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ontologia

Definition:
Ontologie

Quando hoje se toma em consideração "ontologia" e "ontológico" como clichê e nome para mo­vimentos, então tais expressões são usadas com constante superficialidade e com desconhecimento de qualquer problemática. É-se da opinião falsa de que ontologia como questionamento do ser do ente significa "postura realista" (ingênua ou critica) em oposição a "idealista". Problemática ontológica tem tão pouco a ver com "realismo" que justamente Kant em e com seu questionamento transcendental pode realizar o primeiro passo decisivo para uma expressa fundamentação da on­tologia, desde Platão e Aristóteles. Pelo fato de a gente se empenhar pela "realidade do mundo exterior" não se está ainda orientado ontologicamente. "Ontológico" - tomado no sentido po­pular-filosófico - significa, contudo - e nisto se revela sua desesperada confusão -, isto que muito antes deve ser chamado de ôntico, isto é, uma postura, que deixa o ente ser em si, o que e como ele é. Mas com isto não se levantou ainda nenhum problema do ser, e muito menos se conquistou assim o fundamento para a possibilidade de uma ontologia. (N. do A.) [MHeidegger - SOBRE A ESSÊNCIA DO FUNDAMENTO, p. 119]


A metafísica diz o que é o ente enquanto o ente [Seiende als das Seiende]. Ela contém um logos (enunciação) sobre o on (o ente). O título tardio "ontologia" assinala sua essência, suposto, é claro, que o compreendamos pelo seu conteúdo autêntico e não na estreita concepção "escolástica". A metafísica se movimenta no âmbito do on he on. Sua representação [Vorstellen] se dirige ao ente enquanto ente. Desta maneira, a metafísica representa, em toda parte, o ente enquanto tal e em sua totalidade, a entidade do ente (a ousia do on) [Seiendheit des Seienden]. A metafísica, porém, representa a entidade do ente de duas maneiras: de um lado a totalidade [Ganze] do ente enquanto tal, no sentido dos traços mais gerais (on katholou, koinon); de outro, porém, e ao mesmo, a totalidade do ente enquanto tal, no sentido do ente supremo e por isso divino (on katholou, akrotaton, theion). Em Aristóteles o desvelamento do ente [Unverborgenheit des Seienden] enquanto tal propriamente se projetou nesta dupla direção (vide Metafísica, Livros XI, V e X). [MHeidegger O RETORNO AO FUNDAMENTO DA METAFÍSICA]


Afirmamos, então, que o ser é o único tema próprio da filosofia. Esta não é nenhuma invenção nossa. Ao contrário, este modo de apresentação do tema ganhou vida com o início da filosofia na Antiguidade e teve seu desenvolvimento mais grandioso na lógica hegeliana. Agora, afirmamos simplesmente que o ser seria o único tema próprio da filosofia. Negativamente, isto significa que a filosofia não é uma ciência do ente, mas do ser, ou, como indica a expressão grega, ONTOLOGIA. Tomamos essa expressão no sentido mais amplo possível e não com a significação que ela tem, por exemplo, em sentido mais restrito, na escolástica ou mesmo na filosofia moderna em Descartes e Leibniz. GA24MAC: §3

Portanto, discutir os problemas fundamentais da fenomenologia não significa outra coisa senão fundamentar radicalmente a afirmação de que a filosofia é uma ciência do ser e estabelecer como ela o é; ou seja, mostrar a possibilidade e a necessidade da ciência absoluta do ser e demonstrar seu caráter por meio da própria investigação. A filosofia é a interpretação teórico-conceitual do ser, de sua estrutura e de suas possibilidades. Ela é ontológica. A visão de mundo, em contrapartida, é um conhecimento posicionador do ente e implica a assunção de uma atitude posicionadora em relação ao ente: ela não é ontológica, mas ôntica. A formação da visão de mundo encontra-se fora da esfera de tarefas da filosofia; mas não porque a filosofia esteja em uma condição imperfeita e ainda não seja suficiente para dar uma resposta unânime e universalmente convincente às questões pertinentes às visões de mundo. Ao contrário, a formação de uma visão de mundo encontra-se fora da esfera de tarefas da filosofia, porque a filosofia não se relaciona fundamentalmente com o ente. Não é por uma carência que a filosofia renuncia à tarefa de formação de uma visão de mundo, mas com base em uma prerrogativa: parte do fato de ela tratar daquilo que todo posicionamento do ente, mesmo o posicionamento estabelecido [23] em termos de uma visão de mundo, já precisa essencialmente pressupor. A distinção entre filosofia científica e filosofia como visão de mundo é, portanto, insustentável; não porque – como parecia anteriormente – a filosofia científica teria a formação da visão de mundo por fim supremo e, por isso, precisaria ser suprassumida pela filosofia da visão de mundo, mas porque o próprio conceito de uma filosofia da visão de mundo é absolutamente inconcebível. Pois ele implica que a filosofia enquanto ciência do ser deve assumir determinadas atitudes em relação ao ente e levar a cabo determinados posicionamentos dos entes. O conceito de uma filosofia da visão de mundo, mesmo que não tenhamos mais do que uma compreensão aproximada do conceito de filosofia e de sua história, é um ferro de madeira. Se um dos elos da distinção entre filosofia científica e filosofia da visão de mundo é inconcebível, então o outro também precisa ser determinado de maneira inapropriada. Se tivermos chegado à intelecção de que a filosofia da visão de mundo é fundamentalmente impossível, caso a suponhamos como filosofia, então não se necessita do adjetivo distintivo “científico” para a caracterização da filosofia. O fato de a filosofia ser científica reside em seu próprio conceito. Podemos mostrar historiologicamente que todas as grandes filosofias desde a Antiguidade se compreenderam no fundo de modo mais ou menos expresso como ONTOLOGIA e buscaram a si mesmas como tal. Da mesma forma, porém, também se pode mostrar que essas tentativas sempre fracassaram uma vez mais e por que elas precisaram fracassar. Nas preleções dos dois últimos semestres sobre a filosofia antiga e sobre a história da filosofia de Santo Tomás de Aquino até Kant, apresentei essa comprovação historiológica. Não nos referiremos agora a esta demonstração historiológica da essência da filosofia, uma demonstração que possui o seu caráter peculiar. Ao contrário, no todo da presente preleção, [24] procuraremos fundamentar a filosofia a partir de si mesma, na medida em que ela é uma obra da liberdade do homem. A filosofia precisa se justificar a partir de si mesma como ONTOLOGIA universal. GA24MAC: §3

A análise da compreensão de ser com vistas ao que é específico a esse compreender e àquilo que é compreendido [30] nesse compreender ou à sua compreensibilidade pressupõe uma analítica do ser-aí orientada para este fim. Essa analítica tem por tarefa expor a constituição fundamental do ser-aí humano e caracterizar o sentido do ser do ser-aí. Na analítica ontológica do ser-aí, a temporalidade revela-se como a constituição originária do ser do ser-aí. A interpretação da temporalidade conduz a uma a compreensão e concepção do tempo mais radicais do que foi possível na filosofia até aqui. O conceito de tempo que nos é familiar e que foi tratado tradicionalmente na filosofia é apenas um derivado da temporalidade como sentido originário do ser-aí. Se a temporalidade constitui o sentido de ser do ser-aí humano e se à constituição ontológica do ser-aí pertence a compreensão de ser, então essa compreensão de ser também só é possível com base na temporalidade. A partir daí surge a perspectiva de uma confirmação possível da tese de que o tempo é o horizonte a partir do qual algo assim como ser é efetivamente compreensível. Nós interpretamos o ser a partir do tempo (tempus). A interpretação é uma interpretação temporial (temporale). A problemática fundamental da ONTOLOGIA enquanto a determinação do sentido do ser a partir do tempo é a temporialidade. GA24MAC: §4

Dizemos: a ONTOLOGIA é a ciência do ser. O ser, porém, é sempre ser de um ente. O ser é essencialmente distinto do ente. Como precisamos apreender essa diferença entre ser e ente? Como podemos fundamentar a sua possibilidade? Se o ser mesmo não é um ente, como é que ele mesmo pertence, então, ao ente, uma vez que o ente e só o ente é? O que significa dizer que o ser pertence ao ente? A resposta correta [31] a essa questão é o pressuposto fundamental, para que possamos levantar os problemas da ONTOLOGIA entendida como ciência do ser. Precisamos poder levar a termo inequivocamente a diferença entre ser e ente para que possamos transformar algo assim como o ser em tema de investigação. Esta distinção não é arbitrária, mas é justamente por meio dela que se conquista pela primeiríssima vez o tema da ONTOLOGIA e, com isso, da própria filosofia. Sobretudo, ela é uma distinção que constitui a ONTOLOGIA. Nós a designamos como diferença ontológica, isto é, como a cisão entre ser e ente. É somente com a realização desta distinção, em grego krinein, não de um ente em relação a um outro ente, mas do ser em relação ao ente, que entramos no campo da problemática filosófica. É somente por meio deste comportamento crítico que nos mantemos no campo da filosofia. Por isso, diferentemente das ciências dos entes, a ONTOLOGIA ou a filosofia em geral é a ciência crítica ou mesmo a ciência do mundo às avessas. Com esta distinção entre o ser e o ente e com a escolha do ser como tema, saímos em princípio da região do ente. Nós o ultrapassamos, nós o transcendemos. Enquanto ciência crítica, também podemos denominar a ciência do ser a ciência transcendental. Ao fazê-lo, não aceitamos simplesmente o conceito de transcendental em Kant, mas muito mais o seu sentido originário e a sua tendência propriamente dita, talvez ainda velados para Kant. Ultrapassamos o ente, a fim de alcançar o ser. Nessa ultrapassagem, não ascendemos de novo a um ente que, por exemplo, estaria por detrás do ente conhecido como um trasmundo. A ciência transcendental do ser não possui nada em comum com a metafísica vulgar, que trata de um ente qualquer por detrás do ente conhecido. Ao contrário, o conceito científico de metafísica é idêntico ao conceito da filosofia em geral: ciência criticamente transcendental, isto é, ONTOLOGIA. Vê-se facilmente que a diferença ontológica só pode ser clarificada e só pode ser levada a termo inequivocamente para a investigação ontológica se o sentido de ser em geral for trazido à luz expressamente, isto é, somente se for mostrado como é que a temporalidade possibilita a diferencialidade entre ser e ente. É só com base [32] nessa consideração que encontraremos o sentido originário e que poderemos fundamentar suficientemente a tese kantiana de que o ser não é nenhum predicado real. GA24MAC: §4

Todo ente é algo, isto é, ele possui o seu quid e tem como esse quid um determinado modo possível de ser. Na primeira parte de nossa preleção, por ocasião da discussão da segunda tese, mostraremos que a ONTOLOGIA antiga tanto quanto a ONTOLOGIA medieval enunciaram dogmaticamente esta proposição, segundo a qual pertence a todo ente um quid e um modo de ser, essentia e existentia, como se ela fosse autoevidente. Para nós, vem à tona a questão: É possível fundamentar a partir do próprio ser do ente, isto é, temporialmente, por que todo ente precisa e pode possuir um quid, um tí, e um modo possível de ser? Entendidas de maneira suficientemente ampla, estas determinações, o ser-um-que e o modo-de-ser, pertencem ao próprio ser? De acordo com a sua essência, o ser “é” articulado por meio dessas determinações? Com isso, nós nos encontramos diante do problema da articulação fundamental do ser, isto é, diante da questão acerca da copertinência necessária entre o ser-um-que e o modo-de-ser e da pertinência dos dois em sua unidade à ideia do ser em geral. GA24MAC: §4

Todo ente possui um modo-de-ser. A questão é saber se esse modo-de-ser possui em todo ente o mesmo caráter – como pretendia a ONTOLOGIA antiga e como, no fundo, o tempo subsequente precisou continuar afirmando até hoje – ou se os modos de ser particulares são mutuamente diversos. Quais são os modos de ser fundamentais? Há uma multiplicidade? Como é possível a variedade dos modos de ser e como ela é compreensível a partir do sentido do ser em geral? Como é que se pode falar, apesar da variedade dos modos de ser, de um conceito uno de ser em geral? Essas questões podem ser resumidas no problema das modificações possíveis do ser e da unidade de sua variedade. GA24MAC: §4

O método da ONTOLOGIA, isto é, da filosofia em geral, é distinto pelo fato de a ONTOLOGIA não possuir nada em comum com nenhum método das outras ciências, das ciências que, enquanto ciências positivas, tratam todas do ente. Por outro lado, justamente a análise do caráter de verdade do ser mostra que o ser também se funda por assim dizer em um ente, a saber, no ser-aí. O ser só se dá se a compreensão de ser, ou seja, se o ser-aí existe. Este ente requisita, por conseguinte, uma proeminência insigne na problemática da ONTOLOGIA. Essa proeminência manifesta-se em todas as discussões dos problemas ontológicos fundamentais, antes de tudo na questão fundamental acerca do sentido de ser em geral. A elaboração e resposta a essa questão exige uma analítica geral do ser-aí. A ONTOLOGIA tem por disciplina fundamental a analítica do ser-aí. Isto implica ao mesmo tempo o seguinte: a própria ONTOLOGIA não pode ser fundamentada de maneira puramente ontológica. A sua própria possibilitação é remetida a um ente, isto é, a algo ôntico: o ser-aí. A ONTOLOGIA possui um fundamento ôntico, algo que sempre transparece uma vez mais mesmo na história da filosofia até aqui e que se expressa, por exemplo, no fato de já Aristóteles dizer: a ciência primeira, a ciência do ser, é teologia. Como obra da liberdade do ser-aí do homem, as possibilidades e os destinos da filosofia estão presos à existência humana, isto é, à temporalidade e, com isso, à historicidade, e, em verdade, em um sentido mais originário do que qualquer outra ciência. Assim, no interior do esclarecimento do caráter de ciência da ONTOLOGIA, a primeira [35] tarefa é a demonstração de seu fundamento ôntico e a caracterização dessa fundação mesma. GA24MAC: §5

A segunda tarefa consiste na caracterização do modo de conhecimento que se realiza na ONTOLOGIA como a ciência do ser, ou seja, a elaboração das estruturas metodológicas da diferenciação ontológico-transcendental. Bem cedo na Antiguidade já se tinha visto que o ser e as suas determinações se encontram de certa maneira na base do ente, precedendo-o, que eles são um proteron, algo anterior. A designação terminológica para este caráter da anterioridade do ser em relação ao ente é a expressão a priori, aprioridade, o ser anterior. Enquanto a priori, o ser é anterior aos entes. Até hoje, o sentido desse a priori, isto é, o sentido do anterior e sua possibilidade, nunca foi esclarecido. Não se chegou nem mesmo a perguntar por que as determinações ontológicas e o ser mesmo precisam possuir esse caráter de algo anterior e como uma tal anterioridade é possível. O anterior é uma determinação temporal, mas ele não pertence à ordem temporal do tempo que medimos com o relógio. Trata-se antes de um anterior que pertence ao “mundo às avessas”. Por isso, este anterior que caracteriza o ser é apreendido pelo entendimento vulgar como o posterior. É apenas a interpretação do ser a partir da temporalidade que pode deixar claro por que e como esse caráter de anterioridade, a aprioridade, acompanha o ser. O caráter a priori do ser e de todas as estruturas ontológicas exige, consequentemente, um modo de acesso e uma forma de apreensão determinados do ser: o conhecimento a priori. GA24MAC: §5

Os componentes fundamentais que pertencem ao conhecimento a priori constituem aquilo que denominamos fenomenologia. Fenomenologia é o nome para o método da ONTOLOGIA, isto é, da filosofia científica. Concebida corretamente, a fenomenologia é o conceito de um método. Por isto está desde o princípio fora de questão que ela pronuncie determinadas teses dotadas de um conteúdo específico sobre o ente e defenda, por assim dizer, um ponto de vista. GA24MAC: §5

A “Lógica transcendental” ou, como também podemos dizer, a ONTOLOGIA da natureza, divide-se em duas seções: a “analítica transcendental” e a “dialética transcendental”. GA24MAC: §7

Para quem conhece a história da filosofia (ONTOLOGIA), porém, esse fato é tão pouco estranho que é justamente ele que deixa claro o quão diretamente Kant se insere na grande tradição da ONTOLOGIA antiga e escolástica. GA24MAC: §7

Essa orientação da ONTOLOGIA pela ideia de Deus teve uma significação determinante para a história subsequente da ONTOLOGIA e para o seu destino. GA24MAC: §7

A ciência filosófica que, segundo a opinião de Kant, procura estabelecer algo dogmaticamente sobre o ente puramente a partir de conceitos é ONTOLOGIA, ou, dito em termos tradicionais, a metafísica. GA24MAC: §7

O próprio Kant não nega a possibilidade da metafísica, mas busca precisamente uma ONTOLOGIA científica, cuja ideia ele define como sistema da filosofia transcendental. GA24MAC: §7

Kant tomou muitas vezes como texto de referência para as suas preleções o Compêndio de metafísica, isto é, de ONTOLOGIA, de Baumgarten, adotando a partir daí, correspondentemente, a sua terminologia. GA24MAC: §7

A expressão “realidade” também funciona com a significação assinalada de conteúdo material no termo que a ONTOLOGIA tradicional frequentemente utiliza para Deus: ens realissimum; ou, como Kant sempre diz: o mais real de [59] todos os seres. GA24MAC: §7

A psicologia precisa receber esses pressupostos da filosofia enquanto ONTOLOGIA. GA24MAC: §9

Não foi porque a psicologia de seu tempo não era exata e empírica o suficiente que o esclarecimento kantiano dos conceitos em questão não fez nenhum progresso, mas porque esses conceitos não foram suficientemente fundados a priori – porque faltava a ONTOLOGIA do ser-aí humano. GA24MAC: §9

A ONTOLOGIA explícita e apropriada do ser-aí, do ente que nós mesmos somos, está em um mau caminho. GA24MAC: §9

Não adentraremos inicialmente no conceito fundamental de uma ONTOLOGIA do ser-aí. GA24MAC: §9

Tampouco pretendemos adentrar na discussão de sua função como fundamento da investigação filosófica em geral; e menos ainda é possível levar a termo e expor aqui a ONTOLOGIA do ser-aí, mesmo que apenas em seus traços centrais. GA24MAC: §9

Inversamente, prosseguindo a análise do problema kantiano e da solução kantiana, procuramos nos inserir agora na esfera da ONTOLOGIA do ser-aí como o fundamento da ONTOLOGIA em geral. GA24MAC: §9

Essa é a tendência fundamental da ONTOLOGIA antiga, que até hoje ainda não foi superada, porque ela pertence concomitantemente à compreensão de ser e ao modo da compreensão de ser do ser-aí. GA24MAC: §9

A ONTOLOGIA antiga tanto quanto a ONTOLOGIA medieval não são, tal como a ignorância habitual acredita, uma ONTOLOGIA puramente objetiva com o alijamento da consciência, mas o seu elemento peculiar é o fato de a consciência e o eu serem tomados como sendo no mesmo sentido que o elemento objetivo. GA24MAC: §9

Isso manifesta-se no fato de a filosofia antiga ter orientado sua ONTOLOGIA pelo logos. GA24MAC: §9

Ao mesmo tempo, poder-se-ia dizer com uma certa razão que a ONTOLOGIA antiga seria uma lógica do ser. GA24MAC: §9

Com certeza, também se mostrará que esse retorno, precisamente no que concerne a esse problema na ONTOLOGIA antiga e medieval, não é tão expressamente formulado quanto em Kant. GA24MAC: §9

Ficou claro de múltiplas maneiras o seguinte: a discussão crítica da tese kantiana conduz à necessidade de uma ONTOLOGIA explícita do ser-aí. GA24MAC: §9

Também ficou claro, contudo, que a ONTOLOGIA do ser-aí representa a meta latente e a exigência constantemente mais ou menos clara do desenvolvimento conjunto da filosofia ocidental. GA24MAC: §9

Com isso, já vemos que a diferença ontológica não é em si simplesmente do modo como se parece a formulação pura e simples, mas que o diferente para o qual aponta a [119] ONTOLOGIA, o próprio si mesmo, desvela cada vez mais em si uma estrutura mais rica. GA24MAC: §10

Foi Suarez quem sistematizou pela primeira vez a filosofia medieval, sobretudo a ONTOLOGIA. GA24MAC: §10

Distingue-se de acordo com isso uma metaphysica generalis, ONTOLOGIA geral, de uma metaphysica specialis, e, em verdade, dividida em cosmologia rationalis, ONTOLOGIA da natureza, psychologia rationalis, ONTOLOGIA do espírito, e theologia rationalis, ONTOLOGIA de Deus. GA24MAC: §10

A “lógica transcendental” corresponde em seu fundamento à ONTOLOGIA geral. GA24MAC: §10

XXXI, prooem): Deus é como o primeiro e o mais primoroso ente, também o objeto em primeira linha de toda a metafísica, isto é, de toda a ONTOLOGIA, e o primum significatum, o que é significado em primeiro lugar, isto é, o que constitui o significado de todos os significados; o primum analogatum, ou seja, aquilo ao que todo enunciado sobre o ente e toda compreensão de ser são remetidos. GA24MAC: §10

Segundo Suarez e em articulação com Santo Tomás, o objeto da ONTOLOGIA geral é o conceptus objectiuus entis, o conceito objetivo do ente, isto é, o universal no ente enquanto tal, o significado de ser em geral com vistas à sua total abstração, isto é, abstraindo-se de toda relação com um ente qualquer determinado. GA24MAC: §10

Ao mesmo tempo, ficará visível nos termos gregos correspondentes que essa interpretação da coisidade remonta ao modo de questionamento da ONTOLOGIA grega. GA24MAC: §10

Ficará, então, claro o quão pouco são clarificados os problemas da própria ONTOLOGIA antiga, a cujas premissas a discussão escolástica retorna em última instância e com cujas premissas a filosofia moderna também trabalha como se se tratasse de uma obviedade. GA24MAC: §10

Nós não queremos renovar nem Aristóteles, nem a ONTOLOGIA da Idade Média, nem Kant ou Hegel, mas apenas a nós mesmos, ou seja, nós queremos apenas nos libertar das fraseologias e confortabilidades do presente, que cambaleia de uma moda vazia e airosa para a outra. GA24MAC: §11

Antes disso, precisamos buscar apreender esse horizonte sobretudo da ONTOLOGIA antiga e medieval. GA24MAC: §11

Suarez busca empreender uma tradução minuciosa do conceito, mas o faz com certeza totalmente no quadro da ONTOLOGIA tradicional. GA24MAC: §11

Para algo mais, seria necessário que nos imiscuíssemos nas etapas particulares do desenvolvimento da ONTOLOGIA antiga até Aristóteles e na caracterização do desenvolvimento ulterior dos conceitos fundamentais particulares. GA24MAC: §11

Para a ONTOLOGIA grega, porém, o contexto fundacional entre eidos e morphe, aspecto e cunhagem formal, é [158] precisamente o inverso: não é o aspecto que se funda na cunhagem formal, mas a cunhagem formal, a morphe, que se funda no aspecto. GA24MAC: §11

Os caracteres da coisidade (realitas), que foram fixados pela primeira vez na ONTOLOGIA grega e que depois se esmaeceram e foram formalizados, isto é, que se transformaram em tradição e que são em seguida manuseados como moedas gastas, determinam aquilo que pertence em geral à produtibilidade de algo produzido. GA24MAC: §11

Por isso, não é de se espantar, se esse ver no sentido do ver circunvisivo, um ver que pertence à constituição ontológica do produzir, já abrir caminho para si mesmo lá onde a ONTOLOGIA interpreta o quid a ser produzido. GA24MAC: §11

Por isso, o primado de todas essas expressões na ONTOLOGIA grega: idea, eidos, – theorein. GA24MAC: §11

Parmênides, o fundador propriamente dito da ONTOLOGIA antiga, nos diz: tò gar autó noein estin te kai einai, é o mesmo noein, perceber, apreender pura e simplesmente, intuir, e ser, realidade efetiva. GA24MAC: §11

Nós não experimentamos na própria ONTOLOGIA antiga nada expressamente sobre esse retorno. GA24MAC: §11

A ONTOLOGIA antiga realiza a interpretação do ente e a elaboração dos conceitos citados de maneira por assim dizer ingênua. GA24MAC: §11

No entanto, é preciso dar a entender ao mesmo tempo que também a ONTOLOGIA ingênua, se é que ela é efetivamente ONTOLOGIA, já sempre precisa ser, porque é necessário, refletida; e refletida no sentido autêntico de que ela busca, com uistas ao ser-aí (psyche, noûs, logos), tomar o ente no que diz respeito ao seu ser. GA24MAC: §11

Nessa medida, a ONTOLOGIA não é, então, ingênua, porque ela não volta os olhos efetivamente para o ser-aí, porque ela efetivamente não reflete – isso está fora de questão –, mas porque esse voltar necessariamente os olhos para o ser-aí não vai além de uma concepção vulgar do ser-aí e de suas posturas comportamentais e, com isso, não acentua expressamente essas posturas – porque essa concepção vulgar pertence à cotidianidade do ser-aí. GA24MAC: §11

Esse discurso sobre o retorno só se justifica pelo fato de, na ONTOLOGIA antiga ingênua, o ser-aí se encontrar aparentemente esquecido. GA24MAC: §11

A elaboração explícita do solo da ONTOLOGIA antiga não é algo apenas em princípio realizável para uma compreensão filosófica possível, mas ela é também faticamente exigida pela imperfeição e indeterminação da própria ONTOLOGIA antiga. GA24MAC: §11

A ONTOLOGIA antiga, porém, não é por princípio trivial e nunca pode ser superada, porque ela representa o primeiro passo necessário que toda filosofia precisa efetivamente dar, de modo que esse passo sempre precisa ser repetido por toda filosofia efetivamente real. GA24MAC: §11

Por isso, não foi por acaso que a ONTOLOGIA antiga em sua ingenuidade específica se orientou em um bom sentido por esse comportamento cotidiano e natural, uma vez que tende a surgir por si mesmo no comportamento produtivo para o ser-aí um comportamento em relação ao ente, no interior do qual o ser em si do ente é imediatamente compreendido. GA24MAC: §12

Como é que a ONTOLOGIA grega orientada primariamente pelo cosmos pode ter compreendido o ser do cosmos a partir do produzir, uma vez que justamente a Antiguidade não conhece algo assim como criação e produção do mundo, mas está muito mais convencida da eternidade do mundo? GA24MAC: §12

Se nos dermos por vencidos com tais argumentos e admitirmos que o comportamento produtivo evidentemente não poderia ser o horizonte-diretriz para a ONTOLOGIA antiga, então revelaremos com essa confissão que, apesar da análise agora mesmo realizada da intencionalidade do produzir, esse produzir ainda não foi visto de maneira suficientemente fenomenológica. GA24MAC: §12

[173] Mas ainda não foi esclarecido por que a ONTOLOGIA antiga interpreta o ente precisamente a partir daqui. GA24MAC: §12

Pois o fato de a ONTOLOGIA antiga se movimentar faticamente nesse horizonte não equivale à fundamentação ontológica de seu direito e de sua necessidade. GA24MAC: §12

A resposta a essa pergunta só é possível se esclarecermos anteriormente a constituição ontológica do ser-aí em geral em seus traços fundamentais, isto é, se assegurarmos a ONTOLOGIA do ser-aí. GA24MAC: §12

Nesse caso, é preciso perguntar se, a partir de seu modo de existir, pode se tornar compreensível por que a ONTOLOGIA se orienta inicialmente de maneira ingênua pelo comportamento produtivo ou intuitivo-perceptivo. GA24MAC: §12

For enquanto, o que precisamos ver é apenas o fato de que a ONTOLOGIA antiga interpreta o ente em seu ser a partir do produzir ou a partir do perceber e que, na medida em que Kant interpreta a realidade efetiva recorrendo à percepção, manifesta-se aqui uma conexão contínua e linear com a tradição. GA24MAC: §12

Se existe, então, uma conexão interna entre a ONTOLOGIA antiga e a ONTOLOGIA kantiana, é preciso que possamos deixar claro para nós, também com base na interpretação da ONTOLOGIA antiga, isto é, do comportamento produtivo e de sua compreensão de ser, o que significa no fundo em Kant a interpretação da realidade efetiva como posicionamento absoluto. GA24MAC: §12

Não por acaso, justamente o perceber, o voeiv no sentido mais amplo possível, funcionou já na ONTOLOGIA antiga como a postura comportamental que forneceu os fios condutores para a determinação ontológica do ente que vem ao encontro. GA24MAC: §12

No que concerne a Kant, precisamos levar ainda em conta o fato de, de acordo com a fundamentação teológica tradicional da ONTOLOGIA, o conhecer ser medido a partir da ideia do conhecimento criador, que posiciona pela primeira vez como conhecer o conhecido, trazendo-o ao ser e, assim, deixando que ele seja pela primeiríssima vez (intellectus archetypus). GA24MAC: §12

Quando consideramos a origem da ONTOLOGIA antiga a partir do comportamento produtivo e intuitivo em relação ao ente, um outro ponto também se torna compreensível, algo de que gostaríamos de tratar agora de maneira breve. GA24MAC: §12

A ONTOLOGIA antiga era, em seus fundamentos e conceitos fundamentais, apesar das origens diversas, por assim dizer talhada para a concepção cristã de mundo e para a concepção do ente como ens creatum. GA24MAC: §12

Com certeza, por meio da recepção na Idade Média, a ONTOLOGIA antiga recebeu um redirecionamento essencial, do qual trataremos agora de maneira mais minuciosa. GA24MAC: §12

No entanto, por meio dessa transformação levada a termo pela Idade Média, a ONTOLOGIA antiga entrou, por intermédio de Suarez, na Modernidade. GA24MAC: §12

Nós mesmos dissemos de qualquer forma que, na ONTOLOGIA antiga, uma ONTOLOGIA orientada primariamente pelo ente presente à vista, psyche, noûs, logos, “zoe, bios, alma, razão, vida no sentido mais amplo possível, eram termos conhecidos. GA24MAC: §12

Além disso, acentuamos reiteradamente que mesmo a mais primitiva ONTOLOGIA olha retroativamente para o ser-aí. GA24MAC: §13

Onde a [181] filosofia desperta, esse ente também já se encontra no campo de visão da ONTOLOGIA, ainda que com níveis de clareza diversos e com uma intelecção alternante de sua função ontológico-fundamental. GA24MAC: §13

É de se esperar que, agora, a ONTOLOGIA tome o sujeito como ente exemplar e interprete o conceito do ser com vistas ao modo de ser do sujeito – que, a partir de então, os modos de ser do sujeito se transformem em um problema ontológico. GA24MAC: §13

Ao contrário, por meio dessa inversão, por meio desse novo início supostamente crítico da filosofia com Descartes, a ONTOLOGIA tradicional é acolhida. GA24MAC: §13

Essas determinações, porém, determinationes ou realitates, são na ONTOLOGIA tradicional – lembremo-nos da Metafísica de Baumgarten §36 – as notae ou os praedicata, os predicados das coisas. GA24MAC: §13

Filosofia transcendental não significa outra coisa senão ONTOLOGIA. GA24MAC: §13

A ONTOLOGIA é aquela ciência (como parte da metafísica) que constitui um sistema de todos os conceitos do entendimento e de todos os princípios, mas apenas na medida em que eles dizem respeito a objetos, que podem ser dados aos sentidos e, portanto, atestados pela experiência”. GA24MAC: §13

A ONTOLOGIA é denominada filosofia transcendental porque ela contém as condições e os elementos primeiros de todo o nosso conhecimento”. GA24MAC: §13

Kant sempre acentua aqui que a ONTOLOGIA como filosofia transcendental tem algo em comum com o conhecimento dos objetos. GA24MAC: §13

Ao contrário, uma vez que a ONTOLOGIA trata do ser do ente, e, como nós sabemos, segundo a convicção de Kant, ser, realidade efetiva, é o mesmo que ser percebido, [189] ser conhecido, a ONTOLOGIA como a ciência do ser precisa se mostrar para ele como a ciência do ser conhecido dos objetos e de sua possibilidade. GA24MAC: §13

Por isso, a ONTOLOGIA é filosofia transcendental. GA24MAC: §13

Metafísica significa ONTOLOGIA. GA24MAC: §13

Metafísica dos costumes significa ONTOLOGIA da existência humana. GA24MAC: §13

O fato de Kant oferecer a resposta na ONTOLOGIA da existência humana, na metafísica dos costumes, indica que ele tem uma compreensão clara do sentido metodológico da análise da pessoa e, com isso, da questão metafísica o que é o homem. GA24MAC: §13

Kant fala na Fundamentação da metafísica dos costumes: “Dessa maneira emerge a ideia de uma dupla metafísica, uma metafísica da natureza e uma metafísica dos costumes”, o que [206] significa, porém, uma ONTOLOGIA da res extensa e uma ONTOLOGIA da res cogitans. GA24MAC: §13

A metafísica dos costumes, ou seja, a ONTOLOGIA da pessoa em sentido mais restrito, é determinada por Kant da seguinte maneira: ela “deve investigar a ideia e os princípios de uma vontade pura possível, e não as ações e as condições da vontade humana em geral, que são hauridas em sua maior parte da psicologia” . GA24MAC: §13

Perguntar assim é tanto mais natural, uma vez que o próprio [215] Kant, em sua Metafísica dos costumes, isto é, em sua ONTOLOGIA da pessoa, em contraposição à sua doutrina nos paralogismos da razão pura, tenta empreender uma interpretação ontológica do eu como um fim, como uma inteligência. GA24MAC: §14

Em terceiro lugar: em meio a esta posição dúbia de Kant em relação à ONTOLOGIA do eu, não é de se espantar que nem o nexo ontológico entre personalitas moralis e personalitas transcendentalis, nem o nexo ontológico entre essas duas em sua unidade por um lado e, por outro lado, a personalitas psychologica, nem mesmo a totalidade originária dessas três determinações pessoais seja transformada em problema ontológico. GA24MAC: §14

Já se acha incluída no conceito da coisa em si, quer ela seja cognoscível em sua verdade ou não, a ONTOLOGIA tradicional da presença à vista. GA24MAC: §14

Mais ainda, a interpretação positiva central, que Kant dá da egocidade como inteligência espontânea, movimenta-se totalmente no horizonte da ONTOLOGIA antiga e medieval. GA24MAC: §14

A análise do respeito e da pessoa moral permanece apenas, então, um primeiro impulso, ainda que esse impulso seja de qualquer modo um impulso significativo para abalar inconscientemente o peso da ONTOLOGIA tradicional. GA24MAC: §14

A questão é: Como podemos afirmar que mesmo na determinação do eu como espontaneidade e inteligência atua ainda a ONTOLOGIA tradicional da presença à vista tal como em Descartes? GA24MAC: §14

É preciso agora mostrar que mesmo a pessoa é, no fundo, concebida por Kant como algo presente à vista – que ele também não consegue ir além aqui da ONTOLOGIA do ente presente à vista. GA24MAC: §14

O ser das coisas finitas, sejam essas coisas finitas coisas ou pessoas, é desde o princípio concebido como ser produzido no horizonte do produzir; e isto com certeza em uma direção da interpretação que não é simplesmente idêntica à direção da interpretação evidenciada por nós em relação à ONTOLOGIA antiga. GA24MAC: §14

Buscamos ter clareza quanto ao fato de o fundamento mesmo da interpretação kantiana da pessoa moral residir em última instância na ONTOLOGIA antiga e medieval. GA24MAC: §14

É com base neste contexto que mesmo o conceito de ousia possui já na ONTOLOGIA grega um duplo significado. GA24MAC: §14

Assim, a questão ontológica acerca do fundamento da finitude das pessoas, isto é, das substâncias, leva a que se reconheça mesmo seu ser (existir, ser-aí) como um ter sido produzido e a ver que Kant, quando se trata da orientação fundamental ontológica, movimenta-se nas vias da ONTOLOGIA antiga e medieval e que somente a partir daí é que se torna compreensível a formulação do problema da Crítica da razão pura. GA24MAC: §14

Isto acontece com o intuito de tornar mais claro em que medida a possibilidade da ONTOLOGIA em geral depende do modo e de até que ponto a constituição ontológica do ser-aí é liberada. GA24MAC: §15

Não nos importamos constantemente nas discussões até aqui em mostrar que a ONTOLOGIA tradicional surgiu daí, que ela se orienta primária e unilateralmente pelo ente presente à vista, pela natureza? GA24MAC: §15

Antes de a ONTOLOGIA do ser-aí se achar assegurada em seus elementos fundamentais, permanece uma demagogia cega denunciar algo como subjetivista. GA24MAC: §15

Estes são contextos que fazem parte da ONTOLOGIA da história, à qual só aludimos para deixar clara a restrição com a qual dizemos que a intramundanidade não pertence ao ser do ente presente à vista. GA24MAC: §15

Por maiores que sejam as dificuldades de sua monadologia, sobretudo porque ele inseriu a sua autêntica intenção na ONTOLOGIA tradicional, é preciso ver nesta ideia da representação das mônadas algo positivo, que quase não tinha exercido uma influência até aqui na filosofia. GA24MAC: §15

Existência e presença à vista são mais disparatadas do que, por exemplo, as determinações do ser de Deus e do ser do homem na ONTOLOGIA tradicional, uma vez que esses dois entes continuam sendo sempre concebidos como algo presente à vista. GA24MAC: §15

De maneira correspondente à posição fundamental, na qual o “é” é alcançado, no logos, no enunciado, e de acordo com o traço do desenvolvimento do problema na ONTOLOGIA antiga, tratou-se esse “é” como cópula na ciência do logos, na lógica. GA24MAC: §15

Somente Kant restitui uma vez mais à lógica a função filosófica central, ainda que isso aconteça com certeza em parte às custas da ONTOLOGIA e, sobretudo, sem a tentativa de arrancar a assim chamada lógica escolástica de sua exteriorização e de seu vazio. GA24MAC: §15

O problema não sai do lugar enquanto a própria lógica não é retomada uma vez mais no interior da ONTOLOGIA, isto é, enquanto Hegel, que dissolveu inversamente a ONTOLOGIA na lógica, não for concebido, o que significa sempre enquanto ele não for superado e apropriado por meio da radicalização do questionamento. GA24MAC: §15

Nesta questão esconde-se o seguinte problema: Como é possível uma ONTOLOGIA como ciência? GA24MAC: §15

Cima observação sobre o juízo negativo, porém, é capaz de mostrar o quão intensamente Lotze toma o “é” como cópula, isto é, o quão intensamente ele a compreende tal como Kant enquanto um conceito de ligação: S não é P, esta é desde o Sofista de Platão uma dificuldade fundamental da lógica e da ONTOLOGIA. GA24MAC: §15

Vimos no transcurso de nossas considerações que, na filosofia, mesmo lá onde ela se mostra como ONTOLOGIA aparentemente de maneira primária e única, o retorno ao noûs, ao espírito, à [325] psyche, à alma, ao logos, à razão, à res cogitans, à consciência, ao eu, ao espírito é realizado – que todo esclarecimento do ser em um sentido qualquer se orienta por este ente. GA24MAC: §18

Nós caracterizamos, por isso, a analítica ontológica preparatória do ser-aí como ONTOLOGIA fundamental. GA24MAC: §18

Ela só pode ser preparatória porque apenas se dispõe a conquistar o fundamento para uma ONTOLOGIA radical. GA24MAC: §18

Por conta desse fator, ela precisa ser repetida depois da exposição do sentido do ser e do horizonte da ONTOLOGIA em um nível mais elevado. GA24MAC: §18

Por meio da ONTOLOGIA fundamental que tem o ser-aí por tema ontológico, o ente que nós mesmos somos ganha o centro da problemática filosófica. GA24MAC: §18

Aqui só pode estar em questão uma orientação sobre o problema fundamental da ONTOLOGIA. GA24MAC: §18

Com a possibilidade de uma realização suficientemente clara desta diferenciação entre ser e ente e, por conseguinte, com a possibilidade da realização do ultrapassamento da consideração ôntica do ente em relação à tematização ontológica, surge e decai a possibilidade da ONTOLOGIA, isto é, da filosofia enquanto ciência. GA24MAC: Capítulo 1

A temporalidade assume a possibilitação da compreensão de ser e, com isso, a possibilitaçáo da interpretação temática do ser e de sua [333] articulação e modos múltiplos, isto é, a possibilitação da ONTOLOGIA. GA24MAC: Capítulo 1

Ele designa a temporalidade na medida em que ela mesma é transformada em tema como condição de possibilidade da compreensão de ser e da ONTOLOGIA enquanto tal. GA24MAC: Capítulo 1

Ao mesmo tempo, compreenderemos em que medida a ONTOLOGIA, uma vez que transforma o ser em tema, é uma ciência transcendental. GA24MAC: §19

O que se mostra aqui em uma região teórica da ONTOLOGIA configurada é uma determinação universal do próprio ser-aí, o fato de ele possuir a tendência para se compreender primariamente a partir das coisas e de haurir o conceito do ser a partir do ente presente à vista. GA24MAC: §19

Em que medida o tempo enquanto temporalidade é o horizonte para a compreensão explícita do ser enquanto tal, uma vez que ele deve ser tema da ciência da ONTOLOGIA, isto é, da filosofia científica? GA24MAC: §19

Compreensão de ser e, com isso, formação dessa compreensão na ONTOLOGIA, e, assim, filosofia científica: tudo isto deve ser mostrado em sua possibilidade temporal. GA24MAC: §20

À experiência do ente não pertence nenhuma ONTOLOGIA explícita, mas é antes por outro lado a compreensão de ser em geral no sentido preconceitual a condição para que ela possa ser em geral objetivada, ou seja, tematizada. GA24MAC: §20

Na objetivação do ser enquanto tal realiza-se o ato fundamental, no qual se constitui a ONTOLOGIA [408] como ciência. GA24MAC: §20

Se o ser deve ser objetivado – se a compreensão de ser deve ser possível no sentido da ONTOLOGIA –, se deve haver efetivamente filosofia, então precisa ser projetado no projeto expresso aquilo com vistas ao que a compreensão de ser enquanto compreender já projetou o ser. GA24MAC: §20

Nossa interpretação da ONTOLOGIA antiga e de seu fio condutor parece ser arbitrária. GA24MAC: §20

Por essa razão, a realização expressa também não é nada [464] de arbitrário e de incidental, na medida em que se funda na existência do ser-aí, mas um comportamento fundamental do ser-aí, no qual a ONTOLOGIA, isto é, a filosofia é constituída como ciência. GA24MAC: §22

Isto não significa, porém, que elas já se estendem explicitamente até o interior da região da ONTOLOGIA. GA24MAC: §22

Já o ato fundamental da constituição da ONTOLOGIA, isto é, da filosofia, a objetivação do ser, ou seja, o projeto do ser com vistas ao horizonte de sua compreensibilidade, e precisamente esse ato fundamental, é entregue à insegurança e corre constantemente o risco de uma inversão, porque essa objetivação do ser precisa se movimentar necessariamente em uma direção do projeto, que corre de encontro ao comportamento cotidiano em relação ao ente. GA24MAC: §22

Como o projeto temporal possibilita uma objetivação do ser e assegura uma conceptibilidade, isto é, constitui a ONTOLOGIA em geral enquanto ciência, nós denominamos essa ciência, diferentemente das ciências positivas, a ciência temporal. GA24MAC: §22

Todas as proposições da ONTOLOGIA são proposições temporiais. GA24MAC: §22

Assim, a transcendência enquanto tal no sentido interpretado é a condição mais imediata de possibilidade da compreensão de ser, o mais imediato com vistas ao que uma ONTOLOGIA tem de projetar o ser. GA24MAC: §22

Mostramos, porém, que a transcendência, por sua parte, está enraizada na temporalidade e, com isso, na temporialidade, isto é, que o tempo é o horizonte primário da ciência transcendental, da ONTOLOGIA, ou, em suma, o horizonte transcendental. GA24MAC: §22

Como a ONTOLOGIA é em seu fundamento ciência temporal, a filosofia é, no sentido bem compreendido, não no sentido simplesmente kantiano, filosofia transcendental, mas não o inverso. [ GA24MAC: §22

E somente por isso que nos deparamos na ONTOLOGIA com algo assim como o a priori: porque ela é a ciência temporial. GA24MAC: §22

Com a existência do ser-aí estabelece-se a possibilidade de dois modos fundamentais de ciência: objetivação do ente enquanto ciência positiva, objetivação do ser enquanto ciência temporial ou transcendental, ONTOLOGIA, filosofia. GA24MAC: §22

Ou bem tudo o que é ôntico é dissolvido no plano ontológico (Hegel), sem qualquer intelecção do fundamento da possibilidade da própria ONTOLOGIA; ou bem, contudo, o ontológico é em geral desconhecido e excluído onticamente, sem compreensão dos pressupostos ontológicos, que toda explicação ôntica enquanto tal já abriga em si. GA24MAC: §22

Esta dupla insegurança, que atravessa toda a tradição filosófica até aqui, pelo lado do ontológico, tanto quanto pelo lado do ôntico, isto é, a falta de uma compreensão radicalmente fundada do problema, sempre impediu também uma vez mais a segurança e a elaboração do método da ONTOLOGIA, isto é, da filosofia científica, ou sempre desfigurou os primeiros passos autênticos conquistados. GA24MAC: §22

O método da ONTOLOGIA, porém, como método não é outra coisa senão a sequência no acesso ao ser enquanto tal e a elaboração de suas estruturas. GA24MAC: §22

Nós denominamos esse método [476] da ONTOLOGIA a fenomenologia. GA24MAC: §22

Dito mais exatamente, a pesquisa fenomenológica é o empenho expresso pelo método da ONTOLOGIA. GA24MAC: §22


Submitted on 28.08.2021 17:42
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