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civilização

Definition:
O conjunto dos caracteres próprios às sociedades evoluídas. — A noção de civilização evoca, de saída, certo estado de técnica (distinguem-se as civilizações da idade da pedra, as da idade do ferro e, hoje, as civilizações do carvão, do petróleo, por fim a da idade atômica), em seguida uma certa forma de cultura (por ex. a civilização grega). À imagem da pessoa humana, a técnica constitui o corpo de uma civilização, enquanto a cultura representa sua alma. A noção de civilização conserva sempre um sentido normativo e universal: o progresso da civilização implica simultaneamente um progresso da técnica, através do qual o homem se torna senhor da natureza, e um progresso social e moral no sentido da emancipação dos povos escravizados, de uma sociedade sem guerras e sem classes, e sobretudo no sentido do desaparecimento de países subdesenvolvidos, porque o homem deve primeiro se alimentar antes de consagrar seu tempo a se aprimorar. O progresso da civilização não deve ser concebido, no domínio cultural, sob a forma de dominação da cultura europeia sobre as demais culturas (africanas, asiáticas ou americanas), antes sob a forma de "intercâmbios" graças aos quais as individualidades culturais compreendem-se e enriquecem-se mutuamente. (V. cultura.) [Larousse]


(in. Civilization; fr. Civilisation; al. Zivilisation; it. Civilta).

No uso comum, esse termo designa as formas mais elevadas da vida de um povo, isto é, a religião, a arte, a ciência, etc, consideradas como indicadores do grau de formação humana ou espiritual alcançada pelo povo. Como subordem, fala-se de "civilização da técnica", em cuja expressão a especificação implica que não se trata da "civilização" sem adjetivos. Está claro que essa noção baseia-se na preferência atribuída a certos valores. Em primeiro lugar, privilegiam-se certas formas de atividade ou de experiência humana; em segundo lugar, privilegiam-se os grupos humanos nos quais tais formas de experiência e de atividade são mais favorecidas. Assim, não há dúvida de que, do ponto de vista da noção acima exposta, a única e verdadeira forma de civilização é a do ocidente cristão, pois foi só entre os povos do ocidente cristão que a religião, a arte e o "saber desinteressado" da ciência gozaram de maior favorecimento, com exceção de períodos relativamente breves.

O historicismo relativista e, em particular, a obra de Spengler abalaram o complexo de certezas em que essa noção se apoiava. Spengler, embora tenha visto na civilização a forma mais elevada e madura de determinada cultura, viu também nela o princípio do seu fim, e mostrou que não há uma cultura só, e que todas nascem, crescem e morrem como organismos vivos. A sua obra deve-se a generalização do conceito de cultura e, portanto, também de civilização, que seria determinada fase da própria cultura. Com isso, a noção de civilização baseada em determinada hierarquia de valores entrou em crise. Começou-se a usar a palavra civilização no plural. É o que faz, p. ex., Toynbee, que a contrapôs a "sociedade primitiva", para indicar as sociedades que constituíram ou constituem mundos culturais relativamente autônomos. Toynbee enumera diferenças puramente extrínsecas entre civilizações e sociedade primitivas. O número das civilizações conhecidas é pequeno; Toynbee enumera 21. O número de sociedades primitivas conhecidas é grande; em 1915 L. T. Hobhouse e outros enumeraram 650. As sociedades primitivas são restritas quanto ao número dos seus membros e à extensão geográfica e têm vida breve, muitas vezes violentamente truncada. As civilizações, ao contrário, são grandes e duradouras; para resumir, as duas espécies estão entre si como os elefantes estão para os coelhos (Toynbee, Study of History, I, C, III, a).

Na realidade, a palavra civilização, assim como a palavra cultura, deve ser ainda mais generalizada em seu significado; e, assim como a cultura foi definida como um "sistema historicamente derivado de projetos de vida explícitos e implícitos, que tendem a ser partilhados por todos os membros de um grupo ou por aqueles especialmente qualificados" (R. Linton, The Science of Man, Nova York, 1952,1. ed., p. 98), também a civilização deve ser definida como o aspecto tecnológico-simbólico de determinada cultura. Nesse sentido genérico, os dois termos, civilização e cultura, podem ser aplicados aos povos e aos grupos humanos mais díspares. A civilização constitui, como se pode dizer, o arsenal, isto é, o conjunto dos instrumentos de que uma cultura dispõe para conservar-se, enfrentar os imprevistos de situações novas e perigosas, superar a crise, renovar-se e progredir. Se uma cultura pode ser entendida (segundo o esquema de Toynbee) como a "resposta" dada por um grupo de homens ao "desafio" representado pelas condições da realidade biológica física e social em que se encontram, pode-se dizer que uma "civilização" é o conjunto de armas que uma cultura forja para enfrentar o "desafio". Essas armas são constituídas, em primeiro lugar, pelas técnicas, desde o mais simples e elementar trabalho manual até as formas mais complexas das ciências e das artes; e, em segundo lugar, pelas formas simbólicas, isto é, pelo conhecimento, pela arte, pela moralidade, pela religião, pela filosofia, etc, que condicionam e ao mesmo tempo são condicionadas por essas técnicas. O entrelaçamento e a combinação das técnicas e formas simbólicas (ou espirituais) que, por sua vez, podem ser consideradas outras técnicas, constitui a base das instituições econômicas, jurídicas, políticas, religiosas, educacionais etc, nas quais comumente se pensa quando se fala de civilização Na realidade, o uso científico (isto é, objetivo e neutro) dessa palavra (uso indispensável para o estudo e a compreensão de tantas civilização díspares de que temos memória histórica e das tantas e diferentes fases que cada uma delas atravessou e atravessa) exige que estejam incluídas no conceito de civilização só as características gerais e formais dos instrumentos que ele designa, prescindindo de qualquer referência a um sistema de valores (como poderiam ser os da civilização cristã ou ocidental e da civilização islâmica, etc). É preciso, então, em primeiro lugar, não perder de vista a eficiência das armas que uma civilização põe à disposição da cultura a que pertence, em vista da sua conservação e do seu progresso. E é claro que, em face das mudanças incessantes nas condições que uma cultura deve enfrentar e em face da imprevisibilidade dessas mudanças, as possibilidades de sucesso dos instrumentos técnico-simbólicos, que constituem determinada civilização ou uma de suas fases, não dependem da configuração particular que assumiram nessa fase (ainda que essa configuração tenha permitido grande êxito), mas sim de sua capacidade de autocorreção, isto é, da sua capacidade de adaptação a circunstâncias sempre novas e variáveis. Isso significa que as possibilidades de sucesso de tais instrumentos dependem essencialmente das regras metodológicas que prescrevem e dirigem sua adaptação a circunstâncias ou a fatos diversos e díspares, permitindo, cada vez, estruturá-los de modo oportuno em vista de tais circunstâncias ou fatos, de tal forma que sua eficácia permaneça e aumente. Desse ponto de vista, a presença ativa e atuante, em todos os campos, da metodologia da pesquisa científica — no sentido mais lato, que inclui a consciência das limitações ou das insuficiências dessa metodologia em cada fase histórica — é o índice objetivo que mede o grau de civilização, isto é, o poder do arsenal de que uma cultura dispõe para a sua própria conservação e o seu progresso (v. cultura). [Abbagnano]


Noção ambígua (toda noção é ambígua), seu desenvolvimento teórico parece começar com o Iluminismo. Desde o século XVI aparece na língua francesa a palavra "civilizado" no sentido de "polido". "Polido" liga-se ao étimo "polis", a cidade. "O adjetivo ‘civilizado’ e o verbo ‘civilizar’ evocavam realidades antigas, medievais a rigor, mas fundadas em ambos os casos num mundo geograficamente limitado, cujo centro era a cidade". Exatamente no mesmo sentido com que Aristóteles empregava a expressão "o homem é um animal político". Pertencer à cidade implica em aderir à cultura material do grupo social que recorta valorativamente os produtos ideológicos que o homem cria para se explicar diante do mundo.

Desde seu nascimento "civilização" pertence ao plano ideológico. Para o Iluminismo a civilização se tornará em Civilização: único modelo adequado de existência para os povos e racionalidade na fundação da adequacionalidade existencial. Desde as grandes viagens e conquistas dos séculos XV e XVI o homem ocidental toma consciência da força de sua razão: os selvagens (cujo étimo vem de silva, selva) serão retirados do estado lamentável em que se encontram pela força das armas. Formas de existência distinta, seu comportamento será medido numa escala em cujo cume se encontram os costumes, leis e valores da civilização ocidental cristã. Ou seja, Civilização é uma meta e um ideal a alcançar pelos diversos povos da Humanidade.

Sob a influência do darwinismo, para quem o progresso cultural corresponde à evolução orgânica, a antropologia se iniciará, pelas teses de seus dois grandes prógonos, na afirmação da supremacia da civilização. Dirá Morgan: "Como é incontestável que partes da família humana viveram num estado de selvajaria, outras num estado de barbárie e outras partes ainda num estado de civilização, é igualmente incontestável que estas três condições distintas sejam ligadas uma à outra numa sequência de progresso natural tanto como necessário" (in Ancient Society). E Tylor definirá a tarefa dos antropólogos dizendo que eles "são capazes de estabelecer ao menos uma escala grosseira de civilização colocando simplesmente as nações europeias numa extremidade das séries sociais e as tribos selvagens na outra, dispondo o resto da humanidade entre estes dois limites" (in Primitive Culture). Sob a influência do Evolucionismo estabelecia-se uma linha que ia dos primitivos macacos à Civilização. Como dirá ainda hoje Gordon Childe: "Sugerimos que a pré-história é uma continuação da história natural e que existe uma analogia entre a evolução orgânica e o progresso da cultura". Ele próprio estabelecerá uma linha ascencional — selvajaria paleolítica, barbárie neolítica, barbárie superior, primitiva civilização do bronze, idade primitiva do ferro — onde, pelo próprio método empregado, a Civilização será o cume e a referência absolutos.

Este mesmo modo de pensar vai levar à confusão de história e civilização ou de civilização e lógica : o indivíduo só é um ser histórico e lógico de modo pleno quando pertence à nossa Civilização. Quando se leva este escalonamento ideológico às suas últimas consequências, vê-se que ele vai dos primatas ao super-homem ariano. Raymond Aron mostra que se pode falar a respeito de Civilização no exame de três perspectivas fundamentais: de sua originalidade, de sua coerência e do esquema do devir. Ora, este esquema do devir é hoje vetorizado pela articulação das relações de produção no plano internacional, o que inclui — ou tende a incluir — todos os grupos sociais existentes no mercado econômico mundial. No plano ideológico existe atualmente uma referência para o julgamento do que é mais e menos civilizado: o "progresso" técnico. Ser civilizado, pertencer à polis é pertencer ao mundo tecnológico. E isto marca ao mesmo tempo a originalidade e a coerência da chamada civilização ocidental cristã. Os valores se articulam em tônio da produção social desta civilização tomada como um todo e tendo como eixo a produção no seu nível tecnológico. Os fatos se concretara em torno da importância (para a noção de "importância", que esta tem. O fato só adquire importância em relação ao recorte cultural realizado pelas forças produtivas. Ambos os níveis, o social o e cultural, colocados no plano do vivido é que permitirão articular a Civilização. Ou seja, a Civilização é uma noção empírica, ideológica e que não possui nenhum fundamento científico. Mas seus valores condicionam o civilizado a pensar de um modo determinado. A noção de progresso é que articula a noção de civilização. Lévi-Strauss analisa este problema pensando a diversidade cultural. Êle diz que as diferenças culturais se danam por afastamento geográfico, propriedades particulares do ambiente natural, ignorância das outras culturas e, noutro nível, pelo desejo de se opor, de se distinguir do outro, "d’etre soi". A diversidade das culturas depende menos do isolamento dos grupos que das relações que os unem. Lévi-Strauss se recusa a ver as culturas dentro de um escalonamento onde uma forma cultural sucedesse à outra. Diz que se podem pensar dois tipos de sociedades: as ‘quentes’ e as ‘frias’. A sociedade que tem uma história estacionária, circular, êle denomina ‘fria’; ela combina poucos elementos da grande variedade possível do homem e realiza certos ciclos para voltar ao seu percurso inicial. É vista como mantenedora da ordem, produzindo pouca entropia e quase nenhum afastamento diferencial. A sociedade ‘quente’ acumula suas conquistas em forma linear, o que dá origem a um desdobramento de formas. Desde que uma sociedade começa a se elaborar numa certa direção, ela produz seus objetos de modo cada vez mais complexo. Esta necessidade de diferenciação incide inclusive na sociedade e as sociedades quentes são fabricantes de entropia: têm que haver grandes diferenças para que a entropia possa ser canalizada. Na história estacionária das sociedades frias estas teriam pouco contato com as outras sociedades, enquanto as sociedades quentes acumulam suas experiências mutuamente. Lévi-Strauss diz que não há sociedades absolutamente estacionárias: todas acumulam, mas em graus distintos. Pois toda cultura contém em si duas forças contraditórias, uma que tende à unificação e outra que tende à diversificação.

Assim, a chamada Civilização não seria um caso único na História, se bem que a contemporaneidade a viva como tal. O modo de realizar da Civilização é apenas distinto de outras culturas, mas de modo algum "superior". Por exemplo, a arte civilizada não comunica na sociedade — com Picasso ou Stravinsky, por exemplo — enquanto a função primordial da arte nas chamadas sociedades primitivas seria semântica. O que seria progresso aqui, se não se tem nenhuma referência para julgá-lo? Como dizer que há progresso no desenvolvimento tecnológico quando este é acompanhado da intensificação da exploração do homem pelo homem? Onde se poderia aplicar então a noção de progresso? "Nem em Race et Histoire, nem em Tristes Tropiques, procurei destruir a ideia de progresso, mas antes procurei fazê-la passar do grau de categoria universal do desenvolvimento humano ao do modo particular de existência próprio à nossa sociedade (e talvez a algumas outras) quando ela experimenta se auto-pensar". O conceito de Civilização só poderia, segundo Lévi-Strauss, ser pensado internamente à própria cultura que o elabora, ou seja, acompanhando a evolução dos diversos traços culturais. Mas a crítica de Lévi-Strauss é ainda insuficiente. Pois aborda o conceito de cultura já realizada e tenta pensar a cultura em sua dicotomia com a sociedade. No plano do simbólico pode-se mostrar que há uma autonomia relativa dos sistemas chamados "culturais" mas no plano social, isto é, onde a cultura se manifesta a articulação é dada pela estrutura das relações de produção. Aqui, cultura e sociedade são inseparáveis. E a chamada Civilização não existe unicamente no plano cultural (para análise mais sistemática. (Chaim Katz - DCC).

Submitted on 09.12.2009 15:34
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