
Bewendenlassen
Category: Heidegger - Termos originais
Submitter: mccastro
Bewendenlassen
Bewendenlassen (Bewandtnis) – §§ 18, 69 a
laisser-retourner [ETEM]
letting be relevant [BTJS]
NT: Letting (Lassen): be (sein lassen), 84-85, 84fn, 298 (the others), 345, 354; be seen (sehen lassen), 32-35, 44, 63, 141 (see), 154-155, 158, 213, 218-219; be relevant (Bewendenlassen), 84-87, 110-111, 353-356; be encountered (Begegnenlassen), 85-86, 104, 111, 137, 264, 326, 328, 346, 354-356, 366, 408; itself be concerned (sich-angehen-lassen), 141 (in fearing itself); it act in itself (In-sich-handeln-lassen), 295 (said of "ownmost self"); itself be summoned (Sich-aufrufen-lassen), 299; come toward itself (Auf-sich-Zukommen-lassen), 330, 341; "allowing itself" time (Sich-Zeit-lassen), 409, 415; presence, (wesen lassen), 85fn; letting it matter to oneself (sich-angehen-lassen), 141, 170. See also Openness; Possibilitl Resoluteness; Resolution [BTJS]
Bewendenlassen, "deixar e fazer em conjunto", aplica-se ao manual. Em sentido ôntico, bewendenlassen envolve deixar algo ser, sem interferência ou alteração. Em sentido ontológico, recobre qualquer lida com utensílios que deixe e permita o instrumento ser o que é. Isto pode significar deixá-lo só no sentido ôntico, mas também pode envolver "continuar trabalhando nele, ou melhorá-lo ou fazê-lo em pedaços" (SZ, 85). Bewendenlassen é um tipo de "sein"-lassen, "deixar-’ser’" (SZ, 354; cf. 84s). [DH]
a essência do utensílio remonta a um deixar conformar-se “prévio” ou a priori. Assim como deixamos que o respectivo utensílio repouse em si a cada vez no uso, nós deixamos que o utensílio seja em geral “previamente", “tal como ele agora é e para que ele seja assim” [Heidegger, Ser e tempo, GA2, p. 113]. Esta seria a “liberação prévia” [Ibid.] do ente com vistas à conformidade. Neste caso, o ente seria “liberado” de um tal modo, que ele pode ser acessível e vir ao encontro em uma conformidade. Heidegger sintetiza esta ideia, na medida em que designa o “já-sempre-deixar-se-conformar liberador do ente com vistas à conformidade” um perfeito a priori “que caracteriza o modo de ser do próprio ser-aí” [Ibid., p. 114].
Enquanto um “perfeito a priori", a liberação é anterior a toda experiência: ela já sempre aconteceu; nenhuma experiência jamais resgata a acessibilidade do ente no sentido da conformidade. Além disto, o fato de esta acessibilidade repousar sobre uma liberação não deve significar, por conseguinte, que ela remontaria a uma resolução, como quer que esta resolução possa vir a ser pensada, a uma ação originária que constitui pela primeira vez o ente enquanto utensílio. A liberação não é efetivamente nenhum fazer, mas um deixar ser e, nesta medida, ela só pode ser compreendida no sentido de uma abertura do ser-aí para a abertura do ente. Quando deixamos algo subsistir ou se realizar, então isto é uma recusa a transformá-lo e, desta maneira, uma confirmação de seu ser independente em relação a nós mesmos. Consequentemente, pertencería ao “modo de ser do ser-aí” o fato de nele o ente já estar desde sempre “descoberto” [lbid., p. 113] como algo à mão. Ao ser-aí pertence o estar voltado para as coisas e, do mesmo modo, a possibilidade de descobrir as coisas neste estar voltado para elas.
Não obstante, tal como Heidegger desenvolve esta ideia, ela permanece ambivalente. Por um lado, a liberação do ente compreendida ontologicamente é um “deixar ser” [Ibid., p. 113]; ela equivale a simplesmente tomar ou assumir o ente como ele é. Por outro lado, porém, algo é acrescentado ao ente por meio de sua liberação. Na liberação também reside uma dação [freigeben]; algo que provém do ser-aí é acrescentado ao ente. Isto reside, por sua vez, no fato de Heidegger determinar a liberação visada ontologicamente a partir da conformidade. O que está em questão não é assumir o ente simplesmente enquanto tal, mas “o ‘ente’ já” deve ser descoberto “a cada vez em sua manualidade” [Ibidem]. Aquilo que já é ganha por meio do ser-aí um modo de ser que ele não possui por si mesmo; a liberação e, portanto, o ser-aí liberador são “a condição de possibilidade de que algo à mão venha ao nosso encontro” [Ibidem]. [GFOposi:206-207]
Submitted on: Tue, 06-Jul-2021, 13:51