filosofia e método

Já a velha Lógica de Port-Royal definia o método como "Arte de bem dispor uma sequência de diversos pensamentos, ou para descobrir a verdade quando a ignoramos, ou para prová-la aos outros quando já a conhecemos". Assim, método e sistema integram a essência do saber científico no qual o segundo representa seu aspecto de conteúdo e o primeiro seu aspecto formal. Em outras palavras: ‘sistema’ é o conjunto ordenado de conhecimentos ou conteúdo de uma ciência; e ‘método’, o caminho seguido para construir e atingir esse conjunto. Daí afirmar A. J. Ayer: "A filosofia distingue-se das outras artes e ciências mais pelo método do que pelo objeto. Os filósofos formulam proposições com o intuito de serem verdadeiras, e em geral produzem argumentos tanto para apoiar as teorias próprias como para refutar as alheias; mas os argumentos são de caráter especial. Não são, ou muito raro são, semelhantes à prova de uma proposição matemática; normalmente não consistem em demonstração formal, nem se parecem com a prova em qualquer ciência descritiva. Teorias filosóficas não se verificam por observação. São neutrais em matéria particular de fato".

Claro está que não é que os filósofos não se ocupem de fatos, mas acham-se na posição singular de que toda prova relativa aos seus problemas é já eficaz para eles. Não é necessária informação científica ulterior para decidir questões filosóficas, como saber se o mundo material é real, se os objetos continuam a existir quando não são percebidos, se os outros seres humanos são conscientes no mesmo sentido em que cada um o é de si. Não são questões solúveis experimentalmente, desde que a resposta determina a interpretação de qualquer experiência. O que em tais casos se discute não é se, dadas certas circunstâncias, se produzirá este ou aquele evento, mas antes como descrever alguma coisa que sucede. [LWVita]