Aussenwelt

Category: Heidegger - Termos originais
Submitter: mccastro

Aussenwelt

mundo exterior monde extérieur [ETEM] external world [BTJS] NT: External world (Aussenwelt), 201, 202-208 (§ 43a), 211, 273. See also Proof [BTJS]


O principal interesse de Heidegger não é o termo Realität, mas a ideia de que a realidade do “mundo externo [Aussenwelt]” precisa ser provada. Kant falou da necessidade de provar não a Realität do Aussenwelt, mas “Dasein das coisas fora de nós” (SZ, 203). Kant usou Dasein no sentido de “realidade, atualidade”, reservando Realität para a natureza de algo que ultrapassa a sua existência atual (GA24, 45s). [DH:157]
Pode esta realidade do “mundo externo” ser provada de modo suficiente? Não, a realidade do mundo externo não pode e nem precisa ser provada. Já que Dasein é no mundo, e qualquer um que tente provar a sua realidade é Dasein, estamos tentando provar o que já é óbvio para nós. Se tentarmos prová-lo, precisaremos achar premissas que não incorram em petição de princípio e não assumam que nós já somos no mundo. Isto leva à distorção acima mencionada de se reduzir, gradualmente, Dasein a uma consciência sem mundo. A conclusão supostamente estabelecida por tais provas via de regra representa enganosamente o mundo externo como uma coleção de coisas físicas simplesmente-dadas [vorhanden], prostradas ao lado de nossos estados de consciência simplesmente-dados. O que precisamos fazer com o cogito ergo sum de Descartes é não usá-lo para provar a realidade do mundo, mas invertê-lo, explorar o sum, meu ser [Sein], antes: ele se mostra como ser-no-mundo [In-der-Welt-sein] (SZ, 211; GA20, 210). [...] Heidegger considera e rejeita a visão de que a realidade do mundo externo consiste na vivida ou encorpada percepção das coisas (GA20, 300s; GA24, 62ss). Isto nega o mundo à nossa volta, o Umwelt, com a sua familiar, mas inconspicua significação. Mais satisfatória é a visão de que a realidade resiste à nossa vontade e impulso, uma visão sugerida por Dilthey e desenvolvida por Scheler (GA20, 302ss; SZ, 209ss Cf. GA61, 148, 177). Entre outros méritos, esta visão não restringe nossas lidas com as coisas a conhecimento [Erkenntnis] e juízo [Urteil], reconhecendo o papel da nossa natureza corporal em nossa experiência do mundo. O problema é todavia, o seguinte: só posso experimentar resistência [Widerständigkeit] à minha vontade [Wille] se estiver à procura de algo para assim encontrar resistência. Mas se estou à procura de algo o mundo deve já estar descoberto por mim, ainda que eu não saiba precisamente o que ele contém. A resistência pode me dizer o que é real e o que não é, mas ela não pode me dizer que há um mundo. [DH]

Submitted on:  Thu, 15-Jul-2021, 20:55