Nihilismus

Category: Heidegger - Termos originais
Submitter: mccastro

Nihilismus

Nihilismus vem do latim nihil, "nada". Literalmente diz "nadismo". Denota, em geral, mais a rejeição da tradição, autoridade e princípios morais e religiosos do que a afirmação de que absolutamente nada existe. Heidegger faz uma breve história do termo (GA6I, 31ss/N4, 3ss): ele foi usado filosoficamente pela primeira vez por Jacobi, em sua Carta a Fichte (1799), que chamou de nihilismus o idealismo de Fichte. Em sua Vorschule der Ästhetik (Propedêutica para a estética), Jean Paul chamou a poesia romântica de "niilismo" poético. Turgeniev popularizou o termo em Pais e filhos (1862), onde Bazarov o aplica à sua própria posição: apenas o que é sensorialmente perceptível é real, ao passo que a tradição e a autoridade devem ser rejeitadas — uma posição chamada frequentemente de "positivismo". Dostoievski elogiou Puchkin pela sua descrição dos niilistas russos desenraizados.

Heidegger considera o "niilismo" um dos cinco "termos-chave" do pensamento de Nietzsche (GA6I, 31ss/N4, 3ss). Os outros são: "vontade de poder", "eterno retorno do mesmo", "o super-homem" e "transvaloração dos valores" (ou "justiça", NII, 314ss/N3, 234ss). Para Nietzsche, o niilismo é mais do que uma doutrina adotada por alguns radicais, distinguindo-se do positivismo. Trata-se de "movimento histórico", que afeta a "história ocidental" e que pode ser resumido na frase: "Deus está morto". O Deus cristão perdeu seu poder sobre os entes e o destino humano. E como uma estrela morta há muito tempo, mas que continua a brilhar ilusoriamente (GA6I, 33/N4, 4). Os resultados de uma "desvalorização dos valores mais elevados", que surge do que Nietzsche chama de "colapso dos valores cosmológicos" são (Vontade de poder, nos 148-151): o universo não tem "sentido [Sinn]" ou "finalidade". Não possui "unidade" ou "totalidade"; não há "totalidade de entes" para dar ao homem seu valor: "O niilismo refere-se à posição do homem em meio aos entes como um todo, o modo como o homem vem a relacionar-se com os entes enquanto tais, e como forma e afirma tanto este relacionamento como a si mesmo" (GA6I, 62s/N4, 29). Não há "mundo verdadeiro" acima deste mundo do devir, não há lugar para verdades e valores eternos, não havendo, portanto, " verdade". A "causa" do niilismo — e, portanto, o começo da sua longa e complexa história — é a moralidade platônica e cristã, "a colocação dos ideais supra-sensíveis de verdade, bem e beleza, válidos ‘em si mesmos’" (GA6I, 279/N3, 206). [DH]

Submitted on:  Thu, 15-Mar-2012, 12:57