
P — O senhor deve ter observado que, em minhas publicações posteriores, não emprego mais as palavras "hermenêutica" e "hermenêutico". J — Diz-se que o senhor mudou de posição. P — Deixei uma posição anterior, não por trocá-la por outra, mas porque a posição de antes era apenas um passo numa caminhada. No pensamento, o que permanece é o caminho. E os caminhos do pensamento guardam consigo o mistério de podermos caminhá-los para frente e para trás, trazem até o mistério de o caminho para trás nos levar para frente. J — Evidentemente o senhor não entende o "para frente" no sentido de um progresso mas... mas... tenho dificuldade de encontrar a palavra certa. P — "para" — na direção da vizinhança que, apressados, sempre passamos por cima, mas que, cada vez que a vemos, sempre nos traz estranheza. J — E por isso mesmo logo a perdemos de vista para nos ater ao corrente, útil e proveitoso. P — Em contrapartida, a vizinhança, sempre desviada pela pressa, nos quer levar de volta. J — De volta, mas para onde? P — Para o originário. J — Para mim, isso é de difícil compreensão, sobretudo quando procuro pensar com base no que o senhor tem escrito até agora. [GA12]