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S Seinsverlassenheit
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Heidegger - Termos originais
Seinsverlassenheit
Definition:abandono do ser
abandono del ser
abandon de l’être
abandon of being
ABANDONO DO SER (Seinsverlassenheit) Em sua discussão da maquinação e tecnologia, Heidegger descreve o ponto extremo do esquecimento do ser como uma ocorrência nas qual as entidades aparecem exclusivamente em termos de seu potencial para ser usado e explorado para propósitos instrumentais. Nesta época historial do domínio da tecnologia moderna, as entidades cessam de aparecer como únicas e singulares, mas ao invés manifestam elas mesmas somente unidimensionalmente em termos de seu valor instrumental. [HDHP]
Seinsverlassenheit des Seienden (abandono do ser característico do ente): Esta expressão é utilizada no texto para descrever o traço fundamental de todo pensamento metafísico. Para Heidegger, a metafísica constitui-se originariamente a partir de uma equiparação do ser com o ente enquanto tal e de uma consequente assunção do plano ôntico como o próprio horizonte de colocação da pergunta pelo ser. Ao buscar determinar o ser, a metafísica já sempre se orienta assim pelo ente e pensa de volta até o ente. O ente vigora portanto sozinho no interior das determinações metafísicas da realidade e o ser permanece excluído de toda reflexão. O ente vige aí em outras palavras em meio ao abandono do ser. [Casanova; GA67MAC:178]
Seinsverlassenheit é similar, em termos de estrutura, a Seinsvergessenheit, sendo verlassen o participio passado de verlassen, “abandonar”. Mas não significa que nós tenhamos abandonado o ser, mas que o ser nos abandonou e também aos outros entes: “O que realmente acontece (na maquinação) é o Seinsverlassenheit dos entes: que o ser deixa os entes a si mesmos e se lhes nega.” (GA6T2, 28. Cf. GA65, 111). E portanto similar à mais comum Gottverlassenheit, “renúncia de Deus”, ao passo que Seisvergessenheit aproxima-se da Gottvergessenheit, “esquecimento de Deus”, no sentido de que nos esquecemos de Deus (GA60, 53/10). Seinsverlassenheit consiste na ausência do “desvelamento [Entbergung] do ser enquanto tal” (GA6T1, 654), enquanto Seinsvergessenheit “significa: o velamento de si da prove-niência da diferenciação do ser em ser-o-que e ser-isto, em favor do ser que ilumina os entes enquanto entes e permanece inqueslionado enquanto ser” (GA6T2, 402/GA9, 3s).
[...]
Em SZ, a Seinsverlassenheit afetou a filosofia, deixando a “cotidianidade mediana” mais ou menos ilesa. Posteriormente, a Seinsverlassenheit afeta toda a vida humana, já que a filosofia ou “metafísica” é a influência dominante e subterrânea da mesma. Seinsverlassenheit é o solo do niilismo no sentido nietzschiano, a ausência de qualquer objetivo (GA65, 119, 138). Subjaz à tecnologia e aos males da modernidade: “Seinsverlassenheit pode ser aproximada pela reflexão acerca do obscurecimento do mundo, da destruição da terra no sentido da velocidade, do cálculo [Berechnung], da reivindicação da massa [Massenhaften]” (GA65, 119). Na gigantomania característica da tecnologia, “a Seinsverlassenheit dos entes se essencializa; e não mais apenas na forma da ausência de questionamento dos entes, mas com a aparência da extrusão planejada, com base na prioridade incondicional do ‘feito’ (i.e., do empreendimento calculado, sempre em ‘larga escala’) e dos ‘fatos’” (GA65, 442).
A saída da Seinsverlassenheit inclui a consciência da mesma como Seinsverlassenheit. Ela “precisa ser experimentada como o acontecimento básico da nossa história [...] E isto requer: 1. Que a Seinsverlassenheit seja rememorada em sua história longa, velada e encobridora de si. [...] 2. Que a Seinsverlassenheit também seja experimentada como a necessidade [Not] que assoma à transição e a ilumina como o caminho em direção ao porvir” (GA65, 112). A Seinsverlassenheit vela a si mesma por detrás de nossa intensa preocupação com os entes. Geralmente, não estamos na “necessidade” ou em “aflição” (Not) por causa dela. Esta Notlosigkeit, “falta de aflição”, é ela mesma a maior das aflições: “A Seinsverlassenheit é o solo mais íntimo da aflição da falta de aflição. [...] Pode por acaso haver um caminho de saída de uma aflição do tipo que constantemente se nega como aflição?” (GA65, 119). Mas se nos tomamos conscientes de nossa aflição, a própria Seinsverlassenheit revela o ser: é “a primeira aurora do ser como o que oculta a si mesmo para fora da noite da metafísica, através da qual os entes apressaram-se para a proeminência e, assim, para a objetividade, enquanto que o ser tornou-se o suplemento na forma de um a priori [cf. as condições a priori da [54] objetividade segundo Kant]” (GA65, 293). Escapar da Seinsverlassenheit só é possível experimentando-a em sua forma mais crucial (cf. GA65, 410ss).
Os três véus da Seinsverlassenheit são: 1. Berechnung, “cálculo”; 2. “velocidade” , com a sua “ cegueira para o verdadeiramente transitório, para o que não é efêmero, mas revela a eternidade”, seu “pavor do tédio”; 3. A “explosão do massivo [Massenhaften] — não as ‘massas’ no sentido ‘social’; só importam tanto porque o que conta é o número e o calculável, i.e., o acessível a todos do mesmo modo” (GA65, 120s) [DH:52-54]
abandono del ser
abandon de l’être
abandon of being
ABANDONO DO SER (Seinsverlassenheit) Em sua discussão da maquinação e tecnologia, Heidegger descreve o ponto extremo do esquecimento do ser como uma ocorrência nas qual as entidades aparecem exclusivamente em termos de seu potencial para ser usado e explorado para propósitos instrumentais. Nesta época historial do domínio da tecnologia moderna, as entidades cessam de aparecer como únicas e singulares, mas ao invés manifestam elas mesmas somente unidimensionalmente em termos de seu valor instrumental. [HDHP]
Seinsverlassenheit des Seienden (abandono do ser característico do ente): Esta expressão é utilizada no texto para descrever o traço fundamental de todo pensamento metafísico. Para Heidegger, a metafísica constitui-se originariamente a partir de uma equiparação do ser com o ente enquanto tal e de uma consequente assunção do plano ôntico como o próprio horizonte de colocação da pergunta pelo ser. Ao buscar determinar o ser, a metafísica já sempre se orienta assim pelo ente e pensa de volta até o ente. O ente vigora portanto sozinho no interior das determinações metafísicas da realidade e o ser permanece excluído de toda reflexão. O ente vige aí em outras palavras em meio ao abandono do ser. [Casanova; GA67MAC:178]
Seinsverlassenheit é similar, em termos de estrutura, a Seinsvergessenheit, sendo verlassen o participio passado de verlassen, “abandonar”. Mas não significa que nós tenhamos abandonado o ser, mas que o ser nos abandonou e também aos outros entes: “O que realmente acontece (na maquinação) é o Seinsverlassenheit dos entes: que o ser deixa os entes a si mesmos e se lhes nega.” (GA6T2, 28. Cf. GA65, 111). E portanto similar à mais comum Gottverlassenheit, “renúncia de Deus”, ao passo que Seisvergessenheit aproxima-se da Gottvergessenheit, “esquecimento de Deus”, no sentido de que nos esquecemos de Deus (GA60, 53/10). Seinsverlassenheit consiste na ausência do “desvelamento [Entbergung] do ser enquanto tal” (GA6T1, 654), enquanto Seinsvergessenheit “significa: o velamento de si da prove-niência da diferenciação do ser em ser-o-que e ser-isto, em favor do ser que ilumina os entes enquanto entes e permanece inqueslionado enquanto ser” (GA6T2, 402/GA9, 3s).
[...]
Em SZ, a Seinsverlassenheit afetou a filosofia, deixando a “cotidianidade mediana” mais ou menos ilesa. Posteriormente, a Seinsverlassenheit afeta toda a vida humana, já que a filosofia ou “metafísica” é a influência dominante e subterrânea da mesma. Seinsverlassenheit é o solo do niilismo no sentido nietzschiano, a ausência de qualquer objetivo (GA65, 119, 138). Subjaz à tecnologia e aos males da modernidade: “Seinsverlassenheit pode ser aproximada pela reflexão acerca do obscurecimento do mundo, da destruição da terra no sentido da velocidade, do cálculo [Berechnung], da reivindicação da massa [Massenhaften]” (GA65, 119). Na gigantomania característica da tecnologia, “a Seinsverlassenheit dos entes se essencializa; e não mais apenas na forma da ausência de questionamento dos entes, mas com a aparência da extrusão planejada, com base na prioridade incondicional do ‘feito’ (i.e., do empreendimento calculado, sempre em ‘larga escala’) e dos ‘fatos’” (GA65, 442).
A saída da Seinsverlassenheit inclui a consciência da mesma como Seinsverlassenheit. Ela “precisa ser experimentada como o acontecimento básico da nossa história [...] E isto requer: 1. Que a Seinsverlassenheit seja rememorada em sua história longa, velada e encobridora de si. [...] 2. Que a Seinsverlassenheit também seja experimentada como a necessidade [Not] que assoma à transição e a ilumina como o caminho em direção ao porvir” (GA65, 112). A Seinsverlassenheit vela a si mesma por detrás de nossa intensa preocupação com os entes. Geralmente, não estamos na “necessidade” ou em “aflição” (Not) por causa dela. Esta Notlosigkeit, “falta de aflição”, é ela mesma a maior das aflições: “A Seinsverlassenheit é o solo mais íntimo da aflição da falta de aflição. [...] Pode por acaso haver um caminho de saída de uma aflição do tipo que constantemente se nega como aflição?” (GA65, 119). Mas se nos tomamos conscientes de nossa aflição, a própria Seinsverlassenheit revela o ser: é “a primeira aurora do ser como o que oculta a si mesmo para fora da noite da metafísica, através da qual os entes apressaram-se para a proeminência e, assim, para a objetividade, enquanto que o ser tornou-se o suplemento na forma de um a priori [cf. as condições a priori da [54] objetividade segundo Kant]” (GA65, 293). Escapar da Seinsverlassenheit só é possível experimentando-a em sua forma mais crucial (cf. GA65, 410ss).
Os três véus da Seinsverlassenheit são: 1. Berechnung, “cálculo”; 2. “velocidade” , com a sua “ cegueira para o verdadeiramente transitório, para o que não é efêmero, mas revela a eternidade”, seu “pavor do tédio”; 3. A “explosão do massivo [Massenhaften] — não as ‘massas’ no sentido ‘social’; só importam tanto porque o que conta é o número e o calculável, i.e., o acessível a todos do mesmo modo” (GA65, 120s) [DH:52-54]
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