alma do mundo

Category: Termos chaves da Filosofia
Submitter: Murilo Cardoso de Castro

alma do mundo

psyche tou pantos teoria platônica de, psyche tou pantos 1: no platonismo tardio, ibid. 2; como motor em Platão, kinoun 5; análoga em Aristóteles, ibid. 10; e intelecto cósmico, noûs 6; exerce providência geral, pronoia 2; como fonte transcendente do mal, kakon 3 [FEPeters]



Conceito que já se encontra em Platão e Aristóteles, e que significa um princípio unificador, que desempenha, no mundo inteiro, o mesmo papel como a alma individual no homem.

Schelling define-a como «o que sustenta a continuidade do mundo inorgânico e orgânico, e une toda a natureza num organismo universal». Ela é às vezes considerada como Deus ou como intermediária entre Deus e o mundo visível. Vide tensão. [MFSDIC]


(gr. megale psyche; lat. Anima mundi; in. World-soul; fr. Âme du monde; al. Weltseele; it. Anima dei mondo).

Noção recorrente na cosmologia tradicional, que, frequentemente, concebe o mundo como "um grande animal", dotado, portanto, de alma própria. Assim Platão concebeu o mundo em Timeu e imaginou que a A.dele fosse construída e distribuída geometricamente pelo Demiurgo ( Tim., 34 b). — Essa noção foi retomada pelos estói-cos, que identificaram Deus com o mundo e conceberam-no como "um animal imortal, racional, perfeito, inteligente e bem-aventurado" (Dióg. L., VII, 137). Para Plotino, a alma do mundo é a segunda emanação do Uno ou Deus e procede do Intelecto, que é a primeira emanação, assim como este procede do Uno. A alma universal está voltada, de um lado, para o intelecto e, de outro, para as coisas inferiores ou materiais que ela ordena e governa (Enn., V, 1, 2). Na Escolástica, a alma do mundo foi, às vezes, identificada com o Espírito Santo, como em Abelardo (Theol. Christ., I, 17) e em alguns representantes da Escola de Chartres (Bernardo Silvestre, Teodorico de Chartres). No Renascimento, essa doutrina foi retomada por Giordano Bruno, para quem Deus é o intelecto universal, "que é a primeira e principal faculdade da alma do mundo, e esta é forma universal daquele [do próprio mundo]" (De Ia causa, III); essa doutrina foi comumente aceita por todos os que admitiram a validade da magia, que foram muitos (Cornélio Agripa, Paracelso, Fracastoro, Cardano, Campanella, etc), já que considerada como o fundamento da "simpatia universal" entre as coisas do mundo, que o mago utiliza em seus encantamentos e em suas operações miraculosas. Schelling utilizou o conceito de alma do mundo (Sobre a alma do mundo, 1798) para demonstrar a continuidade do mundo orgânico e do mundo inorgânico num todo, que é também um organismo vivo, enquanto Hegel negava a "alma mundial", pois considerava que a alma "tem a sua verdade efetiva só como individualidade, subjetividade" (Enc., § 391). Com o predomínio da ciência e da concepção mecânica do mundo, a noção de alma do mundo tornou-se, obviamente, inútil. [Abbagnano]

Submitted on:  Tue, 05-Jan-2010, 16:11