sintérese

Category: Termos chaves da Filosofia
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sintérese

(gr. synteresis; lat. synteresis; in. Synteresis; fr. Syntérèse; al. Synteresis; it. Sinteresi).

Diretriz da consciência moral do homem ou essa mesma consciência. Esse termo significa "conservação" e foi empregado pela primeira vez para indicar a conservação do critério do bem e do mal por parte de Adão, depois da expulsão do Paraíso. Nesse sentido, foi São Gerônimo o primeiro a usar a palavra, designando com ela "a centelha de consciência que não se extingue no peito de Adão depois de sua expulsão do Paraíso" (Comm. in Ezech., em P. L., 25, col. 22). Reaparece em outros padres da igreja (Basílio, Gregório, o Grande) e nos Vittorini. Mas foi só em Bonaventura e em Alberto Magno que se transformou em faculdade natural de juízo moral, que guia o homem para o bem e cria nele o remorso pelo mal. São Boaventura considera a sintérese como a iluminação que Deus concede ao intelecto humano no domínio prático, correspondendo à iluminação que, no domínio teórico, o leva para a ciência. (In Sent., II, d. 39 a. 2, q. 1). Portanto a sintérese é "o ápice da mente", o último grau da ascensão a Deus, o que precede imediatamente o arrebatamento final (Itinerarium mentis in Deum, I, 6). Definição análoga aparece em Alberto Magno (Suma Teológica, II, 16, q. 99). Tomás de Aquino modificou seu conceito, transformando-o de noção mística em noção moral, vale dizer, deixando de considerá-lo como luz proveniente do alto, e considerando-o como hábito moral. Diz: "A sintérese não é um poder especial superior à razão ou à natureza, mas é o hábito natural dos princípios práticos, assim como o intelecto é o hábito dos princípios especulativos" (Suma Teológica, I, q. 39, a. 12; De ver., q. 16, a. 1). Assim como o intelecto apreende os princípios últimos que servem de fundamento à ciência, a sintérese apreende os princípios que servem de fundamento à atividade prática. Esse conceito não foi alterado pelos escritores escolásticos posteriores (cf. p. ex., Duns Scot, Op. Ox., II, d. 39, q. 2, a. 4). Essa noção reaparece, mas raramente, em escritores posteriores: foi utilizada por Nicolau de Cusa, em seu significado místico (De visione Dei, ed. Bohnenstadt, pp. 150 ss.); foi empregada com o mesmo significado por B. Gracián: "É o trono da razão, a base da prudência, porque graças a ela custa pouco vencer. É presente do céu, o mais cobiçado. (...) Consiste na propensão inata a tudo o que mais se conforma à razão, sempre em conjunto com o que há de mais certo" (Oráculo manual, 1647, § 96). [Abbagnano]

Submitted on:  Thu, 19-May-2011, 03:49