Endlichkeit

Category: Heidegger - Termos originais
Submitter: mccastro

Endlichkeit

finitude [EtreTemps] finiteness [BT] NT: Finiteness, finitude (Endlichkeit), 93, 264, 329-331, 348, 384-386, 413, 424-425. See also Being-toward-the-end; Situation, boundary [BT]


Em SZ, "finitude", Endlichkeit, refere-se invariavelmente e de maneira mais ou menos explícita, à morte, sendo, pois, finitude temporal. A finitude assombra toda a nossa existência: dasein "não tem um fim [Ende], no qual ele simplesmente para; Dasein existe finitamente" (SZ, 329). "O tempo originário é finito" (SZ, 331). O tempo infinito é "derivado" ou secundário; ao escrever Un-endlichkeit (in-finitude) e un-endlich ("in-finito"), Heidegger sugere que a infinitude (Unendlichkeit) seja posterior à finitude. [DH]
«Mais original que o homem é a finitude do Dasein nele» [GA65:300]. A última secção de Kant e o problema da metafísica [GA3] reconcilia impacientemente no homem uma diferença que SZ tinha compreendido de forma prudente como uma distinção externa, na verdade uma oposição entre o homem da tradição e o ser-no-mundo [In-der-Welt-sein]. O Dasein aparece de agora em diante como a essência íntima do homem, cujo ser verdadeiro é restabelecido. De 1929 até 1935, o regresso ao homem [Mensch] passa por uma fase transitória onde os dois termos Dasein e homem são conjugados em expressões tais como: «o Dasein no homem» [GA3:290], «o Dasein do homem historial» [GA40:169], o «Da-sein» (com um hífen) como «ser do homem»: «chamamos o ser do homem Dasein» [GA29-30:95]. Esta recuperação demasiado rápida da essência verdadeira do homem participa da mesma «ingenuidade» do projecto contemporâneo da «ontologia fundamental» [Fundamentalontologie] ou da «metafísica do Dasein». A palavra metafísica [Metaphysik] significa de maneira ainda não pejorativa toda a interrogação relativa ao ser do ente [Sein des Seienden]. O projecto da ontologia fundamental visa, com efeito, «fundar» a metafísica restituindo-lhe a essência esquecida do homem. O esquecimento do ser [Seinsvergessenheit] encontra-se reconduzido ao esquecimento da finitude do homem: finitude quer dizer temporalidade [Zeitlichkeit], compreensão do ser [Seinsverständnis], disposição afectiva [Befindlichkeit], ser-lançado [Geworfenheit], «decadência» [Verfallen]. Trata-se de mostrar que a metafísica tradicional, ao desenvolver uma doutrina do ser do ente como presença [Anwesenheit] permanente, apenas perdeu de vista e traiu a finitude do Dasein. Uma vez acrescentada novamente esta peça que falta, a metafísica será de novo estabelecida sobre uma base sólida. Esta base sólida é o homem! A tradição insuficientemente desconstruída vinga-se impondo este novo antropocentrismo. É apoiando-se neste homem grego, anterior a Platão, neste homem exposto ao deinon, ao inquietante poder da physis, que Heidegger reencontrará uma via para um descentramento, desta vez decisivo. Cumpre-se a Viragem [Kehre]: «É o próprio ser que lança o homem na via de um desprendimento que, forçando o homem a movimentar-se para lá de si mesmo como aquele que está sempre em marcha (der Ausruckender), o liga ao ser para o pôr em acção. [GA40:196] É o ser que lança e não a physis como natureza. Não há uma necessidade cega que persiga o homem para o arrancar ao seu acampamento, ao seu repouso numa natureza própria, mas a luz historial [geschilich] que lhe ordena o por a verdade em acção. O homem enquanto Ausruckender, o nunca instalado, nunca terá repouso. Será desapropriado, desfigurado, penetrado como a «brecha» em que o ser irrompe, «estranho na sua própria essência» [GA40:163]. — Mas não sem essência.

Submitted on:  Fri, 30-Jul-2021, 07:49