “de algum modo”, necessariamente como ente, ou seja, com referência a uma determinada ideia de ser. Assegurando-se previamente o solo ontológico-existencial, mediante a indicação do ser-no-mundo, pode-se então reconhecer a correlação mencionada como uma relação formalizada e ontologicamente indiferente. STMSC: §43

Mas será necessário para isso arrolar toda a problemática “epistemológica” referente à relação sujeito-objeto? Ou será que a análise pode restringir-se à interpretação da “consciência (Bewusstsein) imanente da verdade”, permanecendo-se, portanto, “na esfera” do SUJEITO? Segundo a opinião geral, só o conhecimento é verdadeiro. Conhecer, porém, é julgar. Em todo julgamento, deve-se distinguir a ação de julgar enquanto processo psíquico real e o conteúdo julgado enquanto conteúdo ideal Deste último, diz-se que é “verdadeiro”. Em contrapartida, o processo psíquico real é simplesmente dado ou não. O conteúdo ideal do juízo é, pois, o que se acha numa relação de concordância. E esta diz respeito a um nexo entre o conteúdo ideal do juízo e a coisa real sobre a qual se julga. STMSC: §44

O enunciado é verdadeiro significa: ele descobre o ente em si mesmo. Ele enuncia, indica, “deixa ver” (apophansis) o ente em seu ser e estar descoberto. O ser-verdadeiro (verdade) do enunciado deve ser entendido no sentido de ser-descobridor. A verdade não possui, portanto, a estrutura de uma concordância entre conhecimento e OBJETO, no sentido de uma adequação entre um ente (SUJEITO) e um outro ente (OBJETO). STMSC: §44

As remissões da significância que determinam a estrutura do mundo não são, portanto, uma rede de formas que um SUJEITO, destituído de mundo, pode lançar sobre um material. Ao contrário, compreendendo ekstaticamente a si e a seu mundo na unidade do pre [das Da], a presença [Dasein] fática volta destes horizontes para os entes que lhe vêm ao encontro. Voltar para... compreendendo é o sentido existencial do deixar vir ao encontro atualizador dos entes que por isso são chamados de intramundanos. O mundo já está, por assim dizer, “muito mais fora” do que qualquer OBJETO pode estar. Por isso, o “problema da transcendência” não pode ser reduzido à questão de como um SUJEITO sai de dentro de si e chega a um OBJETO fora de si, em que se identifica o conjunto de objetos com a ideia de mundo. A questão é: o que torna ontologicamente possível que o ente intramundano venha ao encontro e possa, enquanto aquilo que vem ao encontro, ser objetivado? A resposta se acha no retorno à transcendência do mundo, fundada de modo ekstático e horizontal. STMSC: §69

Concebendo, ontologicamente, o “SUJEITO” como presença [Dasein] que existe e cujo ser está fundado na temporalidade, deve-se então dizer: mundo é “subjetivo”. Mas, do ponto de vista temporal-transcendente, este mundo “subjetivo” é mais “objetivo” do que qualquer “OBJETOpossível. STMSC: §69

De fato, a história não é o contexto dos movimentos de alteração do OBJETO nem a sequência de vivências soltas do “SUJEITO”. Será que o acontecer da história diz respeito ao “encadeamento” de SUJEITO e OBJETO? Se o acontecer já remete à relação sujeito-objeto então ainda é preciso questionar o modo de ser deste encadeamento como tal, caso este encadeamento seja o que, no fundo, “acontece”. A tese da historicidade da presença [Dasein] não afirma que é histórico o SUJEITO sem mundo mas sim o ente que existe como ser-no-mundo. O acontecer da história é o acontecer de ser-no-mundo. Em sua essência, historicidade da presença [Dasein] é historicidade de mundo que, baseada na temporalidade ekstática e horizontal, pertence à sua temporalização. Como a presença [Dasein] existe faticamente, também vem ao encontro o que se descobriu dentro do mundo. Com a existência do ser-no-mundo histórico, tanto o manual quanto o ser simplesmente dado sempre já estão inseridos na história do mundo. Instrumento e obra, os livros, por exemplo, têm seu “destino”, construções e instituições têm sua história. Mas também a natureza é histórica. Sem dúvida ela não o é quando falamos de “história da natureza” e sim como paisagem, região de exploração e ocupação, como campo de batalha e lugar de culto. Como tal, este ente intramundano é histórico e sua história não significa algo “exterior” que simplesmente acompanha a história “interior” da “alma”. Chamamos este ente de pertencente à história do mundo. Deve-se, no entanto, atentar para o duplo significado da expressão “história do mundo”, aqui entendida ontologicamente. Significa, por um lado, o acontecer do mundo, em sua unidade existente e essencial com a presença [Dasein]. Mas, na medida em que, junto com o mundo faticamente existente, entes intramundanos são sempre descobertos, também significa o “acontecer” intramundano do manual e do ser simplesmente dado. Com efeito, o mundo só é histórico enquanto mundo dos entes intramundanos. O que “acontece” com o instrumento e a obra como tais possui um caráter próprio de movimentação que permanece, até agora, inteiramente obscuro. Um anel, por exemplo, ao ser “presenteado” e “usado” não sofre, nesse ser, apenas mudanças de lugar. A movimentação do acontecer em que algo “acontece com ele” não se deixa apreender a partir do movimento, entendido como mudança de lugar. Isso vale para todos os “processos” e acontecimentos pertencentes à história do mundo e, de certo modo, também para as “catástrofes naturais”. Mesmo desconsiderando que ultrapassaria os limites do tema, não podemos aprofundar aqui o problema da estrutura ontológica do acontecer próprio da história do mundo. Pois o propósito dessa exposição é conduzir ao enigma ontológico da movimentação do acontecer em geral. STMSC: §75

O tempo, “no qual” se move e repousa o que é simplesmente dado, não é “objetivo”, caso este termo queira referir-se ao ser simplesmente dado em si dos entes que vêm ao encontro dentro do mundo. Mas tampouco o tempo é “subjetivo”, caso por subjetivo compreendamos o ser simplesmente dado e a ocorrência em um “SUJEITO”. O tempo do mundo é “mais objetivo” do que qualquer OBJETO possível porque, enquanto condição de possibilidade dos entes intramundanos, ele já se “objetivou” junto com a abertura de mundo, ekstática e horizontalmente. Apesar da opinião de Kant, o tempo do mundo encontra-se, preliminarmente e de forma igualmente imediata, tanto no físico quanto no psíquico. Assim, não se chega ao primeiro através do segundo. Numa primeira aproximação, o “tempo” se mostra justamente no céu, ou seja, lá onde impessoalmente se encontra quando a gente é orientado por ele de forma natural, a ponto de o “tempo” se identificar com o céu. STMSC: §80

Mas o tempo do mundo também é “mais subjetivo” do que qualquer SUJEITO possível porque, no sentido bem entendido de cura como ser do si-mesmo que existe faticamente, ele também possibilita esse ser. “O tempo” não é e nunca está simplesmente dado no “SUJEITO”, nem no “OBJETO” e nem tampouco “dentro” ou “fora”. O tempo “é” “anterior” a toda subjetividade e objetividade porque constitui a própria possibilidade desse “anterior”. Será que o tempo possui um “ser”? Em caso negativo, seria então um fantasma ou seria ainda “mais ente” do que todo ente possível? A investigação capaz de prosseguir rumo a essas questões terá de se deparar com os mesmos “limites” já estabelecidos na discussão provisória do nexo entre verdade e ser. Mesmo que posteriormente se possa responder a estas questões ou ainda colocá-las originariamente, cabe compreender, de início, que, sendo ekstática e horizontal, a temporalidade temporaliza uma espécie de tempo do mundo, que, por sua vez, constitui uma intratemporalidade do que está à mão e do que é simplesmente dado. Em sentido rigoroso, porém, esse ente nunca pode ser chamado de “temporal”. Assim como todos os entes não dotados de caráter de presença [Dasein], ele é atemporal, quer ocorra, se origine e decorra “realmente”, quer subsista “idealmente”. STMSC: §80


Submitted on 29.08.2021 18:40
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