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autoconsciência

Definition:
(in. Self-consciousness; fr. Autoconscience; al. Selbstbewusstsein; it. Autocoscienza).

Esse termo tem significado e história diferentes de consciência. Na realidade, não significa "consciência de si", no sentido de cognição (intuição, percepção, etc.) que o homem tenha de seus atos ou de suas manifestações, percepções, ideias, etc, tampouco significando retorno à realidade "interior", de natureza privilegiada; é a consciência que tem de si um Princípio infinito, condição de toda realidade. Esse termo também nada tem a ver com conhecimento de si, que designa o conhecimento mediato que o homem tem de si como de um ente finito entre os outros.

Nesse sentido, pode-se dizer que a história desse termo começa com Kant, que o usou como alternativa para o termo consciência. O próprio Kant resumiu, em uma nota da Antropologia (§ 4), a sua doutrina a esse respeito. "Se nós representarmos a ação (espontaneidade) interna pela qual é possível um conceito (um pensamento), isto é, a reflexão, e a sensibilidade (receptividade), pela qual é possível uma percepção (perceptió) ou uma intuição empírica, isto é, a apreensão, providas ambas de consciência, a consciência de si mesmo (apperceptio) poderá ser dividida em consciência da reflexão e em consciência da apreensão. A primeira é consciência do intelecto; a segunda, do sentido interno; aquela é chamada de apercepção pura (e, falsamente, de sentido íntimo) e esta é chamada de apercepção empírica. Em psicologia, indagamo-nos sobre nós mesmos segundo as representações do nosso sentido interno; em lógica, segundo aquilo que a consciência intelectual nos oferece. Assim, o eu nos aparece duplo (o que pode ser contraditório): 1) o eu como sujeito do pensamento (na lógica), ao qual se refere a apercepção pura (o eu que só reflete) e do qual nada se pode dizer exceto que é uma representação de todo simples; 2) o eu como objeto da apercepção e, portanto, do sentido interno, que inclui uma multiplicidade de determinações que possibilitam a experiência interna." A autoconsciência não é, portanto, a consciência (empírica de si), mas a consciência puramente lógica que o eu tem de si como sujeito de pensamento, na reflexão filosófica. Sobre o eu de que se tem consciência na apercepção pura, Kant falou na primeira edição da Crítica da Razão Pura como "eu estável e permanente que constitui o correlato de todas as nossas representações", ao passo que, na segunda edição da obra, ele se tornou pura função formal, desprovida de realidade própria, mas ainda condição de todo conhecimento, aliás, "princípio supremo do conhecimento" enquanto possibilidade da síntese objetiva na qual consiste a inteligência. Precisamente por sua natureza funcional ou formal, o eu puro, ou autoconsciência transcendental, não é um eu "infinito" e não tem poder criativo: pode ordenar ou unificar o material, mas esse material deve ser-lhe dado e, portanto, deve ser um material sensível. Fichte transforma esse conceito funcional kantiano em conceito substancial: faz dele um Eu infinito, absoluto e criador, considerando, portanto, a autoconsciência como autoprodução ou autocriação. A autoconsciência torna-se, assim, o princípio não só do conhecimento, mas da própria realidade; e princípio não no sentido de condição, mas de força ou atividade produtiva. Autoproduzindo-se, o Eu produz, ao mesmo tempo, o não-eu, isto é, o mundo, o objeto, a natureza. Diz Fichte: "Não se pode pensar absolutamente em nada sem pensar ao mesmo tempo no próprio Eu como consciente de si mesmo; não se pode nunca abstrair da própria autoconsciência" ( Wissenschaftslehre, 1794, § 1, 7). Mas tal autoconsciência é, na realidade, o princípio criador do mundo: "O Eu de cada um é, ele próprio, a única Substância suprema", diz Fichte criticando Spinoza (Ibid., § 3, D 6); "A essência da filosofia crítica consiste no fato de que um Eu absoluto é colocado como absolutamente incondicionado e não determinável por nada mais alto".

Essa noção de autoconsciência torna-se o fundamento do Idealismo romântico. Diz Schelling: "A autoconsciência da qual nós partimos é ato ijno e absoluto; e com esse ato uno é posto nâd só o próprio Eu com todas as suas determinações, mas também qualquer outra coisa que, em geral, é posta no lugar do Eu... O ato da autoconsciência é ideal e real ao mesmo tempo e absolutamente. Graças a ele, o que foi posto realmente torna-se também real idealmente e o que se põe idealmente é posto também realmente" (System des transzendentalen Ideal, 1800. seção III, advertência). Quanto a Hegel, já em Propedêutica filosófica (Doutrina do conceito, § 22), dizia: "Como autoconsciência o Eu olha para si mesmo, e a expressão dela na sua pureza é Eu = Eu, ou: Eu sou Eu"; e na Enciclopédia (§ 424): "A verdade da consciência é a autoconsciência, e esta é o fundamento daquela; de modo que, na existência, a consciência de um outro objeto é autoconsciência; eu sei o objeto como meu (ele é minha representação) e, por isso, sei-me a mim mesmo nele". Na sua forma mais elevada, a autoconsciência é "autoconsciência universal", isto é, razão absoluta. "A autoconsciência, ou seja, a certeza de que suas determinações são tão objetivas — determinações da essência das coisas — quanto seus próprios pensamentos, é a razão; esta, enquanto tem tal identidade, é não só a substância absoluta, mas também a verdade como saber" (Enc., § 439): isto é, a razão como substância ou realidade última do mundo.

A autoconsciência como autocriação e, por isso, criação da realidade total, permanece como noção dominante do Idealismo romântico, não só na sua forma clássica (aqui mencionada), mas também nas suas formas recorrentes na filosofia contemporânea, quais sejam, o idealismo anglo-saxão e o idealismo italiano (v. idealismo). Fora do Idealismo, essa noção não pode ser utilizada e nem apresenta problemas, já que os problemas filosóficos, psicológicos e sociológicos inerentes à consciência de si obviamente só surgem quando por tal consciência se entendem situações, condições ou estados de fato limitados e determináveis, e não uma autocriação absoluta, que é a autocriação do mundo. [Abbagnano]

Submitted on 07.01.2010 23:24
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