fenomenologia do espírito

Category: Termos chaves da Filosofia
Submitter: mccastro

fenomenologia do espírito

Dada a multiplicidade de significados do vocábulo Espírito, é recomendável utilizá-lo em geral, para designar todos os diversos modos de ser que, de algum modo, transcendem o vital. Em particular, convém restringi-lo para designar um dos conceitos fundamentais do idealismo alemão, que alcançou grande desenvolvimento com Hegel e se manifestou durante este século numa série de doutrinas sobre o ser espiritual, quer como um modo de ser específico, quer como a maneira de ser própria do homem como "ser histórico". Referir-nos-emos às correntes mencionadas. Espírito foi um dos vocábulos mais abundantemente usados pelos idealistas alemães. Era importante dentro desse pensamento a ideia de uma contraposição entre Espírito e Natureza e, por outro lado, a ideia de uma conciliação dos dois mediante o Espírito. Hegel fala, por vezes, de ideia e de ideia absoluta como se fossem o mesmo que o Espírito. E, em certa medida, são o mesmo, só que a ideia é o aspecto abstrato da realidade concreta e viva do Espírito. A dificuldade de circunscrever a noção de Espírito deve-se a que, de certa maneira, o Espírito é tudo. Ora, antes de ser tudo ou, mais propriamente, "a verdade de tudo", o Espírito começa por ser uma verdade parcial que precisa de se completar. O Espírito aparece como o objeto e o sujeito da consciência de si. Mas o Espírito não é algo particular e muito menos uma substância particular: o Espírito é o universal que se desenvolve a si mesmo. A "fenomenologia do Espírito" é a descrição da história desse autodesenvolvimento, no decurso do qual se encontram os objetos em, por e também contra os quais se realiza o Espírito. Ao atingir o último estádio do seu desenvolvimento, o Espírito reconhece-se como uma verdade que é tal só por que absorveu o erro, a negatividade e a parcialidade. A filosofia é, de certo modo, "filosofia do Espírito".

Apoiando-se explicitamente em Hegel, mas por reação contra ele, Benedetto Croce tentou uma fenomenologia do Espírito na qual a absorção dos diferentes graus por uma síntese não equivaleriam a uma supressão, mas precisamente a uma afirmação do distinto. Os diferentes graus do Espírito estão, segundo Croce, implicados entre si; constituem um círculo no qual não pode indicar-se qual é a realidade primária, porque qualquer grau se apoia nos restantes e, ao mesmo tempo, completa-os. Pode considerar-se o Espírito no seu aspecto teórico ou prático: no primeiro, é consciência do individual, e é este o tema da estética, ou consciência do universal concreto, e é este o tema da lógica; no segundo, pode-se considerá-lo como querer do individual, ou economia, ou como querer do universal, ou ética. [DFW]

Submitted on:  Wed, 24-Sep-2014, 13:31