
durchsichtig Todo questionar é um buscar. Toda busca retira do que se busca a sua direção prévia. Questionar é buscar cientemente o ente naquilo que ele é e como ele é. A busca ciente pode transformar-se em “investigação” se o que se questiona for determinado de maneira libertadora. O questionar enquanto “questionar acerca de alguma coisa” possui um questionado. Todo questionar acerca de… é, de algum modo, um interrogar sobre… Além do questionado, pertence ao questionar um interrogado. Na questão investigadora, isto é, na questão especificamente teórica, deve-se determinar e chegar a conceber o questionado. No questionado reside, pois, o perguntado, enquanto o que propriamente se intenciona, aquilo em que o questionamento alcança sua meta. Como atitude de um ente que questiona, o questionar possui em si mesmo um modo próprio de ser. Pode-se empreender um questionamento como “um simples questionário” ou como o desenvolvimento explícito de uma questão. A característica dessa última é tornar de antemão TRANSPARENTE o questionar quanto a todos os momentos constitutivos de uma questão. STMSC: §2 Caso a questão do ser deva ser colocada explicitamente e desdobrada em toda a sua transparência, a sua elaboração exige, de acordo com as explicações feitas até aqui, a explicitação da maneira de se visualizar o ser, de se compreender e apreender conceitualmente o sentido, a preparação da possibilidade de uma escolha correta do ente exemplar, a elaboração do modo genuíno de acesso a esse ente. Visualizar, compreender, escolher, aceder são atitudes constitutivas do questionar e, ao mesmo tempo, modos de ser de um determinado ente, daquele ente que nós mesmos, os que questionam, sempre somos. Elaborar a questão do ser significa, portanto, tornar TRANSPARENTE um ente – que questiona – em seu ser. Como modo de ser de um ente, o questionar dessa questão se acha essencialmente determinado pelo que nela se questiona – pelo ser {CH: pre-sença [Da-sein]: enquanto se acha guardada no nada do ser, enquanto mantida em relação (Verhältnis)}. Designamos com o termo presença [Dasein] esse ente que cada um de nós mesmos sempre somos e que, entre outras coisas, possui em seu ser a possibilidade de questionar. A colocação explícita e TRANSPARENTE da questão sobre o sentido do ser requer uma explicação prévia e adequada de um ente (da presença [Dasein]) no tocante a seu ser {CH: mas o sentido de ser não é derivado desse ente}. STMSC: §2 O “movimento” próprio das ciências se desenrola através da revisão mais ou menos radical e, para elas próprias, não TRANSPARENTE dos conceitos fundamentais. O nível de uma ciência determina-se pela sua capacidade de sofrer uma crise em seus conceitos fundamentais. Nessas crises imanentes da ciência, vacila e se vê abalado o relacionamento das investigações positivas com as próprias coisas questionadas. Hoje em dia, surgem tendências em quase todas as disciplinas no sentido de colocar as pesquisas em novos fundamentos. STMSC: §3 A comprovação do privilégio ôntico-ontológico da questão do ser funda-se na indicação provisória do primado ôntico-ontológico da presença [Dasein]. A análise da estrutura da questão do ser como tal (§2) deparou-se com uma função privilegiada desse ente na própria colocação da questão. A presença [Dasein] mostrou-se, assim, como o ente que deve ser trabalhado e desenvolvido em seu ser de maneira suficiente para que o questionamento se torne TRANSPARENTE. Agora, porém, revelou-se que a analítica ontológica da presença [Dasein] em geral constitui a ontologia fundamental e que, portanto, a presença [Dasein] se evidencia como o ente a ser, em princípio, previamente interrogado em seu ser. STMSC: §4 Por outro lado, se a presença [Dasein] tiver apreendido sua possibilidade de não só tornar TRANSPARENTE para si mesma sua existência, mas também de questionar o sentido da existencialidade em si mesma, isto é, de investigar preliminarmente o sentido de ser em geral e, nessa investigação, alertar-se para a historicidade essencial da presença [Dasein], então será inevitável perceber que a questão do ser, apontada em sua necessidade ôntico-ontológica, caracteriza-se em si mesma pela historicidade. É, portanto a partir do sentido de ser mais próprio que caracteriza o próprio questionar como questionamento histórico que a elaboração da questão do ser deve encontrar a orientação para indagar acerca de sua própria história, isto é, de determinar-se por fatos históricos. Pois, somente apropriando-se positivamente do passado é que ela pode entrar na posse integral das possibilidades mais próprias de seu questionamento. Segundo seu modo próprio de realização, a saber, a explicação preliminar da presença [Dasein] em sua temporalidade e historicidade, a questão sobre o sentido do ser é levada, a partir de si mesma, a se compreender como questão referente a fatos históricos. STMSC: §6 Até agora, porém, o conhecimento dos primitivos nos foi proporcionado pela etnologia. Já na primeira coleta do material, em sua avaliação e elaboração, a etnologia se move dentro de determinadas concepções prévias e interpretações da presença [Dasein] humana em geral. Só que com isso ainda não fica estabelecido que a psicologia do cotidiano ou até a psicologia científica e a sociologia, de que faz uso a etnologia, propiciem a garantia científica para uma possibilidade adequada de acesso, interpretação e transmissão dos fenômenos a serem investigados. Também aqui nos deparamos com a mesma situação das disciplinas anteriormente mencionadas. A etnologia já pressupõe em si mesma uma analítica suficiente da presença [Dasein] que lhe serve de guia nas pesquisas. Mas como as ciências positivas não “podem” nem devem esperar pelo trabalho ontológico da filosofia, o desenvolvimento das pesquisas não há de assumir a forma de um “progresso”, mas sim de uma retomada e purificação ontológica mais TRANSPARENTE do que tudo que se descobriu onticamente. STMSC: §11 Em contrapartida, subsiste ainda a possibilidade de uma preocupação que não tanto substitui o outro, mas que salta antecipando-se a ele em sua possibilidade existenciária de ser, não para lhe retirar o “cuidado” e sim para devolvê-lo como tal. Essa preocupação que, em sua essência, diz respeito à cura propriamente dita, ou seja, a existência do outro e não a uma coisa de que se ocupa, ajuda o outro a tornar-se, em sua cura, TRANSPARENTE a si mesmo e livre para ela. STMSC: §26 O ser para o outro não é apenas uma remissão ontológica irredutível e autônoma. Ele já está sendo, enquanto ser-com, o ser da presença [Dasein]. Na verdade, não se pode discutir que, com base no ser-com, o conhecer-se reciprocamente concreto depende, muitas vezes, do alcance em que a própria presença [Dasein] sempre se compreende a si mesma; no entanto, isso diz apenas o alcance em que o ser-com os outros essencial se tornou TRANSPARENTE e não se deturpou, o que só é possível porque a presença [Dasein], enquanto ser-com, já é sempre com os outros. Não é a “empatia” que constitui o ser-com. Ao contrário, empatia só é possível com base no ser-com, não podendo ser evitada em seus modos deficientes e predominantes do ser-com, já que estes a motivam. STMSC: §26 Enquanto existencial, a possibilidade não significa um poder-ser solto no ar, no sentido de uma “indiferença do arbítrio” (libertas indifferentiae). Sendo essencialmente disposta, a presença [Dasein] já caiu em determinadas possibilidades e, sendo o poder-ser que ela é, já deixou passar tais possibilidades, doando constantemente a si mesma as possibilidades de seu ser, assumindo-as ou mesmo recusando-as. Isso diz, no entanto, que para si mesma a presença [Dasein] é a possibilidade de ser que está entregue a sua responsabilidade, é a possibilidade que lhe foi inteiramente lançada. A presença [Dasein] é a possibilidade de ser livre para o poder-ser mais próprio. A possibilidade de ser é, para ela mesma, TRANSPARENTE em diversos graus e modos possíveis. STMSC: §31 Em seu caráter existencial de projeto, compreender constitui o que chamamos de visão da presença [Dasein]. A visão que, junto com a abertura do pre [das Da], se dá existencialmente e, de modo igualmente originário, a presença [Dasein], nos modos básicos de seu ser já caracterizados, a saber, a circunvisão da ocupação, a consideração da preocupação, a visão de ser em virtude da qual a presença [Dasein] é sempre como ela é. Chamamos de transparência (Durchsichtigkeit) a visão que se refere primeira e totalmente à existência. Escolhemos esse termo para designar o “conhecimento de si mesmo”, bem entendendo-se que não se trata de um exame perceptivo e nem tampouco da inspeção de si mesmo como um ponto, mas de uma captação compreensiva de toda a abertura do ser-no-mundo através dos momentos essenciais de sua constituição. O ente que existe tem a visão de “si” somente à medida que ele se faz, de modo igualmente originário, TRANSPARENTE em seu ser junto ao mundo, em seu ser-com os outros, enquanto momentos constitutivos de sua existência. STMSC: §31 Uma outra possibilidade constitutiva da fala, o silêncio, possui o mesmo fundamento existencial. Quem silencia na fala da convivência pode “dar a entender” com maior propriedade, isto significa, pode elaborar a compreensão por oposição àquele que não perde a palavra. Falar muito sobre alguma coisa não assegura em nada uma compreensão maior. Ao contrário, as falas prolixas encobrem e emprestam ao que se compreendeu uma clareza aparente, ou seja, a incompreensão da trivialidade. Silenciar, no entanto, não significa ficar mudo. Ao contrário, o mudo é a tendência “para dizer”. O mudo não apenas não provou que pode silenciar, como lhe falta até a possibilidade de prová-lo. E, como o mudo, aquele que, por natureza, fala pouco, também ainda não mostra que silencia e pode silenciar. Quem nunca diz nada também não pode silenciar num dado momento. Silenciar em sentido próprio só é possível numa fala autêntica. Para poder silenciar, a presença [Dasein] deve ter algo a dizer {CH: e o a ser dito? (O ser)}, isto é, deve dispor de uma abertura própria e rica de si mesma. Pois só então o estar em silêncio se revela e, assim, abafa a “falação”. Como modo de fala, o estar em silêncio articula tão originariamente a compreensibilidade da presença [Dasein] que dele provém o verdadeiro poder escutar e a convivência TRANSPARENTE. STMSC: §34 O fundamento ontológico originário da existencialidade da presença [Dasein] é a temporalidade. A totalidade das estruturas do ser da presença [Dasein] articuladas na cura só se tornará existencialmente compreensível a partir da temporalidade. A interpretação do sentido ontológico da presença [Dasein], contudo, não pode parar aí. A análise existencial e temporal desse ente necessita de confirmação concreta. As estruturas ontológicas da presença [Dasein], anteriormente conquistadas, devem ser, retroativamente, liberadas em seu sentido temporal. A cotidianidade desvela-se como modo da temporalidade. E, mediante essa retomada da análise preparatória dos fundamentos da presença [Dasein], o próprio fenômeno da temporalidade tornar-se-á mais TRANSPARENTE. Ela possibilitará compreender por que a presença [Dasein], no fundo de seu ser, é e pode ser histórica e, enquanto histórica, pode construir uma historiografia. STMSC: §45 Um modo de certeza é a convicção. Nele, a presença [Dasein] só pode determinar o seu ser que compreende alguma coisa mediante o testemunho da própria coisa descoberta (verdadeira). O ter-por-verdadeiro, enquanto manter-se-na-verdade, só se torna suficiente enquanto fundado no próprio ente descoberto e se faz TRANSPARENTE como um ser para o ente assim descoberto, no tocante à sua adequação a ele. Isso é o que falta na fantasia arbitrária ou na simples “visão” de um ente. STMSC: §52 Nessa determinação “crítica” da certeza da morte e de seu caráter impendente, revela-se numa primeira aproximação mais uma vez o seu desconhecimento a respeito do ser da presença [Dasein], característico da cotidianidade e do ser-para-a-morte que lhe pertence. A certeza “meramente” empírica da ocorrência do deixar de viver nada decide sobre a certeza da morte. Os casos de morte podem dar azo faticamente a que a presença [Dasein], de início, fique atenta para a morte. Permanecendo na certeza empírica, acima caracterizada, a presença [Dasein] não consegue, em absoluto, ter certeza da morte naquilo que ela “é”. Embora no impessoalmente público a presença [Dasein] aparentemente só “fale” dessa certeza “empírica” da morte, no fundo ela não se atém, nem exclusiva e nem primariamente, aos casos de morte recorrentes. Escapando de sua morte, o ser-para-o-fim cotidiano tem outro tipo de certeza da morte daquele pretendido por uma reflexão puramente teórica. Esse “outro” esconde-se, na maior parte das vezes, na cotidianidade. Esta não ousa aí fazer-se TRANSPARENTE. Com a disposição cotidiana caracterizada por um empenho “angustiado” nas ocupações e aparentemente sem angústia frente ao “fato” certo da morte, a cotidianidade admite uma certeza “superior” àquela meramente empírica. Sabe-se com certeza da morte e, no entanto, não se “está” propriamente certo dela. A cotidianidade decadente da presença [Dasein] conhece a certeza da morte mas escapa do estar-certo. Esse escape, no entanto, atesta fenomenalmente que a morte, aquilo de que se escapa, deve ser compreendida como a possibilidade mais própria, irremissível, insuperável, certa. STMSC: §52 Caracterizou-se a decisão como o projetar-se silencioso e pronto a angustiar-se para o ser e estar em dívida mais próprio. Este pertence ao ser da presença [Dasein] e significa o ser-fundamento nulo de um nada. A “dívida” inerente ao ser da presença [Dasein] não admite aumento e nem diminuição. Pois se acha antes de qualquer quantificação, caso esta possua de todo algum sentido. Essencialmente em dívida, a presença [Dasein] não pode de vez em quando estar em dívida e depois não mais. O querer-ter-consciência decide-se por esse ser e estar em dívida. No sentido próprio da decisão reside o projetar-se para esse ser e estar em dívida que a presença [Dasein] é enquanto é. O assumir existenciário dessa “dívida” na decisão só se realiza propriamente caso a decisão se torne, em sua abertura, tão TRANSPARENTE que compreenda o ser e estar em dívida como algo constante. Esse compreender, porém, só é possível porque a presença [Dasein] abre para si o poder-ser “até o fim”. Mas ser e estar-no-fim da presença [Dasein] diz, existencialmente, ser-para-o-fim. A decisão só se torna propriamente aquilo que ela pode ser como ser-para-o-fim que compreende, isto é, como antecipar da morte. A decisão não “possui” meramente um nexo com o antecipar no sentido de ser algo diferente dela. Ela abriga em si o ser-para-a-morte enquanto modalidade existenciariamente possível de sua própria propriedade. Cabe, pois, esclarecer, fenomenalmente, esse “nexo”. STMSC: §62 A compreensão do apelo da consciência desvela a perdição no impessoal. A decisão recupera a presença [Dasein] para o seu poder-ser si-mesma. mais próprio. É na compreensão do ser-para-a-morte enquanto possibilidade mais própria que o poder-ser próprio torna-se totalmente TRANSPARENTE em sua propriedade. STMSC: §62 A presença [Dasein], no entanto, está de modo igualmente originário na não-verdade. A decisão antecipadora lhe dá, ao mesmo tempo, a certeza originária de seu fechamento. Antecipadamente decidida, e com base em seu próprio ser, a presença [Dasein] mantém-se aberta para a possibilidade de, constantemente, perder-se na indecisão do impessoal. Como possibilidade insistente da presença [Dasein], a indecisão também é certa. TRANSPARENTE para si mesma, a decisão compreende que a indeterminação do poder-ser só se determina no decisivo de cada situação. Ela sabe da indeterminação que domina um ente que existe. Caso pretenda corresponder à própria decisão, esse saber deve então surgir de uma abertura em sentido próprio. A indeterminação do poder-ser próprio, embora certa na decisão, só se revela totalmente no ser-para-a-morte. O antecipar coloca a presença [Dasein] diante de uma possibilidade constantemente certa e, não obstante, a todo instante, indeterminada, quando a possibilidade se torna impossibilidade. Ela revela que esse ente está-lançado na indeterminação de sua “situação limite”, em cuja decisão a presença [Dasein] adquire seu poder-ser toda em sentido próprio. A indeterminação da morte entreabre-se, originariamente, na angústia. Essa angústia originária, porém, aspira a dispor-se à decisão. Ela varre todo encobrimento acerca do abandono da presença [Dasein]. O nada trazido pela angústia desvela a nulidade que determina o fundamento da presença [Dasein] que, por sua vez, é enquanto estar-lançado na morte. STMSC: §62 Numa primeira aproximação e na maior parte das vezes, a presença [Dasein] se compreende a partir do que vem ao encontro no mundo circundante e daquilo de que se ocupa numa circunvisão. Este compreender não é um mero registro de si, que apenas acompanharia todos os comportamentos da presença [Dasein]. Compreender significa projetar-se em cada possibilidade de ser-no-mundo, isto é, existir como essa possibilidade. Assim, compreender enquanto compreensibilidade também constitui a existência imprópria do impessoal. Numa convivência pública, o que vem ao encontro da ocupação cotidiana não é apenas o instrumento e a obra, mas também aquilo que com eles se “dá”: os “negócios”, empreendimentos, incidentes, acidentes. O “mundo” é, ao mesmo tempo, solo e palco, pertencendo, como tal, à ação e à transformação cotidianas. Na convivência pública, os outros vêm ao encontro nesses empreendimentos em que o “impessoalmente-si-mesmo” “também navega”. O impessoal sempre conhece, discute, favorece, combate, mantém e esquece, primordialmente, na perspectiva daquilo que se empreende e daí “emerge”. Sempre calculamos, de imediato, o prosseguimento, a interrupção, a inversão e o “resultado” de cada presença [Dasein] singular a partir do andamento, do estado, da mudança e da disponibilidade daquilo de que se ocupa. Por mais trivial que possa ser a referência à compreensão de presença [Dasein], no sentido de compreensibilidade cotidiana, do ponto de vista ontológico, ela não é, de forma alguma, TRANSPARENTE. Mas por que, então, não se pode determinar o “nexo” da presença [Dasein] a partir das ocupações e das “vivências”? Instrumento, obra e tudo o mais em que a presença [Dasein] se detém não pertencem à “história”? Será então o acontecer da história apenas o transcurso isolado de “fluxos vivenciais” em sujeitos singulares? STMSC: §75 É indiscutível que, como toda ciência, a historiografia, no sentido de modo de ser da presença [Dasein], faticamente sempre “depende” da “concepção de mundo dominante”. Além desse fato, deve-se, porém, questionar a possibilidade ontológica da origem das ciências a partir da constituição ontológica da presença [Dasein]. Essa origem ainda é pouco TRANSPARENTE. No presente contexto, a análise só deve fazer conhecer a origem existencial da historiografia em suas grandes linhas para, assim, deixar vir mais claramente à luz a historicidade da presença [Dasein] e seu enraizamento na temporalidade. STMSC: §76 Para se comprovar que e como a temporalidade constitui o ser da presença [Dasein], mostrou-se o seguinte: enquanto constituição ontológica da existência, a historicidade é, “no fundo”, temporalidade. A interpretação do caráter temporal da história se fez, contudo, sem considerar o “fato” de que todo acontecer decorre “no tempo”. Ao longo da análise existencial e temporal da historicidade, não se deu a palavra à compreensão cotidiana da presença [Dasein] que, de fato, só conhece a história como acontecer “intratemporal”. Se a analítica existencial deve tornar ontologicamente TRANSPARENTE a presença [Dasein], justamente em sua facticidade, então deve-se devolver expressamente o direito à interpretação “ôntico-temporal” e fatual da história. O tempo “em que” os entes intramundanos vêm ao encontro deve, ainda mais necessariamente, receber uma análise fundamental, porque, além da história, também os processos naturais se determinam “pelo tempo”. Todavia, mais elementar do que a constatação de que o “fator tempo” vem à tona nas ciências da história e da natureza é que, bem antes de qualquer pesquisa temática, a presença [Dasein] já “conta com o tempo” e por ele se orienta. Aqui, novamente, permanece decisivo o “contar” “com o seu tempo”, inerente à presença [Dasein], que antecede todo uso de instrumentos de medição, adequados à determinação temporal. Este contar antecede o uso, possibilitando a utilização de relógios. STMSC: §78