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duração

Definition:
(gr. aion; lat. aevum; in. Duration; fr. Durée; al. Dauer; it. Durata).

Período de vida de uma coisa ou de um acontecimento, limites de sua existência no tempo. Era assim que Aristóteles definia a duração.- "Termo que abrange o tempo de cada coisa viva e fora do qual nada dessa coisa incide naturalmente" (De cael., I, 9, 279 a 23). A duração abrange, portanto, todo o período de vida de uma coisa, mas se a coisa de que se trata é o mundo, que abrange a totalidade do tempo, a duração é a própria eternidade, no sentido de um permanecer indefinido da existência no tempo (Ibid., I, 9, 279 a 25). Entre os antigos, portanto, o conceito de duração tem dois significados: 1°. os termos temporais que circunscrevem a existência de uma coisa qualquer; 2°. o prolongamento indefinido do tempo, ou seja, a eternidade. Aqui consideraremos só o primeiro desses significados, já que o outro está incluído no verbete eternidade.

Descartes distinguiu o tempo, como número do movimento, da duração em geral, vendo nele "certo modo de pensar essa duração, de compreender numa medida comum a duração de todas as coisas" (Princ. phil., I, 57). Spinoza só fez repetir o mesmo conceito de Descartes ao definir a duração como "a existência das coisas criadas, enquanto persevera em sua realidade" (Cogitada metaphysica, I, 5) ou como "a continuação indefinida do existir" (Et., II, def. 5). Com Locke a noção de duração é explicada a partir da experiência interior. duração seria a generalização dessa experiência, como a extensão é uma generalização da experiência da distância obtida pela visão ou pelo tato. Locke diz "obtemos a ideia de sucessão ou de duração da reflexão em torno da sucessão das ideias que vemos aparecer, uma após a outra, em nosso espírito" (Ensaio, II, 14, 4). Diante disso, Leibniz observava que "uma série de percepções desperta em nós a ideia da duração, mas não a substitui.

Nossas percepções nunca têm uma sucessão tão constante e regular que possa corresponder à do tempo, que é contínuo, uniforme e simples, como uma linha reta". Portanto, pode-se dizer que se conhece "a duração através do número dos movimentos periódicos iguais, dos quais um começa quando acaba o outro, como p. ex. o número de revoluções da terra ou dos astros" (Nouv. ess., II, 14, § 16, 22). Em outros termos, para Leibniz a noção de duração está ligada à de medida do tempo e esta última está ligada aos movimentos periódicos uniformes. E Kant exprimia substancialmente o mesmo conceito de duração ao observar que "só por meio do permanente a existência adquire, nas várias partes da série temporal, uma quantidade que se chama duração" (Crít. R. Pura, Anal. d. Princ, I. Analogia). A duração é, portanto, uma quantidade mensurável com fundamento na permanência: é um atributo da substância porquanto é o próprio objeto que permanece no tempo (Ibid). Donde se conclui que, enquanto os antigos remetiam a ideia de duração à de eternidade, os modernos, ao contrário, remetem-na à ideia de tempo, identificando-as.

Bergson procura separar duração de tempo, pelo menos do tempo mensurável pela ciência, e acaba por transformá-la numa espécie de eternidade. Para Bergson, o tempo da ciência é espacializado, ou seja, reduzido à sucessão de instantes idênticos. O tempo real ou duração é dado pela consciência, despojado de qualquer superestrutura intelectual ou simbólica, ou reconhecido em sua fluidez original. Nessa fluidez não existem estados de consciência relativamente uniformes que se sucedam uns aos outros, como os instantes do tempo espacializado da ciência. Existe uma única corrente fluida, onde não existem cortes nítidos nem separações, e na qual, a cada instante, tudo é novo e tudo é ao mesmo tempo conservado. Bergson diz: "Meu estado d’alma, avançando no caminho do tempo, vai-se dilatando continuamente com a duração que recolhe: pode-se dizer que faz uma avalanche consigo mesmo" (Évol. créatr., p. 2). O conceito de duração assim entendido é o princípio de toda a filosofia de Bergson: é invocado como memória, ou seja, conservação integral, em Matière et mémoire, para explicar a relação entre alma e corpo; como ímpeto vital em Evolução criadora, para explicar a evolução da vida e súa divisão nas duas direções fundamentais que são instinto e inteligência; e também como ímpeto vital em Deux sources de la morale et de la religion, para explicar o desenvolvimento das sociedades humanas e seu encaminhamento para uma sociedade mística. Finalmente, é o objeto próprio da intuição, que é o órgão específico da filosofia, destinada a apreender a espiritualidade como tal, da mesma forma como o intelecto destina-se a apreender a matéria, ou seja, a imobilidade do mecanicismo. Como já se disse, essa noção de duração, não obstante apresentar-se caracterizada como mudança incessante, está mais próxima da noção de eternidade que da noção de tempo, visto que, na verdade, conserva tudo, é tudo e nada tem fora de si, precisamente como o aión de Aristóteles. [Abbagnano]


A definição mais usual de duração “persistência de uma realidade no tempo”. Esta definição pode interpretar-se de vários modos. Por um lado, pode não só insistir-se no caráter temporal da duração, mas inclusive supor-se que o tempo da duração consiste na sucessão - sucessão de momentos.

Por outro lado, pode destacar-se o permanecer na existência. Estas interpretações deram lugar a muitos debates sobre o conceito de duração, especialmente entre os escolásticos e os filósofos modernos do século XVII.

Quando se insistiu no fato do “permanecer”, ligou-se o conceito de duração ao de eternidade. Alguns autores concluíram que o significado de ambos os conceitos é idêntico, dado o caráter fundamental que a noção de permanência tem para a eternidade. Outros, em contrapartida, introduziram uma série de distinções. Para S. Tomás, por exemplo, o conceito de duração é como um gênero de que são espécies os conceitos de eternidade e de eviternidade.. Por isso, o conceito de duração não inclui necessariamente o de sucessão, mas só o de permanência do ser que dura. O tempo é uma duração que tem começo e fim. A eternidade é duração sem começo nem fim e é, portanto, interminável (SUMA TEOLÓGICA). Esta concepção foi a mais difundida na escolástica e considerou-se que é a única que permite evitar uma separação completa entre os conceitos de eternidade e de tempo. Muitos dos filósofos modernos aproveitaram as elaborações escolásticas, em particular a noção de permanência, mas fizeram-nas servir para outros fins. Assim, Descartes que considerou que a duração de cada coisa é o modo pelo qual consideramos essa coisa enquanto continua a existir (OS PRINCÍPIOS DA FILOSOFIA). Isto equivale a supor que o tempo é uma maneira de pensar a duração, e de distinguir entre duração, ordem e número. Espinosa distingue entre eternidade e duração. A eternidade é o atributo mediante o qual concebemos a infinita existência de Deus. A duração é “o atributo mediante o qual concebemos a existência das coisas criadas enquanto perseveram na existência atual” (PENSAMENTOS METAS). Mais precisa e laconicamente, a duração “é a continuidade indefinida de existência” (ÉTICA). Indefinida, porque “nunca pode ser determinada pela natureza da coisa existente, nem pela causa eficiente, que estabelece necessariamente a existência da coisa, mas não a suprime”. A duração distingue-se do tempo e da eternidade, do primeiro, por ser um “modo de pensar” da duração; da segunda, porque a duração é precisamente algo fundado na eternidade. Também os autores empiristas fazem uso de conceitos tradicionais, mas substituem a tendência metafísica por uma orientação psicológica e epistemológica. Locke define a ideia de duração como “as partes fugazes e continuamente perecedoras da sucessão” (ENSAIO), mas, mais à frente, nota que a reflexão sobre “as aparências de várias ideias, uma após outra, nos nossos espíritos, é o que nos proporciona a ideia de sucessão, e a distância entre quaisquer partes dessa sucessão, ou entre as aparências de duas ideias quaisquer nos nossos espíritos é aquilo a que chamamos duração”. Esta tendência para interiorizar a noção de duração é frequente no pensamento contemporâneo, mas a interiorização nem sempre foi entendida num simples sentido psicológico ou epistemológico. Isto acontece em Bergson, para o qual a duração pura, concreta ou real é o tempo real em oposição à espacialização do tempo. Quando, por exemplo, se diz que o psíquico, tem, entre outros caracteres, o da duração, não se quer significar senão que o psíquico é irredutível à espacialização a que está submetido o tempo por meio da matemática. O tempo matemático e o físico-matemático são por sua vez o resultado da necessidade que a vida se encontra e domina pragmaticamente a realidade. A duração é, contudo, a primeira realidade, para além dos esquemas espaciais, o que é intuitivamente vivido e não simplesmente compreendido ou entendido pelo entendimento. Por isso, o absoluto, entendido à maneira de Bergson, não pode ser um absoluto eterno, mas um absoluto que dura. A concepção do absoluto como eterno - eternidade que Bergson entende como um corte no devir mais que como um recolhimento autêntico do devir - derivam as dificuldades metafísicas do problema do nada; a concepção do absoluto como algo que dura, elimina a possibilidade de o confundir com uma essência lógica ou matemática intemporal. [Ferrater]

Submitted on 04.03.2010 16:44
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