
ser-aí no homem
Category: Heidegger - Ser e Tempo etc.
Submitter: mccastro
ser-aí no homem
Da-sein im Menschen, Dasein im Menschen, Daseins im Menschen
[...] o conceito filosófico é um ater-se arrebatador [Angriff] ao homem e mesmo ao homem na totalidade – arrancado à catidianidade e perseguido desde o fundamento das coisas. O que o arrebata, porém, não é o homem, o sujeito duvidoso do cotidiano e da bem-aventurança do saber. Ao contrário, é o ser-aí no homem que no filosofar direciona o ater-se arrebatador ao homem. Assim, no fundo de sua essência, o homem é um ente arrebatado e tomado por [So ist der Mensch im Grunde seines Wesens ein Angegriffener und Ergriffener]. Ele é arrebatado pelo fato de “que é o que é” [dass er ist, was er ist] e de que é concomitantemente concebido em todo questionar conceptivo [in alles begreifende Fragen miteinbegriffen]. Este ser no cerne do conceito não é, contudo, nenhum recato animado, mas a luta com a dubiedade insuperável de todo e qualquer perguntar e ser [der Kampf mit der unüberwindlichen Zweideutigkeit alles Fragens und Seins]. [GA29-30:31; tr. Casanova §7]
Nossa pergunta – o homem tornou-se hoje entediante para si mesmo? – só pode significar, tudo está por fim entediante para o ser-aí no homem atual? [Ist es am Ende dem Dasein im heutigen Menschen als solchem langweilig?] Perguntamos por um tédio profundo, por um – isto é, por um determinado, por um tal tédio de nosso ser-aí, não pelo tédio profundo assim em geral e universalmente. [GA29-30:242; tr. Casanova §37]
Só podemos compreender aquele tédio profundo [Langeweile] em um tal questionamento, somente aí podemos criar espaço para ele. Perguntar por esta tonalidade afetiva fundamental [Grundstimmung] significa, porém, não justificar e impulsionar as humanidades atuais do homem [Menschlichkeiten des Menschen] mais para além, mas libertar a humanidade no homem [Menschheit im Menschen], deixar o ser-aí tornar-se essencial nele [das Dasein in ihm wesentlich werden lassen]. Esta libertação do ser-aí no homem [Daseins im Menschen] não significa colocá-lo em um âmbito de arbitrariedade [Willkür], mas lançar no homem a carga do ser-aí enquanto o seu fardo mais próprio [Menschen das Dasein als seine eigenste Bürde aufladen]. Somente quem pode se dar verdadeiramente um fardo é livre. Perguntar [Fragen] por esta tonalidade afetiva tem por objetivo perguntar pelo que a tonalidade afetiva enquanto tal dá a perguntar. [GA29-30:248; tr. Casanova §38]
Submitted on: Wed, 14-Jul-2021, 07:48