
Leibniz destaca seu conceito de vis activa do conceito escolástico de potentia activa. Desde o ponto de vista terminológico, vis activa e potentia activa parecem significar o mesmo. Mas: Differt enim vis activa a potentia nuda vulgo scholis cognita, quod potentia activa scholasticorum, seu facultas, nihil aliud est quam propinqua agendi possibilitas, quae tamen aliena excitatione et velut stimulo indiget, ut in actum transferatur (Gerh. IV, 469). "Pois a vis activa se distingue da nua potência pura para agir [blossen Vermögen zu wirken], que é de comum conhecimento na escolástica, porque a potência ativa ou possibilidade de agir da escolástica não é outra coisa que a possibilidade próxima de agir [Möglichkeit des Tuns (Tun)], a qual contudo necessita de um impulso estranho, como que de um estímulo para tornar-se ato." A potentia activa da escolástica é um puro ser-capaz de agir [Imstandsein zum Wirken], mas de maneira tal que este ser-capaz de... justamente está para agir, mas ainda não age. Ela é uma capacidade existente nas coisas [Vorhandenen vorhandene Fähigkeit] que ainda não entrou em ação [die noch nicht ins Spiel getreten ist]. Sed vis activa actum quemdam sive entelecheian continet, atque inter facultatem agendi actionemque ipsam media est, et conatum involvit (ib.). "A vis activa, porém, contém um certo agir já real ou uma entelecheia, ela se situa entre a pura capacidade de agir [Wirkfähigkeit] e o agir mesmo [Wirken selbst] e encerra em si um conatus, uma tentativa [Versuchen]." A vis activa é, por conseguinte, um certo agir, mas não a ação na realização propriamente dita [aber nicht die Wirkung im eigentlichen Vollzug]; ela é uma capacidade [Fähigkeit], mas não uma capacidade em repouso. Designamos o que Leibniz aqui visa o tender para... [das Tendieren nach ...], melhor ainda, para poder exprimir o específico, de certa maneira já efetivado, momento de agir [in gewisser Weise schon wirkliche Wirkensmoment zum Ausdruck zu bringen], o impelir [Drängen], pulsão [Drang]. Não é nenhuma disposição [Anlage] nem um processo espontâneo [Ablauf], mas o empenhar-se desde dentro (a saber, por própria iniciativa e por si mesmo) [Sich-angelegen-sein-lassen (sich selbst nämlich)], o dispor a si para si mesmo ("ele insiste nisso") [das sich auf sich selbst Anlegen (»er legt es darauf an«)], instaurar-se na proximidade de si mesmo [sich selbst Anliegen]. [MHeidegger:204-205; GA9:80-81]