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dogmatismo

Definition:
Tendência a afirmar sem discussão. — Em filosofia, designa toda doutrina que parte de uma certeza prévia (nesse sentido, o dogmatismo se opõe ao "criticismo": a filosofia crítica começa por duvidar de tudo — como Descartes nas Meditações; como Kant, cuja Crítica da razão pura deixa em suspenso todos os problemas metafísicos, como a imortalidade da alma, a origem do mundo e a existência de Deus), ou mesmo, toda doutrina que alcança uma certeza (a filosofia de Spinoza é um dogmatismo na medida em que conclui num sistema do conhecimento verdadeiro). A "filosofia dogmática" designa mais particularmente a filosofia da Idade Média, baseada na autoridade do dogma religioso (doutrina fixa que a Igreja prega em nome de Deus e da Revelação). O dogmatismo opõe-se teoricamente ao ceticismo; na vida prática, ao empirismo: o político dogmático é aquele que orienta sua ação em função de uma teoria, não levando em consideração as realidades históricas do mundo atual. A atitude subjacente ao dogmatismo é a intolerância ou o fanatismo. [Larousse]


Como orientação científica, significa (1) originariamente o contrário do ceticismo. — Kant entende por dogmatismo (2) o racionalismo e, além disso, toda filosofia em que a metafísica procura avançar sem crítica do conhecimento. — Na neo-escolástica dá-se também o nome de dogmatismo (3) à chamada teoria das verdades fundamentais. De modo geral, pode caracterizar-se como dogmatismo (4) toda concepção que pretenda subtrair suas afirmações e pressuposições a uma crítica justificativa. — O dogmatismo (5), enquanto atitude pessoal, tende a dizer em tudo a palavra definitiva e a não tolerar qualquer contradição. Dogmático significa: (1) "sem crítica’’, ou (2) apodítico, estritamente demonstrativo, necessário por força de princípios puramente racionais", ou (3) "pertencente à disciplina teológica da dogmática, isto é, ao dogma enquanto doutrina de fé da Igreja". Santeler. [Brugger]




O sentido em que se usa em filosofia, o termo dogmatismo é diferente daquele em que se usa em religião. Nesta última, o dogmatismo é o conjunto dos dogmas, os quais são considerados (pelo menos em muitas Igrejas cristãs, e em particular no catolicismo) como proposições pertencentes à palavra de Deus e propostas pela Igreja.

Filosoficamente, em contrapartida, o vocábulo dogmatismo significou primitivamente oposição. Tratava-se de uma oposição filosófica, isto é, de algo que se referia aos princípios. Por isso, o termo dogmático significou “relativo a uma doutrina” ou “fundado em princípios”. Ora, os filósofos que insistiam demasiado nos princípios acabavam por não prestar atenção aos fatos ou aos argumentos que pudessem pôr em dúvida esses princípios. Esses filósofos não consagravam a sua atividade à observação ou ao exame, mas à afirmação. Foram por isso chamados “filósofos dogmáticos”, ao contrário dos filósofos examinadores ou cépticos.

O dogmatismo entende-se principalmente em três sentidos:

1) como posição própria do realismo ingênuo, que admite não só a possibilidade de conhecer as coisas no seu ser verdadeiro (ou em si) mas também a efetividade deste conhecimento no trato diário e direto com as coisas. 2) como a confiança absoluta num determinado órgão de conhecimento (ou suposto conhecimento), principalmente da razão. 3) como a completa submissão, sem exame pessoal, a determinados princípios ou à autoridade que os impõe ou revela. Em geral, é uma atitude adoptada no problema da possibilidade do conhecimento e, portanto, compreende as duas primeiras acepções. Contudo, a ausência do exame crítico revela - se também em certas formas de cepticismo e por isso se diz que certos cépticos são, a seu modo, dogmáticos. O dogmatismo absoluto e o realismo ingênuo não existem propriamente na filosofia, que começa sempre pela pergunta acerca do ser verdadeiro e, portanto, procura este ser mediante um exame crítico da aparência. Isso acontece não só no chamado dogmatismo dos primeiros pensadores gregos, mas também no dogmatismo racionalista do século XVIII, que desemboca numa grande confiança na razão, mas depois de a ter submetido a exame. Como posição gnoseológica, o dogmatismo opõe-se ao criticismo mais que ao cepticismo. Esta oposição entre o dogmatismo e o criticismo foi sublinhada especialmente por Kant, que, ao proclamar o seu despertar do “sono dogmático” por obra da crítica de Hume, opõe a crítica da razão pura ao dogmatismo em metafísica. “dogmatismo é, pois, o procedimento dogmático da razão pura sem uma prévia crítica do seu próprio poder” (CRÍTICA DA RAZÃO PURA).

A oposição entre o dogmatismo e o cepticismo adquire sentido em Comte, quando considera estas duas atitudes não só como posições perante o problema do conhecimento, mas também como formas últimas da vida humana. A vida humana pode existir, com efeito, em estado dogmático ou em estado céptico. Este último não é mais que uma passagem de um dogmatismo anterior a um novo dogmatismo. [Ferrater]


A palavra dogma vem do verbo grego dokein, que significa parecer. Antigamente a empregavam os gregos para significar qualquer opinião aceita, e também como ordem, decreto. Chamavam de dogmática a toda filosofia que afirmasse certas teses como verdadeiras. Finalmente, tomou, sobretudo entre nós, a acepção de doutrina fixada, incontestada. Por isso é sempre a palavra dogmatismo oposta a cepticismo, que vem do grego skepsis, que significa análise, e do verbo skeptomai, examinar atentivamente.

É verdade que hoje se emprega o termo dogmatismo para significar toda a posição doutrinária que afirma, sem justificar suficientemente as suas opiniões, impõe-nas como verdadeiras e indiscutíveis, fundadas em autoridade. O dogmatismo é, neste sentido, uma forma viciosa do absolutismo, quer no terreno das ideias, quer no das relações jurídicas.

É preciso, por isso, ter o máximo cuidado no emprego de um termo que se presta a equívocos.

Na gnoseologia, considera-se dogmatismo (que chamaremos de dogmatismo gnoseológico), aquele que afirma, quanto à possibilidade do conhecimento, que o contacto entre o sujeito e o objeto implica um conhecimento exato e verdadeiro, sobre o qual não põe dúvidas.

O dogmatismo gnoseológico, portanto, não duvida do conhecimento.

Percepções, conhecimentos racionais são ou podem ser verdadeiros para o dogmático. Também, para estes, os valores existem, pura e simplesmente. A consciência é virtualizada por ele como o é a consciência cognoscente.

Subdivide-se o dogmatismo, em:
teórico — quando se refere ao conhecimento teórico;
ético — quando se refere ao conhecimento dos valores mentais;
axiológico — quando se refere aos valores em geral;
religioso — quando se refere ao conhecimento dos valores religiosos;
científico — quando se refere ao conhecimento dos factos cientificamente analisados.

Considera-se como dogmatismo ingênuo o do homem comum, que não põe em dúvida o valor dos seus conhecimentos.

As reflexões gnoseológicas, surgidas entre os jônicos, na Grécia, prepararam o terreno para as posteriores análises dos eleáticos e para a crítica dos sofistas e da skepsis, dos cépticos gregos em geral, já no período da decadência helênica.

O cepticismo é assim a posição diametralmente oposta ao dogmatismo.

Em sua atitude prática, os céticos não afirmavam que o sujeito pudesse apreender o objeto. Ao contrário: que tal captação não se dava completa, razão pela qual propunham que nos abstivéssemos de qualquer juízo (suspensão do juízo - epoche), evitando julgar, já que nos faltava um meio seguro de conhecimento.

O dogmatismo virtualizava o sujeito, para atualizar o objeto; o cético atualiza o sujeito para virtualizar o objeto. Se o primeiro ainda afirma a captação; o segundo nega-a pela condicionalidade relativa do sujeito, o que é recusado pelos primeiros, que afirmam que o ser do conhecido não é um ser cognoscível, enquanto os segundos afirmam a relacionalidade do ser do conhecimento, porque todo conhecimento é apenas condicionado pelo sujeito, portanto falível e limitado.

Consequentemente, por sabedoria, deveria o homem suspender o julgamento (epoche, que significa suspensão). [MFS]


Do grego, dogma, que significa opinião, decisão, decreto, aresto; dogmatikos, que se funda em princípios, ou é relativo a uma doutrina. Os antigos céticos chamavam dogmáticos os filósofos que, sem olhar e examinar cuidadosamente, pois tal é o sentido do verbo grego sképtomai, limitavam-se a afirmar suas teses ou opiniões. Na obra intitulada Contra os dogmáticos (lógicos, físicos e moralistas), considerada por Leon Robin "um dos mais úteis monumentos da erudição antiga", Sexto Empírico classifica as doutrinas ou escolas filosóficas em dogmáticas (aristotélicos, epicuristas, estoicos), que supõem ter encontrado a verdade, dos "acadêmicos", que sustentam que a verdade não pode ser conhecida e daqueles que se propõem examinar ou investigar, os céticos.

Na primeira fase da história do pensamento cristão, com a filosofia chamada patrística, o dogmatismo deixa de ser filosófico e assume um aspecto nitidamente religioso. Na luta contra as heresias e o paganismo, os padres da Igreja recorrem às armas intelectuais de que dispõem, a filosofia grega e especialmente o neoplatonismo, a fim de formular e defender os dogmas que, por serem dogmas, admitem enunciação racional, mas excluem discussão quanto à sua validade ou verdade. O dogma comporta um trabalho de exegese intelectual, desde que seu conteúdo, mesmo irracional, permaneça intocado, pois o critério da verdade não é a razão, mas a crença. A expressão mais concisa desse dogmatismo nós a encontramos na famosa sentença atribuída a Tertuliano credo quia absurdum, que também se acha em Santo Agostinho.

Na Idade Média, o dogmatismo é religioso e teológico, traduzindo-se na censura ao pensamento, na condenação das teses julgadas heterodoxas, na proibição de ensinar, na inclusão das obras dissidentes no index librorum prohibitorum, na condenação à morte dos herejes queimados em praça pública para escarmento e edificação dos fiéis. A "santa inquisição" significa, historicamente, o dogmatismo levado às suas últimas consequências, até o extermínio, por aqueles que julgam ter o monopólio da verdade, e detém circunstancialmente o monopólio do poder, daqueles que representam o inconformismo, o espírito crítico, a liberdade de pensamento. Giordano Bruno, cujas ideias estavam em consonância com as necessidades e aspirações de sua época, é uma das vítimas mais ilustres do dogmatismo e da intolerância religiosa.

Modernamente, a palavra assume outras conotações, especialmente na obra de Kant. Segundo o autor das Criticas, David Hume o teria despertado do "sono dogmático". Em que consistia esse sono? Na adoção, pela razão pura, de "um método dogmático, sem submeter seu próprio poder a uma crítica prévia". A filosofia dogmática, para Kant, é a metafísica tradicional que, "elevando-se acima das lições da experiência, apóia-se em simples conceitos", recaindo no "velho dogmatismo carcomido". A filosofia dogmática, no entanto, é o pressuposto da filosofia crítica cujo objeto, ou conteúdo, é precisamente a crítica dos dogmas metafísicos, fruto de uma razão que se exerce à revelia da experiência e não reflete sobre si mesma.

Nos "anexos" à Ciência da Lógica, inclusa na Enciclopédia das Ciências Filosóficas, Hegel, lembrando que os antigos céticos consideravam dogmática qualquer filosofia que sustentasse teses determinadas, observa que "nesse sentido amplo a filosofia propriamente especulativa passaria também por dogmática aos olhos dos céticos". Distinguindo dois sentidos do termo, o lato do restrito, observa que, neste último, o dogmatismo consiste "em manter com firmeza as determinações unilaterais do entendimento, com exclusão das determinações opostas. É, de modo geral, o "ou isto ou aquilo", que leva a dizer que o mundo ou é finito ou infinito, mas apenas um dos dois. O verdadeiro, enquanto totalidade, contém nele reunidas essas de-determinações que, para o dogmatismo, valem, separadas, como algo firme e verdadeiro". Para Hegel, a própria filosofia de Kant, crítica em relação ao dogmatismo da metafísica tradicional, ainda ou também é uma filosofia dogmática, porque não ultrapassa o plano do "entendimento" para alcançar o plano superior da "razão", no qual as categorias do entendimento, unilaterais e abstratas, são assumidas e superadas na dialética da totalização ou da síntese.

Contemporaneamente, o dogmatismo tem assumido caráter principalmente ideológico e político. Convertendo-se em ideologia, a filosofia política torna-se doutrina oficial do Estado, ortodoxia a ser defendida pela censura e pelo aparelho policial e militar. Embora não inclua dogmas religiosos, cuja aceitação depende da fé, mas apenas teses de conteúdo econômico, social e político, discutíveis como quaisquer teses, a dialética da institucionalização ideológica conduz à intolerância e à violência, suscitando um novo tipo de dogmatismo que, em suas consequências, pouco difere do medieval.

O processo da "intelligentzia", nos países em que se implantaram regimes ditatoriais e fascistas, revela que o dogmatismo não é apenas a característica de filosofias ingênuas ou pré-críticas, a intolerância ou a intransigência no plano da teoria, das ideias, mas, exasperando-se em fanatismo, a vontade prática de eliminar os adversários, quer dizer, aqueles que divergem da ideologia dominante ou a contestam.

Imposição unilateral e arbitrária de tese relativa que se pretende absoluta, recusa ao diálogo e à comunicação das consciências, o dogmatismo, quer seja religioso, filosófico ou político, é, em sua essência, irracional e antidialético, pois consiste na pretensão de impedir o exercício da negação, ou da negatividade (liberdade) do espírito, imobilizando o que é contradição e processo, e por isso história, em uni momento apenas de seu desenvolvimento. [Corbisier]


(in. Dogmatism; fr. Dogmatisme; al. Dogmatismus; it. Dogmatismó).

O significado desse termo foi fixado pela contraposição que os céticos estabeleceram entre os filósofos dogmáticos, que definem sua opinião sobre todos os assuntos, e os filósofos céticos, que não a definem (D.L., IX, 74). Desse ponto de vista, são dogmáticos todos os filósofos que não são céticos. Um novo significado de dogmatismo foi o que Kant atriburiu a essa palavra, ao identificar dogmatismo com metafísica tradicional, entendendo por ele "o preconceito de poder progredir na metafísica serri uma crítica da razão" (Crít. R. Pura, Pref. à 2- ed.). Esse dogmatismo filosófico, que consiste em aventurar-se a razão em pesquisas que estão fora de sua alçada, por estarem além da esfera da experiência possível, é incentivado pelo "dogmatismo comum", que consiste em "raciocinar levianamente sobre coisas das quais não se compreende nada e das quais nunca ninguém no mundo entenderá nada" (Ibid.). Essa palavra foi usada por Fichte, para indicar o ponto de vista do realismo, segundo o qual a representação é produzida por uma realidade externa, e não pelo eu (Wissenschaftslehre, 1794, I, Teorema IV), e por Hegel, para designar o ponto de vista oposto ao da dialética, segundo o qual "de duas afirmações opostas uma deve ser verdadeira e outra, falsa" (Enc., § 32). Esses dois filósofos deram assim início ao péssimo costume de chamar de dogmatismo os pontos de vista diferentes dos seus próprios, empregando a palavra sem nenhuma referência ao seu uso histórico. Mais conforme a esse uso é o significado que Husserl lhe atribuiu, que não implica nenhuma condenação da atitude correspondente. "A justa atitude no campo das indagações que chamamos de dogmático, em sentido positivo, ou seja, pré-filosófico, e ao qual pertencem as ciências empíricas (mas não só estas), é deixar honestamente de lado, com toda ‘filosofia da natureza’ e toda ‘teoria do conhecimento’, qualquer ceticismo e assumir os dados cognitivos onde eles efetivamente se encontram" (Ideen, I, § 26). O dogmatismo se contraporia assim à epoché fenomenológica, própria da filosofia (v. epoche). [Abbagnano]

Submitted on 04.03.2010 15:12
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