
wesen: essenciar-se, estar-a-ser Abwesen (s) / Abwesende (s): o-estar-ausente, ausência / o-que-está-ausente anwesen / Anwesen (s): vir-à-presença, estar-presente / o-estar-presente, o vir-à-presença anwesend / Anwesende (s): presente, que está presente / o que-está-presente, o que-vem-à-presença Anwesenheit (e): presença, estar-em-presença (cf. Präsenz) Gewesene (s) / Ge-wesene (s): o sido, aquilo que foi / o sido, o já essenciado Wesen (s) / Unwesen (s): essência, estar-a-ser, ser / anti-essência, abuso da essência, in-essência Wesende (s): o-que-se-essencia, o que-está-a-ser Wesenheit (e): essencialidade Wesensblick (r): o olhar-que-vê-a-essência [GA5BD] Mas o que significa aqui pensar [Denken]? Quando dizemos ou escutamos o verbo pensar e seus derivados, pensador [Denker], pensamento, pensativo, pensável ou pensado, evocamos logo toda uma cadeia de significantes: o sujeito [Subjekt] que pensa, o objeto [Objekt] pensado, o ato de pensar, o processo de pensamento, conteúdo em que o sujeito pensa o objeto, a forma de que se reveste o objeto e se veste o processo de pensar, o contexto ideológico que tudo sobredetermina. É uma avalanche que se atropela em seu próprio tropel. Quaisquer que sejam a segurança, exatidão e certeza com que todos esses fios de relações se amarram e se tecem uns com os outros, o tecido resultante ficará sempre preso ao poder da representação [Vorstellung] e às pretensões de uma onipotência, a saber, às pretensões da representação de poder ser cada vez toda e somente representação. Nesse sentido, tudo é pensável a não ser a condição de possibilidade [Bedingung der Möglichkeit] da própria representação. E por que a ressalva? — Porque, por e para poder representar, o que possibilita a representação, já não pode ser representado. Ninguém pode pular a própria sombra. Por isso mesmo, em todo pensamento se dá algo que não somente não pode ser pensado como, sobretudo e em tudo que se pensa, significa pensar, isto é, faz e torna possível o pensamento. Este “não pensado”, que nunca poderá ser pensado, é, pois, um nada [Nicht]. Mas não um nada somente negativo, nem um nada somente positivo e nem uma mistura, com ou sem dialética, de negativo e positivo. Mas então que nada é este? — Um nada somente criativo tanto da negação como da posição e da composição de ambos. Constitui a “causa” [Ursache] e a “coisa” [Ding] do pensamento essencial, do pensamento radical, o pensamento dos pensadores. Pois “causa” não tem aqui o sentido de causalidade, nem “coisa” o sentido de opacidade, gravidade ou objetividade. A “causa” do pensamento é requisição de radicalidade, a “coisa” do pensamento é reivindicação de originariedade [Ursprünglichkeit] nas peripécias de representação. Com esta tarefa de radicalidade, com este ofício de originariedade, a “causa” e a “coisa” do pensamento é o que sempre de novo nos provoca e mais nos leva a pensar representações. No pensamento, portanto, nem tudo é representação. Ao contrário, toda representação nos remete a pensar as raízes e origens de sua vigência [Anwesen] e constituição [Verfassung], toda representação inclui sempre um nível de pensamento que não representa nada, toda representação vive de acolher e aceitar, em seus limites, o mistério da realidade [Wirklichkeit], subtraindo-se em todas as realizações. Pois é esta remissão, é esta inclusão, é esta vivência [Erlebnis] das representações que aciona a questão do ser [Sein] e do tempo [Zeit]. [Carneiro Leão; STMSCC, Pósfacio, p. 549-550]