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escrita

Definition:
Em sentido lato, escrita é qualquer sistema semiótico visual e espacial; em sentido restrito, é um sistema gráfico de notação da linguagem. Mais precisamente, vamos distinguir na escrita, tomada em sentido lato, a mitografia e a logografia, que hoje coexistem, mas a propósito das quais se tenta muitas vezes pôr a questão da anterioridade histórica.

A mitografia é um sistema em que a notação gráfica não se refere á linguagem (verbal), mas forma uma relação simbólica independente. A parte mais importante da mitografia é formada pela pictografia: isto é, desenhos figurativos, utilizados com a função de comunicação. ... Foi a partir da mitografia que se desenvolveu a logografia, sistema gráfico de notação da linguagem. A outra fonte da logografia é, segundo Van Ginneken, a linguagem gestual. Todas as escritas, no sentido restrito da palavra, estão incluídas na logografia. [Dicionário das ciências da linguagem (Ducrot & Todorov)]


A noção de escritura implica atualmente em uma reflexão diferente daquela que a definição usual da "escritura" (representação do pensamento por um sistema de signos convencionais) deixa entender. Assim como esta definição supõe uma história e uma antropologia dos sistemas, das técnicas, e das grafias, a noção moderna da escritura visa ao mesmo tempo um gesto simbólico (decisão e inscrição), um traço real e valores referenciáveis: o fragmento, a polissemia, o plural, a instância de leitura, o jogo, etc. A escritura desfaz a separação ordinária dos gêneros (romance, poesia, etc.). Por este caminho, ela designa uma nova relação ao texto que ela contribui a redefinir. E ela entretém uma relação outra com a filosofia, as ciências humanas e o político. [Notions philosophiques]


Os estudos sobre a escrita realizam-se usualmente fora do âmbito da linguística. Apresentam a divisão de seus tipos, distinguindo-se: 1) escrita analítica/ideogrâmica (aquela que, em princípio, "a cada unidade significativa associa-se um signo gráfico (um desenho) distinto"); 2) escrita sintética (que visa a "sugerir por um único desenho, que de relance o olho pode abarcar, um grupo de frases"); 3) fonética (que depõe a sequência falada em unidades distintivas) . Estabelecem painéis diacrônicos, sua etapa mais recuada remontando ao fim do musteriano (cerca de 50.000 A. C. ), tornando-se os signos gráficos abundantes por volta de 35.000 A.C. (Leroi-Gourhan, Le geste et la parole). E consideram seu papel, definido por Leroi-Gourhan como sendo o de "a conservação permanente dos produtos do pensamento individual e coletivo". Sendo esta a sua função, a natureza da escrita não passa de código auxiliar de fixação do código oral, i. e., da palavra. — Em recente, 1967, o ensaísta J. Derrida apresenta uma concepção revolucionária da escrita (Derrida, Jacques, L’Écriture et la Différence, Seuil, 1967) . Verifica que a escrita tem um estatuto subalterno tanto para a linguística quanto para a metafísica, seja ateia ou religiosa. Esta unanimidade aponta para um pressuposto constitutivo, permanente e essencial à história do Ocidente. Confina-se a escrita a uma posição secundária em virtude mesmo da importância concedida à palavra. E esta mantém tal realce porque se confunde com a determinação do Ser: o Ser em geral e a palavra caracterizando-se, de igual, como presença. Ora, a história e o saber, istoria e episteme, foram sempre determinadas (e não só a partir da etimologia ou da filosofia) como "rodeios em vista da reapropriação da presença" (Ibid., 20) . Por outro lado, e no mesmo sentido, a voz "tem uma relação de proximidade essencial e imediata com a alma", tanto para Aristóteles, quanto para Hegel. Pertencem, respectivamente, a Da interpretação do primeiro e à Estética do segundo as seguintes passagens: "Assim como a escrita não é a mesma para todos os homens, as palavras faladas não o são tampouco, enquanto os estados da alma de que estas expressões são imediatamente os signos são idênticos para todos, como também são idênticas as coisas de que estes estados são as imagens" e "Este movimento ideal, pelo qual, dir-se-ia, se manifesta a simples subjetividade, a alma do corpo ressonante, é percebido pelo ouvido da mesma maneira teórica de como o olho percebe a côr ou a forma, assim a interioridade do objeto tornando-se a do próprio sujeito" (citados em Ibid, 22, 23). Saussure, de sua parte, encarava a escrita como verdadeira monstruosidade que fere a estabilidade da língua: "Mas a tirania da letra ainda vai mais longe: à força de se impor à massa, influencia sobre a língua e a modifica" (Saussure, Ferdinand de, Cours de Linguistique Générale, 53). A ciência nascente, a linguística, incorporava, sem se dar conta, a pressuposição teológico-metafísica da inferioridade da letra sobre a voz, dando-lhe, ademais, força de conceito, por meio da ideia de signo, definido como amálgama acústico-conceitual. O próprio Saussure, porém, se contradita, ao dizer sobre o significante verbal que este não desempenha parte essencial na língua (Ibid., 21) . Isto conduz à perda do privilégio da palavra (phone), em que se baseara, para Derrida, conforme vimos, toda a metafísica, e à definição da língua como pura diferença: "... na língua não há mais que diferenças" (Derrida, Jacques, L’Écriture et la Différence, 166). Derrida então caminha no dilaceramento do corpo saussuriano, nesta ruptura encontrando seus novos argumentos ou os procurando no pensamento de Hjelmslev ou ainda no ultrapasse de ambos. Inclui-se no primeiro caso sua releitura da ideia de motivação do signo. O signo só se mostra imotivado porque a escrita, ao contrário do que Saussure afirmava, está dentro da linguagem. Pois como ele seria pensável, como a sua diferença seria estabelecida quanto aos objetos naturais fora do horizonte da escrita? No segundo caso, se enquadra todo o aproveitamento da radicalização empreendida por Hjelmslev da ideia da língua como forma e não substância (forma e substância). O terceiro caso, o de sua contribuição original, é formado pela redefinição da escrita. Sua tese: a língua não é uma espécie de escrita, mas uma espécie da escrita. Sinteticamente, são estes os seus passos: 1) se a língua é diferença — "... o elemento fônico, o termo, a plenitude que se chama sensível, não apareceriam como tais sem a diferença ou a oposição que lhes dão forma" — "o aparecer e o funcionamento da diferença supõem uma síntese originária a que nenhuma simplicidade absoluta precede" (Ibid., 91-2). Daí introduzir o conceito de traço: "O traço (puro) é a diferença" (Ibid., 92), o qual não apresenta nenhuma plenitude material, seja gráfica, fônica ou visual; 2) ora, o Saussure mais radical — o da diferença e não o da definição de signo — e Hjelmslev, em sua sequência, estabeleciam que esta forma sem substância, a língua, tem como externas tanto a matéria falada quanto a escrita. O conceito de ‘traço’ agora permite a Derrida um passo adiante. Pois, se a escrita é traço — embora não o traço puro que nomeia a diferença — se o traço expõe a diferença e se a língua é diferença, então a escrita está no interior da língua; 3) isto, contudo, não torna os estudos sobre a escrita de pertinência da linguística. Pois esta não atualiza mais que uma espécie de "escrita", a escrita verbal. Acima do horizonte linguístico, então se implanta o horizonte da gramaticologia. (Luiz Carlos Lima - DCC)

Submitted on 11.06.2023 16:52
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