
Denken Escutemos mais atentamente! A afirmação diz que o gravíssimo é o fato de que ainda não pensamos. A afirmação não diz, nem que não mais pensamos, nem diz redondamente que não pensamos de maneira alguma. O “ainda não”, dito com ponderação, aponta para o fato de que, presumivelmente de longe [weither vermutlich], já estamos a caminho em direção ao pensar, não apenas a caminho em direção do pensar como um proceder algum dia [dereinst] exercitado, mas a caminho no pensar, no caminho do pensar. De acordo com isso, a nossa afirmação traz um raio de luz no obscurecimento, que parece não só pesar sobre o mundo provindo de algum lugar, mas que é como que arrastado pelos homens para junto de si. A nossa afirmação denomina o tempo atual, sem dúvida, como grave. Com essa palavra queremos designar sem alusões nocivamente adjacentes [abträglichen Nebenton] aquilo que nos dá o que pensar, a saber, o que quer ser pensado. O grave, entendido assim, não precisa ser de modo algum o que suscita preocupação ou algo perturbador, pois o agradável também nos dá o que pensar, também o belo, também o misterioso, também o afável. Talvez o que agora nomeamos até dê mais o que pensar do que todo o resto, que sem muito pensar costumamos denominar como o grave. O que há pouco mencionamos nos dá o que pensar apenas se nós já não rechaçamos o dom por tomarmos o agradável, o belo, o afável meramente como aquilo que deve ser reservado ao sentimento e à vivência e permanecer afastado da corrente de ar do pensar. Apenas então, quando nos relacionamos com o misterioso e o generoso como aquilo que propriamente dá o que pensar, nós poderemos também refletir sobre o que considerar sobre o maligno do mal. [GA8PS:140-141]