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Léxico Filosofia

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tradução

Definition:
Segundo a hipótese de Sapir-Whorf, a concepção de mundo(Weltanschauung) de uma pessoa está intimamente ligada à natureza de sua língua nativa. Isto apenas no plano empírico, pois antes da língua definir o conteúdo da percepção (e através da percepção a cultura), esta mesma língua é uma estrutura que independe, ao menos parcialmente, da cultura onde se dá (ver discussão em cultura). Ao lado dos elementos culturais, sempre relativos, que influenciam a formatividade da língua (níveis funcional e expressivo) há seu nível fundamental, a ela imanente (estrutural) e que só pode ser estudado através de seus dois códigos. Jakobson demonstrou, contra Russell e os positivistas lógicos, que o sentido das palavras se dá numa experiência semiótica e não calcado numa "objetividade qualquer". Só a partir disto é que se poderia, entendendo a imanência do significante, tentar estudar sua relação com significado e, no caso que interessa aqui, com a cultura. A semiótica é uma ciência mais ampla que a linguística (se bem que, segundo muitos autores, não seja ainda uma ciência) e nela se escaparia da circularidade não dialética de Whorf e Sapir: de como a língua influencia a cultura e de como a cultura influencia a língua. A partir desta perspectiva, Jakobson propõe três formas de tradução: 1) — tradução intralingual (ou reformulação) — consiste em interpretar signos linguísticos por meio de outros signos linguísticos da mesma língua. Assim dizer que "esfera" é um "sólido gerado pela rotação completa de um semicírculo em torno de seu diâmetro" ou "uma moeda portuguesa de ouro cunhada no tempo de D. Manoel". Situações mais complexas — uma frase, por exemplo, — podem ser traduzidas por outras situações complexas. "Ele está chateado" pode ser traduzido por uma frase incompleta "teve aborrecimentos hoje e daí. . ." No primeiro exemplo, "esfera" tem um referencial, enquanto o segundo exemplo depende do exame — mesmo que imediato, ingênuo — do situação; 2) — tradução interlingual (ou tradução propriamente dita) que consiste em interpretar signos linguísticos através de signos linguísticos de outra língua. O alemão Pferd será cheval em francês, enquanto arbre em francês será árvore em português. Estas palavras têm referenciais e podem ser indicadas (nem sempre, pois, por exemplo, dizer que "pequinês" ou "dinamarquês" são "cachorros" não pode ser atribuído à consciência imediata perceptiva mas deve ser procurada numa teoria da classificação). Já a frase "ais Zarathustra dreissig Jahre alt war, verliess er seine Heimat und den See seiner Heimat und ging in das Gebirge" não possui, nem remotamente, referenciais (pois só pode ser pensada no nível do pensamento elaborado de seu autor) e por isto pode ser traduzida de vários modos. A tradução interlingual tem vários aspectos, dos quais se podem estudar três: a — influência de uma língua sobre a outra — Meillet mostrou como os milhares de sorabos da Lusácia falavam o sorabo (também chamado sérvio da Lusácia) em casa e no uso local, mas que sua língua de comunicação mais universal era o alemão. Apesar de se expressarem nas duas línguas o alemão impunha sua forma gramatical ao sorabo; b — a situação cultural — se bem que o signo linguístico seja arbitrário a priori, isto é, os significados não trazem nada em si que obriguem os sujeitos a denominá-los de modo determinado (assim, por exemplo, o objeto "cabeça" é dominado variadamente como "tête", "head", "kopf", "capo", "cabeza" etc). Mas desde que um significado se estabeleça em sua relação significante, tudo muda: " Uma vez criado o signo, sua vocação se precisa, de uma parte em função da estrutura natural do cérebro, de outra parte, por relação ao conjunto dos outros signos, ou seja, do universo da língua, que tende naturalmente ao sistema"; c — dentro de um mesmo grupamento cultural aparecem diferenças de comunicação não devidas a fatores linguísticos: "A divisão de uma sociedade em classes ou castas produz diferenças de vocabulário, gramática, fonética e fonema, estilo etc".; 3) — tradução intersemiótica (ou transmutação) — interpretação de signos linguísticos por meio de signos não linguísticos. A Ode à Alegria de Schiller traduzida por Beethoven na sua Nona Sinfonia, por exemplo. Nesta terceira forma de tradução dever-se-ia antes definir o funcionamento teórico dos diversos níveis de signos não linguísticos — pintura, balé, música, mímica etc. — para que a passagem de uma à outra pudesse ser dada pela teoria da tradução. Ver-se-ia que esta tradução não é completa pois não se pode afirmar cientificamente que todas as linguagens podem ser teorizadas completamente. Uma teoria só ganha status científico quando elabora seus princípios teóricos e não quando se baseia num ato de fé de que "tudo é racionalizável" (esta esperança pertence ao campo filosófico, mesmo assim da velha filosofia, e não ao científico) . Ainda no nível da tradução inter-semiótica, Jakobson deixa em aberto uma questão, a tradução (por definição) impossível das linguagens matemáticas em signos linguísticos (a não ser quando os signos linguísticos perdem a conotação de comunicação funcional). Um dos corolários do teorema de Gödel é de que as matemáticas não podem apontar para um referencial-objeto desde que seu objeto só pode ser verificado completamente numa linguagem distinta (mais forte) da teoria que examina o objeto, pois toda teoria adequada não pode examinar todos seus objetos (oposição de completude e consistência numa teoria) . A "comunicação" nas matemáticas só pode ser verificada teoricamente e nunca numa tradução empírica.

Questão da maior importância é a análise dos diversos níveis expressivos e funcionais da comunicação. Ver-se-ia que a tradução interlingual nem sempre é possível de modo cibernético. Um contexto poético não pode ser traduzido justamente: "a poesia, por definição, é intraduzível. Somente é possível a transposição criadora: transposição no interior de uma língua — de uma forma poética à outra — transposição de uma língua à outra...". Enquanto num mito o que importa não é seu estilo, modo de narração ou sua sintaxe, já que sua substância está na história que ele narra. Um romance, que o leigo entende como facilmente traduzível, não pode ser traduzido se o tradutor dominar unicamente as duas línguas (do original e da tradução), pois entre ambas situam-se não apenas o contexto e a situação mas o nível romance, que se cria e se manifesta de modo especial. O mesmo se pode afirmar da filosofia, que tem uma linguagem própria, não referenciável às experiências cotidianas ou não referenciável imediatamente aos contextos de outros sistemas. Por exemplo, "uma história da filosofia explica a constituição e significado da filosofia dentro dos quadros da filosofia". Estes vários exemplos podem ser tratados rigorosamente no exame epistêmico de cada uma das linguagens propostas. Mas estas mesmas linguagens não terão o caráter e a natureza da linguística. O problema essencial ainda permanece: o que é a teoria da tradução? (Chaim Katz - DCC)


A tradução de uma obra de pensamento, seja ela filosófica ou poética, difere de uma tradução técnica, sobretudo pela sua impossibilidade de ser definitiva. Palavra e pensamento são criadores precisamente por se instalarem como nascente. Na nascente, porém, não é possível viver. Só é possível viver desde a nascente. Isto significa que pertence a toda obra de pensamento um inacabamento vital, o em aberto mais generoso, que entrega a cada um a tarefa de sempre de novo pensar juntamente com a obra o que o fundo de ser, o que a "relação de vida e destino" nos dá a pensar. Com isso se diz, por um lado, que a tradução não pode substituir a tarefa lenta e singular de se pensar com a obra e, por outro, que a obra é tanto mais instauradora quanto mais intraduzível. Intraduzível não diz, contudo, não se deixar traduzir, mas doar a tarefa infinita de se traduzir sempre de novo. [Schuback]

Submitted on 29.01.2013 16:54
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