Subjektität

Category: Heidegger - Termos originais
Submitter: mccastro

Subjektität

Deve-se a Heidegger um dos fundamentos da arqueologia do sujeito: a distinção entre sub-jetidade (Subjektität) e sub-jetividade (Subjektivität), exposta em um texto de 1941, que foi publicado vinte anos mais tarde como apêndice do segundo volume do livro sobre Nietzsche — A Metafísica como História do Ser [Cf. M. Heidegger, Die Metaphysik als Geschichte des Seins in Nietzsche, t. ii, pp. 399-458 [ga 6.2] = “La métaphysique comme histoire de l’être”, em Nietzsche, 1.11, 1971, pp. 319-365.]. Subjektität designa a determinação metafísica fundamental do ser em sua história, da história metafísica do ser, da história do ser como metafísica (“Das Sein ist in seiner Geschichte als Metaphysik durchgängig Subjektität” [GA6.2, p. 411]). Ao introduzir a palavra “sub-jetidade”, Heidegger quer fazer entender que: [149]

1. o ser é metafisicamente determinado pelo subiectum latino, isto é, mais originalmente pelo ὑποκείμενον grego, não pelo “eu” ou a “egoidade” [GA 6.2, pp. 410-411: “Der Name Subjektität soll betonen, daß das Seinzwar vom subiectum her, aber nicht notwendig durch ein Ichbestimmt ist. Überdies enthält der Titel zugleich eine Verweisung in das ὑποκείμενον und damit in den Beginn der Metaphysik, aber auch die Vordeutung in den Fortgang der neuzeitlichen Metaphysik, die in der Tat die ‘Ichheit’ und vor allem die Selbstheit des Geistes als Wesenszug der wahren Wirklichkeit in Anspruch nimmt”. Essa tese é solidária a uma interpretação do ἐνέργεία como Wirklichkeit, cujo estatuto epocal é fixado na frase célebre (GA6.2, p. 376, trad. cit., pp. 331-332, modificada) atribuindo à “mutação do ἐνέργεια em actualitas (realidade eficiente)” a promoção do “real efetivo” à condição de único “ente autêntico” – tese e frase que, certamente, podem ser discutidas por si mesmas. É o que faremos no volume III.], o que significa que

2. a “subjetividade” da metafísica moderna é um “modo de subjetidade” [GA6.2, p. 411: “Versteht man unter Subjektivität dieses, daß das Wesen der Wirklichkeit in Wahrheit – d.h. für die Selbstgewißheit des Selbstbewußtseins — mens sive animus, ratio, Vernunft, Geist, ist, dann erscheint die “Subjektivität” als eine Weise der Subjektität”.], e que

3. a passagem da “subjetidade” à “subjetividade”, que assinala a entrada na modernidade, “se deixa pensar a partir de Descartes, como o momento em que o ego, que se tornou O “sujeito insigne”, adquire o estatuto do ente “mais verdadeiro” [GA6.2, p. 411: “Wo aber die Subjektität zur Subjektivität wird, da hat das seit Descartes ausgezeichnete subiectum, das ego, einem mehrsinnigen Vorrang. Das ego is einmal das wahrste Seiende, das in seiner Gewißheit zugänglichste”.].

A distinção Subjektität-Subjektivität não foi formulada de chofre. Ela veio aclarar um conjunto de análises empreendidas desde Sein und Zeit e de maneira mais insistente, na mesma [150] época, nos Problemas Fundamentais da Fenomenologia. Essas análises, a meu ver, deixam-se agrupar sob um título único, o de atributivismo, que proponho introduzir como principal ferramenta histórica metafilosófica da arqueologia do sujeito. [LiberaAS:149-151]

Submitted on:  Sat, 25-Dec-2021, 08:26