
VIDE limitado (gr. peperasmenon; lat. finitus; in. Finite; fr. Fini; al. Endlich; it. Finitó). Esse termo tem as seguintes significações principais, das quais as duas primeiras correspondem aos sentidos de infinito: 1) Como disposição ou qualidade de uma grandeza em sentido matemático, finito é: d) o que está completo ou é exaurível, ou seja, não tem partes fora de si: o contrário de infinito potencial; b) o conjunto não auto-reflexivo, ou seja, não equipotente a uma de suas partes ou subconjuntos (no sentido estabelecido pela teoria dos conjuntos de Cantor e Dedekind). 2) No sentido teológico, aquilo que encontra limites ou obstáculos à sua possibilidade de ser, à sua potência. Esse conceito de finito remonta a Plotino, que foi o primeiro a entender o infinito como não-limitação da potência (Enn., IV, 3, 8; VI, 6, 18). Mas foi principalmente nesse conceito que o Romantismo se baseou para afirmar a realidade do infinito. Para Hegel, o infinito é a própria realidade enquanto potência ilimitada de realização, enquanto Absoluto. finito é aquilo que não tem potência suficiente para realizar-se, o ideal, o dever-ser (Enc., § 95; Wissenschaft der Logik, cap. II, seç. I; trad. it., I, p. 163). Deste ponto de vista, finito é "irreal" e encontra realidade só no infinito e como infinito. 3) Aquilo que pode ser ou agir em determinadas condições. Esse é o sentida com o qual essa palavra foi entendida por Kant. Ele chama o homem de "ser pensante finito", porquanto suas possibilidades cognoscitivas são limitadas pela intuição sensível, ou seja, por uma intuição que depende de objetos dados (Crít. R. Pura, § 8, IV). Do ponto de vista moral, o homem é um ser finito porquanto sua vontade não se identifica com a razão e a lei desta vale para a vontade só como imperativo (Crít. R. Prática, § 1, scol.). Enfim, a faculdade de juízo estético e teleológico funda-se na natureza finito do homem, na limitação de suas possibilidades cognoscitivas, porquanto não determinam completamente seu objeto, mas apenas a forma deste (Crít. do Juízo, § 77). Essa significação da palavra permaneceu em expressões como "intelecto finito", "ser finito", "natureza finito", etc.: nas quais finito não expressa uma limitação espacial ou temporal, mas o caráter condicional de certas possibilidades que não são aptas a garantir a onisciência, a onipotência e a infalibilidade. Com esta significação, esse termo foi aceito pelo existencialismo contemporâneo. Heidegger vê o caráter finito do homem no fato de que qualquer projeto seu de mundo já está dominado pelo próprio mundo, que limita as possibilidades projetáveis. Heidegger diz: "O projeto de possibilidades, em conformidade com sua essência, está cada vez mais rico da posse na qual o projetante se encontrava anteriormente. Mas uma posse assim só pode pertencer ao ser-aí porque ele, enquanto projetante, sente-se imerso no meio do ente. Mas, com isso, já estão sendo subtraídas ao ser-aí outras possibilidades, e isso em consequência de sua facticidade... Prova transcendental da finitude da liberdade do ser-aí é que o projeto concreto do mundo só adquire força e se torna posse na subtração. Será que nisso não se evidencia a essência finito da liberdade em geral?" (Vom Wesen des Grundes, III; trad. it., pp. 68-69). Nesse sentido, "finito’ é qualidade própria só do homem ou das possibilidades humanas, e finitude é o termo abstrato correspondente. Toda filosofia da existência é uma filosofia do finito porque interpretação da existência em termos de possibilidades condicionadas. [Abbagnano]